capítulo 08; i just wanted you to know

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10:00 PM

Assim que o uber para na frente da boate um calafrio percorre pelo meu corpo. Desço do carro e seguro na mão de Aurora.

— Aurora, eles não podem saber que estamos aqui. Então, vamos tomar o maior cuidado. — Explico. —
— Eu sei, não vamos encontrá-los. Relaxa.

Seguimos para a fila e assim que chega a nossa vez, o segurança encara meus peitos. Como eu tinha dito, basta colocar um decote e pronto. Você entra mesmo sendo menor de idade. Que nojo. O sujeito libera nós duas e seguimos para dentro da boate.

— Esse lugar está lotado. — Grito para que Aurora me escute. —
— Vai ser difícil esbarrar em um deles. Que sorte!
— Vem, vamos para o bar.
— Nós nem bebemos. — Aurora me lembra. —
— Calma, é só um energético.

Caminhamos em direção a ilha de bebidas e pedimos para o barman dois copos de energético. Consigo sentir os olhares maldosos dos caras que estão a nossa volta. Um deles se aproxima e senta do meu lado.

— Boa noite, posso te pagar um drink? — O cara estranho pergunta. —
— Não estou bebendo hoje, obrigada. — Respondo seca e me viro para Aurora.  —
— Quer dançar? — Aurora pergunta. —
— É uma boa ideia, vamos. — Largo meu copo sobre a ilha e vou com Aurora para a pista de dança. —

Church de Chase Atlantic começa a tocar e logo me animo. Começo a dançar como se não existisse ninguém além de mim e Aurora nessa pista. A música me envolve de uma maneira inexplicável. Estou imersa em meu próprio mundo que só noto as mãos de alguém sobre meu corpo depois de alguns minutos. Me assusto e encaro a pessoa que estava me tocando.

— Ei! Eu não te dei permissão para me tocar. — Esbravejo com o desconhecido. —
— Desculpa, meu bem. Não tive a intenção de incomodá-la. — O sem noção sorri. —
— Então não deveria ter colocado essas mãos em mim.
— Retruco. —
— Aí! — O cara debocha. —
— Qual é a graça? — Pergunto confusa. —
— Nenhuma. Só estou me perguntando o que você está fazendo aqui sozinha. Está perdida, princesa? — Ele se aproxima. Não gosto disso. —
— Não estou perdida e muito menos sozinha.
— Pelo visto está sozinha sim. Para sua sorte, estou disponível para ajudá-la encontrar o caminho de casa. — O cara se aproxima mais ainda e então chego para trás esbarrando em alguém muito alto. —

Me assusto quando olho para trás e me deparo com Apollo. Ele está bem atrás de mim, com o corpo colado ao meu e fuzilando o cara com o olhar.

— Acho que a minha mulher não é da sua conta, cara. — Apollo diz em um tom sarcástico. —
— E quem me garante que você é o dono dessa boneca?
— Como é que é? Você tá surdo ou o quê? — Apollo altera seu tom de voz. —
— Só estou te fazendo uma pergunta. — O sujeito ri. — Afinal, eu a encontrei primeiro.
— Não, você não encontrou nada. Acho bom você cair o fora daqui e parar de encher o saco.
— Apollo... — Sussurro seu nome para que ele termine isso o mais rápido possível. —
— Ela te chama pelo nome. Tem certeza que é sua mulher? — O cara ri. —

Sinto Apollo envolver seu braço em minha cintura me puxando para mais perto de seu corpo. Estamos bem próximos. Consigo sentir seu coração bater mais rápido do que o normal. Por mais que eu esteja com medo do desfecho dessa situação, estou amando tê-lo tão perto.

— Vou repetir mais uma vez e espero que você escute. A minha mulher não é dá sua conta. Se eu ver você tentando qualquer gracinha com ela, juro por Deus! Reparto a sua cara em duas no chão dessa boate. — Apollo praticamente grita com o desconhecido. —
— Está bem cara. Perdão. — O cara finalmente se toca e cai na história de Apollo. —
— Você tem que pedir perdão é para ela, filho da puta. — Apollo me aperta mais contra o seu corpo. —
— Perdão, moça. Estou me retirando.

Vejo o cara sair de perto e finalmente relaxo a minha respiração. Me permito encolher nos braços de Apollo. Ficamos em silêncio por alguns segundos, apenas eu nos braços dele enquanto ele me segura. Não estou pronta para sair daqui.

— Você é maluca ou o que? — Apollo quebra o silêncio. — Que merda, Lua! Por que você veio aqui?
— Me desculpa. Não estou pronta para mais uma briga, está bem?
— Não quero brigar. Só estou te fazendo uma pergunta. — Apollo diz firme. — Cadê a Aurora?
— Ela deve ter ido ao banheiro, estávamos dançando juntas até que tudo aconteceu. Fugi um pouco da realidade.
— Bom, vamos encontrá-la então. Mas antes quero que você me responda. Por que veio até aqui?
— Eu queria me divertir! — Encaro seus olhos confusos. —
— Você não tem nem idade para estar aqui.
— Mas para ser sua mulher sim?
— Queria que eu dissesse o que para aquele pedófilo? — Apollo me puxa para mais perto de seu corpo. —
— Eu não sei... — Gaguejo. —
— Pois então. — Sinto sua mão descer para a minha cintura enquanto ele aproxima seu rosto do meu. —
— Fique tranquila, eu não sinto atração por criança. — Sussura em meu ouvido. —

Ok, isso doeu. Por que ele tem que ser tão babaca? Como consegue estragar todos os momentos bons? Eu nem sou criança! Quero gritar com ele e dar um tapa em seu rosto. Porém me contenho.

— Vamos atrás da Aurora. — É tudo o que falo. —
— Depois tenho que procurar o Jackson. Só que vou garantir que vocês tenham pegado o uber de volta para casa. E relaxa, não vou contar para ninguém que vocês estiveram aqui.
— Obrigada.

Saímos para procurar Aurora e cinco minutos depois a encontramos. Em seguida, Apollo pede o uber para nós duas e aguarda o carro chegar.

— O uber chegou. Me avise quando chegarem. — Apollo diz. —
— Está bem. Obrigada.
— Agradecemos, Apollo. — Aurora sorri. —
— Por nada, se cuidem. — Ele sorri e espera nós duas entrarmos no carro. —

Assim que entramos ele volta para a boate. Fico observando-o pela janela do carro. Quem dera se aquele diálogo fosse verdade. Eu só queria que ele soubesse o que sinto.

00:00

Chego em casa e graças a Deus, Candace e a minha mãe estão dormindo. Acho que elas viram o bilhete que deixei na mesa da cozinha. Subo para o meu quarto e vejo Perseu dormindo em sua caminha. Uma graça! Tomo um banho e escovo os dentes antes de me deitar.

O gelo é quenteWhere stories live. Discover now