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Enorme, eu estou me sentindo uma baleia, gorda, grande e muita inchada. O oitavo mês da gestão tem me deixado muito exausta, sinto dores nas costas e os chutes de nosso bebê se tornaram mais fortes.

Peguei uma raiva desgraçada da cara de Gustavo, eu olho para ele e sinto vontade de o estrangular.
Alissa disse que se eu continuar assim, a criança vai nascer a lata do pai, e isso me apavora, eu não quero ter que passar por tudo isso para meu filho nascer parecido com o pai, e eu juro que deixo os dois de castigo se a primeira palavra for "papai".

- Amor!- Viro a cara para Gustavo que acaba de entrar na nossa casa, sujo de terra e suor, mas sinto borboletas no estomago ao ver que ele me trás um grande buquê de rosas.- Como você está?

Meus olhos lacrimejam e se torna difícil segurara as lágrimas.
- Você trouxe flores para mim?- Gustavo olha para as flores e então para mim.

- Sim amor, são todas para você.- Pego o buquê sentindo o cheiro maravilhoso das rosas, mas quando Gustavo vem me beijar eu me afasto.- O que foi?

- Está sujo.-Reclamo virando o rosto, mesmo sabendo que ele continua gostoso.

- Você nunca reclamou antes.- Gustavo me puxa para perto de esfregando em mim para me sujar também, isso me faz dar risadas.- Pronto agora também está suja.- Olho para minhas roupas antes limpas.

- É estou- Puxo Gustavo para um beijo, passo minhas mãos pelas costas largas do meu marido, mas sinto um chute em minha barriga.- Tá bom.- Me separo em ponho as mãos na barriga.

- E filhão, não precisa ter ciúmes da mamãe comigo-Fala se abaixando.- Ela também é minha pequeno.- Fala como se estivesse bravo e eu dou risada.

- Não acredito que está com ciúmes de uma criança que ainda não nasceu.- Gustavo se levanta e da um beijo na minha testa.

- Óbvio, o moleque nem nasceu ainda e já tá empatando foda- Fala com um beiço mas acaba por dar risada.

- Vai ser menina.- Falo com convicção.

- Amor, eu tenho certeza que vai ser um garoto.

- Menina!- Começo a ficar brava, porque ele tem que me contradizer, eu já disse que é menina poxa.

- Então vamos apostar, se for menina, eu dou o que você quiser, mas se for um menino, você me dá o que eu quiser.- Fala com um sorriso no rosto e um olhar sombrio.

- Que seria?- Eu não sou idiota em apostar sem saber o que está em jogo.

- Isso só iremos revelar no dia do parto- Os olhos de Gustavo brilham em malícia, tenho certeza que o que ele quer não é nada considerado "bom" pelo menos não pra mim.

- Não!- Ele é até maluco, a aposta já é surpresa agora o que está em jogo também? Nem a pau.

- Está com medo Alissa?- Me provoca.- ou já sabe que estou certo?

- Eu jã disse é uma menina!- Estou ficando irritada e eu não penso direito quando estou irritada.

- Então vamos amor, aposta comigo.

- Tá, mas eu vou vencer.- Apertamos nossas mãos.

- Veremos amor, veremos...

- SENHORITA ALISSA!- Ouço um dos empregados chamar.- Vossa égua tá parindo.- Fala dos piões.

- Vamos Gustavo.- Puxo ele e tento correr, impossível já que estou com um barrigão.

Ao chegar no estábulo, vejo a égua parindo, e nossa isso deve doer, deve doer para caralho. Vejo de boca aberta quando o potro sai de dentro da égua.
- Minha égua.- Olho para minha égua que não levanta e vejo o potro tentar caminhar.- Gustavo, a minha égua!- Sol continua deitada sem dar sequer um sinal de vida.- GUSTAVO!- Começo a chorar com medo que Sol tenha morrido, ela é a única coisa viva que me restou de meus pais, quer dizer era.

- ALGUÉM FAZ ALGUMA COISA- Grito desesperada tento chegar perto mas Gustavo me segura.- Me solta Gustavo, a sol...

- Está morta amor, não podemos fazer mais nada.- Continuo chorando vendo minha égua agora sem vida, e ao lado o potro que ainda tenta levantar para ir até a mãe.

- Minha égua...- Choro nos braços de Gustavo.

Essa cena me deu medo, de morrer e deixar o meu filho no mundo sem uma mãe. Coloco as mãos na barriga e então sinto náuseas.
- Preciso vomitar- Nem bem termino e vômito tudo que havia comido durante o dia, quando paro continuo chorando.

- Patroa, a senhora não pode ficar assim, faz mal para o bebê.- Bebê, o meu bebê, ponho a mão na barriga voltando a chorar.

- Amor!- Gustavo me pega no colo e me tira do estábulo - Amor, está tudo bem...

- NÃO, NAO ESTÁ...- Grito me sentindo desolada.- E se eu morrer que nem a égua, eu não quero morrer, eu quero ver meu filho crescer.- Choro nos braços de meu marido.

- Não fala besteira Alissa, você não vai morrer.- Gustavo me lança um olhar de raiva e medo.- Eu nunca vou deixar nada acontecer com você e nosso filho.

- Gustavo, eu não quero morrer no parto, eu não quero!

- Você não vai Alissa, chega dessa história!- Gustavo está bravo, ele não entende o que estou sentindo, ele não sabe o aperto em meu coração só de imaginar o meu filho crescendo sem uma mãe que nem aquele potrinho. - Você vai sobreviver a esse e muitos mais outros partos entendeu?- Balanço a cabeça confirmando.

Meu medo não diminuí ele só piora, ao imaginar Gustavo tendo que cuidar sozinho do nosso filho.

Sinto uma aperto no coração, eu não posso morrer que nem a égua, eu não vou!

Eu AlissaWhere stories live. Discover now