Part 39 - a dor da perda

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Heloísa Pov on.


Eu sei que é errado ficar como estou agora, mas tudo nessa casa me lembra meu pai, cada detalhe. É inevitável não pensar nele,  e pensando nele, fico triste. Natália me conhece bem, percebeu que eu tenho algo. Eu devia falar com ela, falar o que sinto, mas é difícil. Falar abertamente sobre esse assunto é bem triste. 

Sair de casa foi bom. Rir com minha amiga, brincar, esquecer os problemas. Queria que fosse assim sempre, mas nada é perfeito.

- Helo?- Nath me chama atenção. Paro e sinto um arrepio ao pensar em ficar ao lado do quarto do meu pai. Natália tinha uma expressão séria, posso prever o assunto. A Observei com cuidado, esperando ela continuar. 

- minha ruiva, o que você tem? Depois que entrou nessa casa, você mudou. Não físicamente, mas seu jeito. Você não é como está agora. O que te preocupa?

Como eu esperava, ela percebeu minha mudança. Penso em mil maneiras diferentes de começar a falar mas nada sai, apenas lágrimas. Abaixo a cabeça e coloco as mãos no rosto, não gosto de chorar perto das pessoas. Eu sentia como se tudo se voltasse contra mim, e as lágrimas fossem uma forma de aliviar o peso em minhas costas. Eu simplesmente precisava chorar. Sinto o abraço quente de Nath em mim, a abraço de volta e aperto mais e mais. Meu coração partido parece querer se consertar. Continuo chorando. 

- está tudo bem... Não precisa falar disso se não quiser.- ela falou baixo. Sua voz doce me lembrou meu pai, me apoiando, me encorajando. Sempre ao meu lado. Eu não sabia o que dizer, apenas chorava e me libertava de todos os sentimentos ruins dentro do meu coração.


Natália pov on.


Eu a abraçava e ela continuava sem dizer nada. As vezes não falamos nenhuma palavra e entendemos tudo o que a outra diz. Ela chorava em meu ombro e me apertava, parecia querer que eu nunca mais a largasse. Um aperto enorme no meu coração se fez, ver ela assim e pensar que vou embora em algumas horas.

- Quer ir pro seu quarto, se sentar um pouco?- pergunto baixo, sei que ela não gostaria que sua mãe a visse assim. Ela fungou e assentiu, quando levantou a cabeça, seus olhos estavam vermelhos e seu rosto molhado, sorri e ela tentou fazer o mesmo. Começou a caminhar até o fim do corredor e abriu a ultima porta. Seu quarto era bonito, as paredes brancas, cortinas bege, a cama de solteiro estava toda bagunçada, tinham roupas espalhadas pelo chão. Tinham alguns porta retratos quebrados no chão, não dava pra ver que foto ele portava. Ela se deitou na cama, por cima de todos os cobertores. Me sentei aos seus pés. 

- des-desculpa a-a bagunça.- ela disse baixo e chorando.  A olhei e suspirei.

- o que aconteceu?- perguntei calma. Ela fechou os olhos e fungou mais uma vez. Não se via nenhum vestigio de seu sorriso. Se a minutos atrás ela sorria, agora ela tinha uma expressão sofrida, quase como se alguém a cortasse. 

- de-pois  que meu.... pai mo-rreu, eu fiquei... desolada. - ela tentava falar parando de chorar.- era como se tudo que eu gostasse tivesse se perdido, junto com... ele. - ela fraquejava ao tocar em seu nome. Não posso imaginar sua dor, mas deve ser muita. 

- por isso não foi me visitar?- perguntei olhando seu quarto revirado. Provavelmente ela deve ter feito isso quando soube da noticia. 

- eu não queria sair de casa. Tudo nessa casa me lembra ele. Cada canto que eu olho. - ela fala e abre os olhos fitando o teto. 

- essa é sua maneira de não esquecer dele, não é?- perguntei e quando olhei o teto também, ele era todo azul claro com estrelas pintadas. Será que foi o pai dela que fez isso?

- é... tenho medo de me mudar e esquecer dele. Meus  melhores momentos foram juntos dele. 

- mas e sua mãe?

- ela era um pouco ausente, ai eu me apeguei mais ao meu pai. Mas eu amo ela também. 

- Se ela ver você sofrendo, ela vai sofrer também. Igual a seu pai. Tenho certeza que ele não gostaria de te ver assim. - falei a olhando, uma lagrima solitária escapou pelo canto de seu olho.

- ele sempre me fazia rir. Lembro uma vez que eu terminei com meu namorado, e ele fez um tira ao alvo com a foto dele pra mim ficar atirando dardos. - um sorriso fraco nasceu no canto de seus lábios. 

- esta vendo. Mais uma prova de que ele não gostava de te ver sofrendo. Você devia sair, se distrair. Te garanto que você nunca vai esquecer dele. Eu perdi a memória e continuei lembrando de minha família, mesmo eles não sendo tão presentes como seu pai era. - falei sorrindo.  As lagrimas ameaçavam a sair de meus olhos. 

- obrigada.- ela se sentou e veio me abraçar. Meu coração se encheu, por vê-la sorrindo. 

- amigos são pra isso.- falei. 

Será que o demônio dela seja esse? A dor da perda. O demônio dela pode ter provocado isso. Queria poder dividir meu anjo com ela, só pra ver ela sorri novamente.



Oie! Desculpa a demora! Aconteceram umas coisas pessoais aqui, mais ta tudo certo. <3 

amo vcs!!!!!!


Até o proximo capitulo.


Um queijo com nutella, e uma colher de canella. 


Badizinha^^

Your DemonWhere stories live. Discover now