Un Regard | Arthur Leclerc

Capítulo 18 - Monza

Há coisas nessa vida
que só se pode
viver na Italia

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Helena Bianchi Leclerc
Domingo, 03 de Setembro de 2023
Circuito de Monza, Monza — Italia

Ajustei a trava jugular antes de sair do banheiro. Comecei a caminhar pelo circuito de Monza, nervosa pelo que viria a seguir e também rezando para que meus três meses de treino resultassem em algo bom, pelo menos repetisse a mesma qualidade de Interlagos.

Era engraçado ver a confusão estampada nos rostos das pessoas por onde eu passava, sabiam que não era nenhum dos dois pilotos da scuderia, a estatura não deixava dúvidas, então claramente se perguntavam quem era a pessoa dentro daquele macacão de corrida.

Na entrada do pitlane para a pista, eu me segurei para não correr até George, Lando, Max e Lewis que me olhavam com caretas muito engraçadas, mas eu precisava manter a surpresa intacta. Fui andando boa parte da reta do box, até encontrar Jorris e Andrea parados de pé ao lado do SF-23.

— Tá pronta? — Olhei para Tio Andrea.

— Sim, espero que dê certo. — Minha voz saiu abafada devido ao capacete.

— Deixa eu te ajudar a entrar. — Parei ao lado do Jorris e ele segurou minha mão.

Entrei no carro, ajustei o cinto e o volante no lugar, peguei as luvas que Jorris me estendeu e coloquei.

— JORRIS, ANDREA! — Ouvi a voz de papai Jules. — Quem é essa pessoa? Por que tá com o nosso carro?

Senti um nó se formar em minha garganta, queria descer e ir abraçar ele, desistir dessa ideia de surpresa, mas tinha sudo muita burocracia para conseguir estar aqui, vestida com eu tô e poder pilotar esse carro, então apesar da saudade, eu tinha que me segurar.

— Piloto da FDA que foi escolhido para uma volta de apresentação. — Tio Andrea berrou de volta.

— Eles vão surtar quando você tirar o capacete. — Gargalhei e assenti. — Acabaram de me passar aqui no fone que tá autorizado, eu e o Andrea vamos sair, então... boa sorte, Mascotinha! — Jorris falou já saindo de perto e levando Andrea junto.

Respirei fundo, liguei o motor e a bandeirada quadriculada a minha frente foi a deixa para que eu acelerasse.

Fiz a primeira curva e voltei a acelerar após sair dela. Ao final da primeira volta, quando eu já estava com os pneus aquecidos, foi que verdadeiramente acelerei.

O peso de pilotar um carro de fórmula 1 era muito diferente de tudo que eu já senti nessa vida, a força da gravidade que agia ali era surreal e só agora eu entendia verdadeiramente os treinos absurdos que pilotos dessa categoria tinham que fazer.

Mas sabia que apesar do esforço eu estava conseguindo fazer bem os traçados da pista, então o mantive assim até completar as dez voltas.

Parei o carro e tirei o volante antes de sair com a ajuda de Andrea e Jorris que já tinham se aproximado outra vez.

— Eles estão que nem malucos querendo saber o nome desse suposto piloto novato da FDA que levou o carro deles para a pista em Monza. — Jorris confessou e eu gargalhei junto com ele.

— Os outros pilotos também. — Andrea confessou.

— Tá na hora né? — Perguntei e os dois assentiram.

Eles ficaram na minha frente e de costas para os pilotos. Tirei o capacete, a balaclava, coloquei minhas pulseiras, o colar que dividia com Paul e Ollie, o colar com a letra A e a aliança no dedo anelar direito. Ajeitei meus cabelos antes de levantar minha cabeça e pedir para eles saírem da frente.