Capítulo 4 - Família de três

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Família significa que não importa
onde você esteja, sempre
vai ter para onde voltar





Helena Bianchi
Quarta-feira, 25 de Novembro de 2020
Milão, Itália | Maranello, Itália

— Charles, Helena, cadê vocês? – Papai saiu nos chamando pela loja.

— Tô sem forças até para falar. – Tio Charles resmungou e teatralmente se jogou no chão. – Estamos andando desde às nove da manhã aqui em Milão, isso porque saímos às cinco de Monte Carlo, já são quatro e meia da tarde e ainda temos que pegar duas horas e quatorze minutos de carro até Maranello para ter uma reunião, eu sinceramente sou um velho encarnado no corpo de um jovem. – Ele suspirou.

— Eu quero doce, depois que provei sorvete, não quero parar! – Tio Charles riu.

— Mandei deixarem algumas comidas para você em uma das salas, com um simulador também. – Eu sorri.

Antes que eu respondesse, papai nos achou e saímos daquela loja, indo para a última, a de eletrônicos. Eu fiquei com o tio Charles na porta, porque estávamos cheios de sacola e papai só voltou para perguntar a cor que eu queria das coisas.

— Comprei um notebook, um tablet, uma capa e uma caneta para o tablet, um computador de mesa, um fone de ouvido grande e um pequeno, airtag para você saber onde estamos e nós sabermos onde você está, um relógio, carregador portátil, celular e capa para o celular. – Papai falou, mas parecia que estava falando sozinho. – Acho que foi tudo.

— O que eu faço com esse tanto de coisa? – Perguntei para o tio Charles.

— Eu comprei um videogame e as coisas do simulador, alguém vai lá na tua casa em janeiro para poder montar! – Ele se joga na conversa e falas estranhas do papai.

— Pela minha santa paciência, os dois estão louquinhos.

Um tempo depois, faltando cerca de quinze minutos para as cinco da tarde, nós já estávamos no carro a caminho de Maranello. Papai estava dirigindo, tio Charles e eu atrás, se estapeando para conseguir comer o último bolinho de chocolate.

— PELO AMOR DA MINHA SANTA FERRARI, VOCÊS DOIS TÃO COM FORMIGA SOCADA NO MEIO DO CU? – Tio Charles começou a rir e eu fiquei confusa.

— O que é cu? – Minha pergunta fez o Leclerc rir mais, enquanto papai começava a tossir, talvez engasgado com a própria saliva.

— Cu? Cu é... Charles me ajuda!

Tio Charles passou a próxima meia hora rindo, papai desesperado sem saber explicar o'que era o misterioso cu e eu sem entender nada. Faltando pouco menos de vinte minutos para chegar na fábrica da Ferrari, eu estava deitada no colo do tio Charles, assistindo desenho pelo celular dele, completamente entretida com um tal de Relâmpago McQueen.

— Chegamos! – Papai anunciou.

Me espreguicei e estralei minhas costas, depois peguei um moletom que estava jogado no banco do passageiro e vesti por cima do vestido que estava usando.

Papai travou o carro e segurou minha mão, começando a andar enquanto o tio Charles subia o capuz do moletom.

— Tem imprensa lá na frente, melhor você usar, Mascotinha. – Eu assenti.

Nos aproximamos mais dos repórteres, papai fez tio Charles ficar na frente, me colocou entre eles.

— Abrace Charles por trás e qualquer coisa esconda seu rosto nas costas dele, pode ser, Mascotinha? – Assenti. – Só vai aparecer para eles ou falar também, quando se sentir confortável.

Un Regard | Arthur LeclercDonde viven las historias. Descúbrelo ahora