Capítulo 24 - Portugal Version

1.8K 203 76
                                    

Tu es a melhor
a pista te chama





Helena Bianchi Leclerc
Domingo, 17 de março de 2024
Autódromo Internacional do Algarve — Portimão, Portugal

Estacionei a Porsche GT3 RS e tive a vontade de rir  pelas expressões das pessoas ao ver o tanto de Ferrari, Mercedes e McLaren chegando ao mesmo tempo, esse grupo sabe chamar a atenção quando quer.

— Precisava mesmo vir um em cada carro? — Perguntei a eles e Hamilton riu.

— Querida, queremos causar! — O moreno passou o braço por cima de meus ombros e me olhou pela parte de cima dos seus óculos.

— Conseguiram! Está todo mundo olhando. — Ri baixinho enquanto pegava a coleira de Roscoe e a de Brita.

— Você chama a atenção só por ser quem é, a gente é bônus. — Papai deu de ombros.

Todo mundo passou pela catraca e fomos direto para o paddock, estava com tanta saudade de competir mesmo que tivesse tido treinos na semana anterior.

— Senhorita Bianchi? — Olhei para John, o chefe de equipe e sorri, apertando a mão que ele estendeu. — Todos estamos felizes de tê-la conosco, mesmo que por temporada única.

— John, é muito bom vê-lo mais uma vez! O contrato tem a opção de renovação, veremos com as coisas vão sair. — Ele assentiu.

— A garagem vai estar movimentada hoje. — Ele indicou os pilotos atrás de mim e eu ri.

— A gente não vai fazer bagunça, só eu, o Charles e o Arthur vamos ficar na garagem, o restante vai subir para o camarote. — Papai explicou e eu juro que pude ver o alívio passar pelo rosto do mais velho.

— Ontem na classificação foi mais tranquilo, não é? Eu estava sozinha e hoje trouxe esses bagunceiros. — Perguntei em alemão e o homem sorriu.

— Talvez eu tenha me assustado um pouco. — Ele respondeu em alemão.

Todo o pessoal subiu e eu entrei somente com os meus dois pais e o meu namorado, mostrei o carro e as coisas da garagem, tiramos algumas fotos e eu me apressei em fazer toda a preparação para a corrida.

— Filha? Tá bem? — Sorri para papai.

— Eu tô nervosa, papa! — Respirei fundo. — É tudo novo para mim e meus resultados nos treinos não foram tão bons assim, vou largar em sexto. — Falei tudo muito rápido.

— Você é boa no que faz, confie nisso e as coisas vão dar certo. — Ele me puxou para os seus braços e eu me aninhei neles.

— Vai ficar tudo bem, mascotinha, a gente tá aqui, torcendo muito por você! — Senti os dedos de Charles fazerem um carinho suave em minha bochecha.

— E infartando também, mas isso é detalhe! — A voz de Arthur soou brincalhona e eu sabia que ele estava tentando fazer graça para aliviar a minha tensão.

Me afastei dos meus pais e me afundei nos braços de Arthur, aspirando o cheiro do seu perfume e sentindo parte da ansiedade se dissipar. Ele me apertou em seu abraço, fazendo um carinho leve nos meus cabelos.

— Ainda vai me amar e torcer por mim mesmo que eu não ganhe hoje? — Senti o peito de Arthur tremer em uma risada.

— Eu te amaria mesmo que fosse uma barata sem patas e antenas! — Ele nos afastou, apenas o suficiente para deixar um selinho rápido em meus lábios. — Vá lá e faça o seu melhor, estarei aqui independente do resultado.

Sorri boba e tinha a certeza de que meus olhos estavam brilhando. Eu definitivamente amo esse garoto mais do que consigo ter a noção.

Terminei de me preparar, colocando o capacete e seguindo para o carro, ouvindo as orientações finais dos engenheiros de equipe.

— Rádio check! — A voz do engenheiro soou em meus ouvidos.

— Copy! — Respondi.

— Boa corrida, qualquer coisa, sabe o botão que tem que apertar. — Eu assenti, mesmo que ele não pudesse ver.

— Tudo bem. — Respondi quando percebi o que tinha feito.

A ordem para a volta de apresentação foi dada e todos seguimos fazendo o zigue-zague, parando em suas devidas posições de largada.

Apertei o volante com certa força e, quando as luzes vermelhas se apagaram, acelerei com tudo o que podia. Logo após a Chicane composta pelas curvas 1, 2 e 3, na pequena reta antes da curva 4, senti um toque na minha traseira.

— Porra! — Esbravejei no fone.

— Está sendo investigado, corte todos por fora e passe para a quarta posição.

A troca de posições durante a corrida foi grande, já que é uma prova de 66 voltas e as coisas ainda estavam se definindo com os carros. Acabei conseguindo o pódio na última volta, com certo custo porque estavam fazendo meu carro de saco de pancadas.

— Quer bater em algo ou alguém? — Ouvi a voz de Arthur do meu lado e assenti. — Vai ficar tudo bem, amor e, se não ficar, a gente dá um jeito.

— Porra... os outros pilotos parecem que me odeiam! — Engoli em seco. — Até o meu companheiro de equipe! — Falei com a voz carregada de frustração.

— Você teve a sorte de ter companheiros bons lá no Brasil, mas, amor, nem sempre vai ser assim.

— Odeio todos eles. — Fiz birra e Arthur riu.

— Se você odeia, eu também odeio, é a regra! — Ele me beijou.

Sai com Arthur do motor home e seguimos até a saída do circuito, ele dirigiu na volta e fomos direto para o restaurante, onde toda a minha família e amigos me fizeram tirar o peso da frustração do que teria que enfrentar.

Un Regard | Arthur LeclercOnde histórias criam vida. Descubra agora