Capítulo 1 - Conhecendo minha história

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Eu corri por séculos, até encontrar uma
alma que me passasse a sensação
de casa... Eu acho que posso te
agradecer por ser minha casa





Narrado em 3º Pessoa
Segunda-feira, 23 de Novembro de 2020
Copenhague, Dinamarca

Helena estava assustada, na verdade, assustada era pouco para definir tudo oque a garota sentia por dentro. Tudo, definitivamente tudo, tinha mudado na vida dela em questão de uma semana, afinal, sua mãe havia mentido sobre a outra parte da sua história, sua parte paterna.

Sofreu abusos psicológicos desde que se entendia por gente, mesmo que só tivesse entendido o real sentido dessa palavra depois que cresceu. Então, desconfiança era um de seus pontos fortes, sua educação foi feita inteiramente dentro de casa e por anos tudo oque conhecia do mundo era resumido ao seu quintal, quando criança achava incrível, porque que criança não acharia perfeito ter tudo oque queria e bem entendia? Porém, Lizbe, sua mãe, a dava tudo com a desculpa de que se ela tivesse tudo, não precisaria sair de casa.

Helena não saiu de casa até completar dez anos de idade, no exato dia vinte e cinco de dezembro, seu aniversário. Hoje com quatorze anos, prestes a completar quinze anos, a garota estava no abrigo que vem ficando há uma semana, muito próxima de conhecer seu pai.

Estava brincando com as mangas de pelinhos do seu moletom branco, achando cada fiapo daquele tão interessante quanto qualquer outra coisa na sala em que estava sozinha. A paisagem pela janela não era nada interessante. Tudo era entediante perante a ansiedade que pulsava em cada veia do corpo pequeno.

Se pudéssemos descrever Helena em suas características físicas, seus cabelos castanhos em tamanho médio, os olhos também castanhos e que eram sempre levemente arregalados, junto com as bochechas rosadas e rechonchudas, além da pele branca de fundo rosado, eram as características principais. Mas em seu jeito? Ah... esse era um tanto quanto complicado de se descrever, ninguém além de sua mãe poderia responder, e Lizbe não queria ver Helena nem pintada de ouro em sua frente. Se a garota fez algo que justificasse tamanha aversão ao simples fato da sua presença? Não. Lizbe odiava o fato que teria Jules presente outra vez. Se Jules fez algo que justificasse tamanha aversão ao simples fato da sua presença? Também não.

Jules Bianchi não pregava os olhos por mais de uma hora seguida desde que descobriu que alguém em algum lugar desse mundo, mais especificamente em Copenhague, na Dinamarca, carregava seu sangue, e que tal pessoa assim como ele à essa mesma uma semana não sabia de sua existência como ele não sabia a dela.

Ter família de sangue, ter alguém que saiu de si, ter uma filha, foi o maior choque que Jules já passou na vida e por mais que não quisesse, se pegou pensando em seu acidente de 2014, pensando que poderia ter morrido sem chamar sua menina de filha ou sem ser chamado de papai por ela. Chorava todas às vezes que se lembrava de que não acompanhou nada da vida de Helena, não a viu engatinhar, andar, balbuciar suas primeiras coisas desconexas e muito menos suas primeiras palavras, não lhe deu papinhas horríveis de bebês ou teve que se preocupar se o leite da mamadeira estava na temperatura ideal, não lhe ensinou a andar de kart e muito menos lhe levou em suas corridas, se tornou pai aos dezesseis anos mas ao menos soube disso. É pai de uma garota de quatorze anos e está em êxtase.

Pegou um voo assim que conseguiu e foi de Mônaco até Copenhague roendo as unhas ou fazendo qualquer coisa que por milésimos lhe distraísse de sua ansiedade.

— Seja bem-vindo, senhor Bianchi! – Um homem de idade saudou Jules assim que abriu a porta do abrigo para menores.

— Olá, muito obrigado! – Estava agoniado, queria ver Helena.

Un Regard | Arthur Leclercजहाँ कहानियाँ रहती हैं। अभी खोजें