eu não te odeio

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POV YEJI

No dia seguinte da festa, fui pra escola com Yuna. Não lembrava de tudo que Ryujin tinha me xingado, mas lembrava o pior.

Quando chegamos no colégio, fui direto pra minha sala. Sabia que Ryujin estaria me esperando em meu armário, então fui direto pra sala, o que me impediria de cruzar com a morena no caminho.

Correção: o que não me impediu de cruzar com a morena no caminho.

Vi Ryujin aos beijos com uma garota de cabelos cor de rosa apoiada em um dos armários, sem vergonha e timidez. Não, ela não estava me esperando no meu armário.

-Mas é muito cara de pau... - Murmuro pra mim mesma enquanto passo por ela, que nem nota minha presença.

QUEBRA DE TEMPO

Na hora do ensaio da banda, chego atrasada por conta de uma professora que inventou de dar aula por alguns minutos a mais. Entro na sala de forma desengonçada e atrapalhada, rapidamente prendendo meu cabelo com uma caneta e jogando minha mochila no chão.

-Tá atrasada, Yeji. - Jihyo me repreende, mantendo o tom calmo e não muito irritado.

-Desculpa, desculpa mesmo. - Peço perdão enquanto arrumo a gola da minha blusa e ligo meu microfone.

-É que você não sabe o que é compromisso, né, Hwang? - Ryujin provoca em um tom sério e frio, claramente não falando sobre a banda.

-Ryujin, da pra parar? - Antes que eu pudesse terminar a frase, sou interrompida por Jihyo, que inicia o ensaio.

E ensaio ocorreu bem, exceto pelas provocações constantes de Ryujin, que antes eram facilmente levadas na brincadeira, mas dessa vez me chateavam de verdade.

E adivinha? Pra piorar, eu ainda tinha alguns dias de detenção pra cumprir. Ou seja, outra situação embaraçosa que eu teria que passar com Ryujin.

Entrei na sala e tentei pegar o lugar mais longe dela possível, sabendo que a morena não queria falar comigo ou olhar na minha cara.

POV RYUJIN

Ao entrar na sala, Yeji rapidamente procura o lugar mais longe de mim possível. Que caralhos? Será que não tá claro que eu quero ela perto?

Pensando bem, acho que não tá não.

Eu queria que Yeji se desculpasse. Claro que eu também devia desculpas pela forma que falei com ela, mas se ela que começou ela deve ser a primeira a pedir desculpas. E eu não ia dar o braço a torcer.

A detenção correu bem, dado as circunstâncias de estarmos ridiculamente longe uma da outra. Acho que não damos certo juntas.

Demorei um pouco pra sair quando tudo acabou, querendo ser a última a sair na esperança de não trombar com Yeji.

Quando sai do colégio, o sol já estava dizendo adeus. Olhei pro lado e vi Yeji agachada. Não entendi do que se tratava, até ver um gatinho recebendo carícias da ruiva. Ela usava uma voz manhosa e ridiculamente fina pra falar com o animal, que parecia gostar das carícias e atenção da mais velha.

Passei por ela e, sem hesitação, virei para trás para vê-la novamente. Movia meus quadris sem vergonha enquanto andava, querendo provocar a mais velha - e conseguindo, conheço aquela cara.

Ela tenta ignorar e manter os olhos no animal de pelos rajados, mas seus olhos insistiam em voltar de encontro aos meus ou ao meu corpo. Eu sabia que tinha um corpão, e ela sabia também. E como sabia.

Andei em direção ao meu carro e tive que resistir oferecer carona. Eu não podia dar o braço a torcer. Mas a casa dela era meio longe, e creio que o irmão dela não a buscaria uma hora dessa.

-Ei, Hwang. - Digo em um tom alto para a mesma ouvir, já que estava longe. Não resisti. - Não quer carona? - Disse em um tom ansioso, sem saber se estava fazendo o certo.

Eu sabia que acabaria tentando algo no momento em que as portas se fechassem.

-Pode ser... - Yeji diz meio hesitante, levantando devagar enquanto o animal ia embora serenamente.

Ela caminha devagar, segurando sua mochila em um ombro só enquanto olhava para os lados e pra trás, tentando não olhar pra mim.

Abro a porta e deixo que ela entre primeiro, fechando e imediatamente indo em direção ao outro lado do carro. Sentando, então, no banco do motorista.

Meu carro era antigo, mas estava em perfeito estado. Tinha certeza de que eu conseguiria a placa preta dele um dia.

-Cinto, ruiva. - Digo em um tom meio frio, não colocando cinto de segurança mas obrigando a ruiva a colocar.

Ela revira os olhos, sem querer arrumar briga comigo agora. Ela coloca o cinto de segurança e começo a dirigir.

Noto seus olhos em minhas mãos enquanto eu dirigia habilidosamente com uma mão e ponderava a outra em minha própria coxa. Eu não dirigia devagar, com certeza não, mas respeitava todas as leis de trânsito.

As vezes eu fazia curvas e manobras só pra notar seus olhos em minhas mãos mais um pouco. Usava os caminhos mais longos para manter a ruiva comigo por mais tempo.

Quando chegamos em sua casa e eu estaciono, a mesma começa a falar pela primeira vez desde o começo da viagem. - Ryujin, eu... - Ela começa, mas eu a interrompo.

-Yeji, não. Não começa, você sabe que não é uma boa hora. - Digo friamente, mantendo ambas as mãos no volante para não tocarem na ruiva por conta própria.

-Mas, Ryujin... - Ela diz em um tom manhoso.

-Yeji, entra. - Ordeno, finalmente olhando em seus olhos. Ela engole á seco e assente com a cabeça, saindo do carro e entrando em casa. Mas não antes de virar pra mim de novo pra ver se eu ainda estava lá.

Óbvio que eu estava, não sairia enquanto ela não entrasse em casa.

AÇÚCAR COM PIMENTA - ryeji Where stories live. Discover now