Part 23 - Sem palavras.

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A porta foi aberta com brutalidade, nos separamos pelo susto. Olhei a porta e a ruiva passava por ela. Ela estava vermelha de brava, e não me olhava e sim o Rafael.
- seu puto! Não vou gastar muitas palavras com você! - ela disse fazendo cara de nojo, e depois olhando pra mim. - Nath, você pode não se lembrar, mas você foi estuprada!

Senti um frio na barriga ao ouvir aquelas palavras.

-o. Oque ? - perguntei.
- isso. Você piorou quando veio pra cá, pois conversava com o nada. Eles te acham louca, por que você alegava ser estuprada por um espírito, seja la o que for!- ela levantou a voz se aproximando de mim. - Você sabe quem foi! E eu também sei! - ela levantou o olhar, segui o mesmo e encontrei Rafael com uma cara nada boa. Minha boca abriu.

Não. Não. Não pode ser verdade!

- não pode! Ele...ele disse que gosta de mim! Você está louca!?- perguntei tentando tirar da cabeça esse papo, mas foi em vão.
- VOCÊ ESTÁ LOUCA! ELE SÓ VEIO AQUI 2 VEZES E VOCÊ NUNCA MENCIONOU ELE A MIM! - ela gritou o olhando fixamente. Ele não falou nada, apenas olhava ela mortalmente.
- quem era você, pra mim ficar contando tudo da minha vida?!- falei rude. Ela me olhou triste.
- eu... eu era sua amiga. - ela disse sem argumentar nada.

Não sei em quem acreditar. Ele não disse nada pra sua defesa!

- rafah? - perguntei o olhando, esperando alguma palavra. NÃO PODE SER VERDADE!!
- Natália... eu... eu não fiz isso. - falou olhando pra baixo.

Me deu vontade de correr e me esconder. Droga! Não me lembro!

- SEU MENTIROSO! - ela gritou novamente. Abaxei a cabeça tentando lembrar, ou entender a situação. Meu coração disparado. Meu corpo fraco e frio. Não quero imaginar isso.
- FALA ALGUMA COISA SEU PUTO! SE VOCÊ GOSTA DELA, ADMITE O QUE FEZ! - Heloísa grita com ele que somente olha pra ela.
- com.com licença? - uma voz doce chamou nossa atenção. Era uma menina linda, parada a porta. Ela rodeou o quarto com os olhos até parar no meus.

Uma sensação de conforto me veio. Foi inexplicável, tudo em volta sumiu. Só existiam eu e a menina com seus olhos verdes hipnotizantes.

- Natália. Sua memória foi tirada de você por mim, pois sofria com suas lembranças. Mas vejo que sofre mais agora. - ela disse se aproximando de mim.
- quem é você?
- sou tudo aquilo que te faz feliz, te traga paz ou harmonia. Sou o lado bom da tua vida. Talvez se lembre de mim assim. - ela disse calma e serena. Me assustei quando seu cabelo ficou loiro. Ela não me é estranha.
- desculpe, não me lembro.
- não precisa lembrar, precisa escolher certo. - ela disse me deixando mais confusa.
- escolher?
- você teve o azar de ter um demônio que interage com você. A maioria deles tem medo e ficam escondidos no fundo das almas, mas o seu quis sair e te atormentar. Você está em um momento escuro da sua vida, mas a esperança, a sua esperança, não morreu. Por isso recebi permissão para te proteger novamente.
- demônio? Isso não existe! Eu posso até ter ficado mais triste em algum momento, mas isso que você fala parece... depressão! - falei. Ela pode ser um sonho que não fala nada com nada.
- acreditar em mim ou não, é um direito seu. Não acredite na aquele que te faz mal. Não acredite em meras palavras ou gestos. - ela disse se afastando, indo pra saída. Seu cabelo ficou preto novamente.

-Se isso for verdade, em quem eu acredito?
- o perigo está ao seu lado. Acredite em você! - ela disse. Baixei a cabeça tentando ligar suas palavras com minha realidade.

- Natália- a voz dele me tirou... da quilo. Rapidamente eu olhei a porta porém não havia ninguém.- Natália, não acredite nela. Ela tem inveja! - ele falava a deixando mais brava.
Eu não tinha palavras ou gestos. Eu estava paralisada. Era muita informação.

- nossa, que truque sujo e velho! Não tenho inveja, eu amo a Natália com uma irmã que não tive.
- fala de truques, mas vem com esse papo de irmã!

Os dois discutiam. O perigo está ao meu lado. Acreditar em mim? Eu não me lembro de nada. Não lembro dele ou dela. Queria muito poder abraçar minha mãe agora. Me sentir segura e protegida.

- você nem ao menos se esforçou para vim vê la! O que sabe sobre amor?- a sala ficou em silêncio. Os dois se encaravam. Ela calou ele. Um de cada lado da minha cama, ela esperava uma resposta, mas ele parecia não ter uma.

Narrador pov on.

Natália estava certa, ele não tinha resposta. A ruiva tocou na ferida incurável do demônio. Ele sempre quis uma vida como os humanos, e passou a vida se enganando de que poderia ter uma. Mas tem um problema. Demônios não sabem sentir o lado bom das coisas. Por isso são tristes e sem piedade. Só ligam pra eles. O loiro sabe disso, mas não quer acreditar.

O quarto ainda permanecia em silêncio, Heloísa tentava controlar um sorriso vitorioso, Natália observava a expressão de dor dele sem entender, Rafael encarada os olhos de Heloísa, tentando entender como não pode controlar sua mente e impedir isso. Amor. Um sentimento bom. Ódio, tudo que ele poderia sentir. Ele sabe se enganar bem, mas no fundo nada foi real. Talvez somente o prazer. Mas cada sorriso, cada gesto bom, foi contra tudo o que ele é.

- fale algo- sussurrou Natália não podendo controlar sua indecisão. O loiro a olhou, já fraco por ela não sentir mais medo.
- não tenho nada pra te dizer.- ele falou derrotado. Nesse momento, Natália teve a prova que queria. Heloísa desfez sua postura ereta para abraçar sua irmã, que estava confusa e chorando, tentando aceitar a realidade que se esqueceu.



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Oie! Espero que gostem e tem mais treta por vir! HAHA!

Beijos,
Queijos,

Badizinha^^

Your DemonOù les histoires vivent. Découvrez maintenant