Part 46 - falta pouco agora

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Natália on.


Encarando seus olhos azuis, eu não tinha certeza de nada. Ele sorriu, se afastou e pegou minha mão, me puxando pra voltar a caminhar.

- aonde vamos?- perguntei vencida pela curiosidade.

- como agora sou um anjo caído, tenho uma família e você vai conhece-la. - ele disse debochado.


Narrador on.


Um ultimo vislumbre. Talvez todos tenham um lado do mal. Talvez todos tenham um lado que deseje, que anseie pela dor, pelo sofrimento. Talvez assim possamos ver a realidade em nossas peles. Provar que nem tudo são sonhos.

Talvez.

Talvez, podemos ter uma morte simples, porém feliz.


[...]


A visão de dois jovens apaixonados chega a ser... embriagante. De mãos dadas e em passos largos, porém sem pressa, eles caminham. O que pensam ou o que sentem não importa. Já ao por do sol, tudo estava resolvido.

Será?

Os arcanjos resolveram os problemas finais, porém isso foi uma gota da tempestade, até por que, o que seria um amor jovem comparado ao mundo, ao o que o mundo sofria? Havia muitas outras coisas a tratar do que ficar vendo os resultados da batalha.

Os anjos caídos voltaram a suas rotinas, sem os traços da memória recente, sem se lembrarem que quase morreram para uma humana poder ser feliz. Anjos e seus deveres de proteção.

Natália, logo viria a esquecer quase tudo, só não esqueceria das coisas normais, como as alucinações e seu tempo de internação. Podemos chamar alucinações de coisas normais? Talvez não, mas quem se importa?

Já virou passado.

Rafael, o anjo híbrido. Agora caído. Os demônios o querem e os anjos temem isso. Porém ele só pensa que está disposto a qualquer coisa para ter um futuro com seu amor, e agora sua alma. Já que o Diabo consumiu a dele.

Alma, puff! As pessoas falam que tem alma, mas isso é só para suprir sua consciência e evitar que ela pese. Não dizendo que alma não existe, mas que sua alma é mais como um backup seu, do que sua personalidade em si. Almas podres existem, por que os humanos são podres.

Mas tudo isso pode ser só pura bobagem. Ou a coisa certa, talvez. Talvez.


Sentada no chão gélido do meu quarto, percebo que... Nada mais importa. O caminho errado foi seguido e hoje só sofro a consequência. Como algumas coisas na vida, isso não me agrada. Na verdade, do abismo de onde estou, olho para trás e vejo os caminhos que podiam ter evitado minha queda.


Acho que em meu leito de morte, só terá as definições de quem me conheceu minimamente e não os feitos que realizei em minha mente. Até porque, ninguém entenderia o que, o porque e o como fiz.

Gosto de dizer que...

Posso ser incompreensível, porém compreendo os outros.


Beijos e carícias são trocadas entre os dois amantes, em quanto seguem o rumo da morte.

Mas todos morrem.

Algum dia...


[...]


Olhando os cacos do espelho espalhados pelo chão, percebo como minha aparência deixou de ser a mesma. Não tem mais brilho nos olhos, os lábios brancos como a pele. Nem parece ser eu. 

Cansada e sem forças pra continuar, é assim que me sinto. Queria poder fazer um discurso celebre, mas não há tempo. 







Horas mais tarde, e ainda estou viva, não sei o que sinto, mas é bom. 

- falta pouco...



Finalmente livre.


Your Demonحيث تعيش القصص. اكتشف الآن