Part 17 - tem que ser mentira!

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A Kethllyn depois de arrumar tudo pra mim, foi embora. Heloísa foi dormir na casa dela, pois teria de trabalhar amanhã de qualquer jeito. No fim, fiquei sozinha no quarto com somente um abajur para iluminar. Sem sono, fiquei olhando o teto e contando os bipis do aparelho.

Se ele existisse, onde estaria agora? Preciso agradecer, por que depois da aquele sonho, nunca mais o vi. Estou mais aliviada. Tenho medo que ele venha a fazer algo com a Heloísa, com o Loki ou com alguém da minha família. Talvez eu devesse seguir as palavras da menina que dizia ser meu anjo. Talvez seja, ou talvez não. Mas gosto de acreditar que ela é do bem.

- acordada? - pulei ao ouvir sua voz no meu ouvido. Inconscientemente, meu corpo começou a tremer e os bipis aumentaram muito. Fechei os olhos e apertei o lençol da cama com força. Não, de novo não.
-baby, pra que tanto medo? Eu não faria nada pra você...- ele deu uma pausa e senti sua respiração no meu pescoço- a não ser, que queira....- seus lábios frios relaram na minha pele e rapidamente me esquivei. Apertei mais os olhos. Ouvi um risinho de deboche. Aí que raiva!
-faz tempo que está dormindo. Queria ouvir sua voz...- ele falou já mais afastado com a voz mais alta. Me virei e me encolhi segurando os joelhos com os braços. Ainda com os olhos fechados. Ele está aqui.
- oh! Desculpe, baby! Vamos, não se faça de vítima, não é tão difícil abrir os olhos!- ele falava e de repente senti sua mão tocar meu cabelo. Tentei me afastar, mas a cama era muito pequena. Um nó se formou na minha garganta, e minhas mãos perdiam a força.
- Natália! Se você não se comportar direito, seu precioso gato, eca! Vai morrer!- quando ele terminou, sem pensar abri os olhos e levantei meu olhar, ele estava sentado na cadeira ao meu lado me olhando com um sorriso malicioso. Senti um arrepio, o que o fez rir.
- muito bem... que saudade!- ele disse com os braços apoiados na maca, com a cabeça em cima dos braços, deixando nossos rostos próximos. Aquilo me dava aflição, eu queria fugir mas nem encontrava forças pra segurar meus joelhos.
- pelo visto, você não vai falar...- ele disse, senti o cheiro de seu hálito de álcool.- então, falo eu! Eu tive uma semana muito ruim, entende?- ele disse fechando os olhos.
Acho que eu nem respirava, os bipis enchiam o quarto freneticamente.
- aí eu me lembrei de você, baby! Tenho tantas saudades, quero poder te sentir novamente...

OI?! NÃO!!!!!!

Me mexi tentando levantar o mais rápido possível. A agulha no meu braço se mexeu e acabou estourando uma veia. O sangue vazou um pouco, e rapidamente tirei a agulha que já me doía.
Suas mãos agarraram meus pulsos, e parei na hora. Fiquei gelada, tal como o seu toque.
- onde pensa que vai?- perguntou sorrindo. Cínico.
Suas mãos apertavam meus pulsos, quanto mais eu me debatida. Claro que logo as lágrimas chegaram.
- você sempre chora. Que saco! Por que não esquece um pouco o antes e vive o agora... comigo!- ele disse me soltando. Olhei meus pulsos e já observei a marca dos seus dedos.
- não... d-da. Pr-pra esquecer.....- falei chorando. A vontade de abrir os cortes me veio na cabeça. Eu sentia eles latejarem, pedindo por isso por debaixo das faixas e curativos.
- acredite em mim, eu gosto de você, vivi minha vida atrás de você, sei tudo de você! Por que não confia em mim?

Sério isso? Confiar? Nele?
De repente senti uma vontade enorme de o matar.
-vo-você me vio...violou!- tentei falar mas o nó na garganta ainda me impedia. Meu corpo tremia e os bipis aumentavam e diminuíam como se meu coração parasse.
-aquilo foi um erro. O que eu quero agora é pra valer.

Meu choro aumentou somente por pensar na ideia dele me violando novamente. Baixei a cabeça e foquei meu olhar nos meus cortes. A lembrança da causa dos cortes me veio. Senti ele sentar na cama.
Tenho que sair da qui. Agora!

Coloquei as pernas pra fora da cama, mas logo suas mãos seguraram minha cintura e me puxaram pra traz. Tentei me soltar, mas o máximo que conseguia era arranha- lo.
- baby, eu vou devagar. Não se preocupe. - ele disse no meu ouvido, e depois mordeu minha orelha. Congelei, meu coração congelou.

Your DemonOù les histoires vivent. Découvrez maintenant