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- Fala Gustavo, o que está escrito?- Alissa pergunta um pouco alterada.- E nós temos que ir ao médico, suas costas estão sangrando!

- Não foi nada de mais amor, já aguentei coisa pior, agora fica sentadinha aí vai, que eu não estou gostando nada desses caras olhando para você.- Porque caralhos eu só fui notar a merda da transparência do vestido agora? É por causa da iluminação?

Droga, não posso surtar agora!

Quando a polícia chegou nos fez várias perguntas, e eu entreguei o bilhete discretamente para o detetive.
- Estava no tijolo - Falo baixo enquanto Alissa está sendo interrogada.- Eu vi boa parte do rosto, tinha uma cicatriz da sombrancelha até a têmpora.- Começo a falar.- Tinha pele clara, um nariz grande e pontudo.- Falo tudo o que consegui perceber.- Ele não usava luvas então muito provavelmente tem as digitais dele.

- Obrigado por cooperar com a investigação.- O lugar foi fechado por hora, o que significa que teremos que comer em outro lugar, mas dessa vez apenas pegamos lanches em um driver qualquer. E comemos no caminho de volta para casa.

Por: Alissa

Quieta sentada na varanda, tento encaixar os incidentes, e se meus país foram assassinados? E a pessoa que fez aquilo hoje vai voltar para terminar o trabalho e matar todo mundo da família?

Eu não pude ajudar com muita coisa, estava tão alheia a tudo que só percebi a bagunça quando Gustavo foi atingido.
E depois disso, paralisei ao ver as costas do meu marido sangrando.

Gustavo escondeu mensagem do tijolo, mas algo me diz que não era algo bom.

Enquanto observava o por do sol ao longe, em minha mente várias conexões de pessoas que no passada poderiam desejar algum tipo de vingança contra meus pais.

Mas isso é difícil, papai e mamãe sempre foram muito gentis com todos ao seu redor, tiveram poucas desavenças com vizinhos ou funcionários.

Com minha visão periférica vejo ao meu lado esquerdo uma silhueta se movimentando.
Cravo meus olhos imediatamente em um homem alto que com certeza não é um funcionário, ele vestia roupas escuras e usava um capuz, observei ele levantar o braço mirando a arma em mim.

Eu sabia... Tudo foi planejado para acabar com a minha família!

Em Pânico abraço minha barriga em forma de proteção, aquele homem vai disparar e eu não tenho tempo de fugir. A medida que meu medo aumentava, eu pude notar algo naquele homem, eu o conheço eu já o vi antes.
Arregalo os olhos ao perceber quem era.

Parado a alguns metros de mim, com uma arma apontada para mim, o homem que fora meu primeiro noivo, Felipe Velasco.

O homem que por meses atormentou a minha vida, até Gustavo chegar e dar um fim naquilo, no sofrimento de ser prometida a um homem ao qual não se importava comigo, e só estava fazendo aquilo, pelas terras de meu pai e um possível contrato com Sanches que na época era melhor amigo do mesmo.

- SUA DESGRAÇADA, VOCÊ ERA MINHA!- Grita se aproximando de mim, e isso deu tempo para que eu levantasse e desse alguns passos para trás.- E AGORA CARREGA UM VERME NO VENTRE!- Felipe chega perto o suficiente para apontar a arma em minha barriga.- Mas não se preocupe, depois que eu arrancar esse verme daí, vai voltar a pertencer a mim!

Raiva me consumia naquele momento, e tudo o que eu queria, era socar a cara dele, como esse maldito ousa chamar meu filho de verme?
Mas o que eu podia fazer, era ele quem segurava a arma.

Isso até, um forte barulho se fazer presente e uma bala atravessar a mão de Felipe o forçando a largar a arma.
Não preciso olhar para saber que quem atirou foi Gustavo, minha missão agora, era pegar a arma caída na minha frente e correr até o meu marido, Gustavo me daria cobertura.

Com total convicção junto a arma e corro até Gustavo que me coloca atrás dele em forma de proteção.
- Vocês estão bem?- Pergunta com a voz carregada de receio e raiva.

- Estamos... Gustavo ele vai fugir!- Alerto quando Felipe começa a correr, entre tanto Gustavo acerta um tiro no calcanhar direto de Felipe.

- Ha não vai, esse desgraçado tem muito o que explicar.- E como naquele dia no estábulo, eu senti aquela áurea tenebrosa surgir de Gustavo.- Alissa, vá para o nosso quarto e fique lá até eu voltar, não me siga, a menos que queira ver novamente o monstro que sou...

Sinto meu rosto empalidecer, esse é o motivo de ele não virar para me olhar, ou sequer mover um músculo enquanto estou aqui.
Gustavo deve estar com aquela expressão, com aquele olhar o mesmo daquele dia, foi o que pensei, mas ele olhou para mim e tudo o que eu via no rosto dele era a raiva, sem a diversão, só raiva.

Não tive coragem de sustentar o olhar, apenas obedeci as ordens, eu definitivamente não quero nunca mais ver o monstro que habita dentro de Gustavo, olhei para Felipe por um momento sentindo pena do homem que rasteja pelo quintal tentando fugir.

" O problema é seu, foi você quem procurou, não devia ter insultado meu filho, agora mora seu lixo"

Foi isso que pensei ao olhar a última vez para o homem com semblante apavorado, eu poderia interceder, mas eu não quero, ele chamou meu filho de verme e ninguém mexe com meu filho.
Antes de começar a subir as escadas, paro no lugar sem me virar para trás.
- Ele chamou meu filho de verme, não seja piedoso com ele Gustavo, eu te dou permissão para passar a noite fora, mas garanta que esse lixo mora o mais lento e dolorosamente possível...- Dito isso continuo meu caminho para o quarto.

Coloco minhas mãos na barriga assim que me sento na poltrona do meu quarto, e então eu choro, eu quase, quase perdi meu filho, eu não me importaria em morrer, se meu filho ainda não estivesse dentro de mim.

Mas aí eu também não teria tido coragem, teria só paralisado de medo como sempre.
Foi o meu filho, a coragem dele se sobre pós a meu corpo e o fez se mover.

Meu filho...

Eu AlissaWhere stories live. Discover now