i. Ela só Quer que a Espera Acabe

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me leve para casa

r u n a w a y

Era fim de semana, e a menos que sua família tivesse um compromisso que ela desconhecia, Alina não tinha qualquer obrigação de acordar cedo. Ela podia ter dormido até a hora do almoço e seus pais não teriam brigado. Ali sabia. Independente disso, fosse férias ou feriado a garota nunca ficava na cama depois do fim da madrugada, como um reloginho ela despertava e resistia ao sono. Em seu quarto não havia despertador.

Por via de regra, naquele sábado ela não decepcionou. Alina levantou zonza, seus olhos cheios de remelas e o rosto precisando de uma água gelada. Depois de arrumar sua cama e preparar seu chá, a menina sentou em sua escrivaninha.

Colocando seus cotovelos em cima da madeira, ela pode ver melhor todos os detalhes do croqui que ela tinha feito na sexta. Faltava pouco para o desenho final. Ela já tinha escolhido o tecido e feito as marcações. Se tudo desse certo, Ali ficaria agarrada na sua costura sábado e domingo direto.

Uma conhecida havia encomendado um vestido de festa para seu aniversário. Seguindo seu cronograma, Alina estava dentro do prazo, podia terminar tranquilamente a ainda acertar a costura. Além de se divertir fazendo algo que amava.

Engolindo o último pedaço do queijo quente que sua mãe tinha preparado e levado em seu quarto, ela acionou o play de uma das playlist de música de seu celular. Ah, ela vivia e era movida por música. Ao som de um eletrizante comeback do Imagine Dragons, ela começou seu trabalho. Cortando, juntando, pregando e costurando tecido e linha.

- Todo mundo quer ser meu inimigo, poupe a simpatia - Ali cantou um pouco fora do tom, concentrada no vestido, ela ignorou as lições de sua professora de música, ainda assim, sua voz soou encantadora. Talento era com ela mesma.

De tanto abaixar e ficar em pé, Alina não aguentou o desconforto e se deu o direito de deitar por alguns segundos. Ela precisava pôr as pernas para o alto. Pegando seu livro predileto em cima do criado-mudo ela abriu sua edição de colecionador de Acomaf. Folheando até seu momento favorito: a Queda das Estrelas. Ela lia e relia aquela parte, uma ou três vezes por dia. Ainda não tinha gravado na cabeça, mas não estava longe.

Quando terminou, a garota não resistiu e foi direito para sua segunda parte favorita, o capítulo 54: depois de uma festa de gala tudo que Alina queria era tomar uma sopa com torrada... O sumário já dizia, depois do 54 é a vez do 55. Embora Ali soubesse por cima o que acontecia no capítulo mais conhecido e piada interna de todo fandom de Acotar, ela lidava bem com a curiosidade.

Todas às vezes que lia o relato do Rhys, seus olhos lacrimejavam. Com city of angels explodindo em seus fones de ouvido, o coração de Alina se aquecia. A vontade de guarda-lo em um potinho era grande, mas o medo dele morrer sufocado era maior ainda. Ali não podia arriscar, até porquê agora ele era um pai de família.

Depois de largar Corte de Névoa e Fúria, ela agarrou o livro da irmã Valquíria.

Como a romântica que era, Ali tinha marcado com um papel adesivo todas as páginas em que o bebê Nyx aparecia ou era mencionado. A garota se derretia lendo sobre a relação do círculo íntimo com o morceguinho, secretamente ela se achava uma madrinha da criança. Mesmo que soubesse que a competição seria no mínimo sangrenta: uma dragoa viciada em coisas brilhantes, uma valquíria fanática por livros hot e a tia rica que é quase uma Becky Bloom. Com a planta ela se garantia, mas com o resto delas, ela não chegava nem perto. Quem precisa ter o título de dinda não é mesmo?

Ainda pensando no filho de Feysand, ela se levantou, e sorrindo de lado voltou a sua costura.

Ele seria um garoto de sorte, com uma família linda e um kit próprio de asas.

Uma Corte de Estrelas CadentesOnde histórias criam vida. Descubra agora