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- Que bom ver que está se recuperando senhora.- Fala uma das empregadas quando eu entro na cozinha.- Deve estar com fome, espere um momento que vou preparar um lanche bem reforçado para a senhora.- Eu não conheço ela, será nova aqui?

- Qual o seu nome?- Minha voz está rouca, resultado do tanto que chorei e gritei.

- Sou a Rebeca senhora.

- Rebeca, não gosto que me chamem de senhora, pode me chamar pelo nome, Alissa.- Ela me dá um sorriso genuíno, Rebeca é negra tem uma aparência jovem e cabelos afros muito bem trançados.

- Tudo bem, aqui está, Alissa.- Ela me serve com bolos e sanduíches, pães, mil e uma coisas.- Coma tudinho, assim seu bebê vai crescer forte.- Lá estava o sorriso caloroso e o olhar inocente.

- Foi você quem fez? Está uma delícia.- Elogio provando o bolo.

- Eu adoraria levar os créditos, mas não fui eu, eu só cuido da limpeza da cozinha.- Rebeca coloca os sanduíches mais perto de mim.- Na verdade, eu sou péssima cozinhando, um desastre total.

Dou risada da frase dita e sinto meu filho chutar, acho que ele gostou de Rebeca.
Acaricio minha barriga lembrando do meu pequeno mundinho.
- A quanto tempo trabalha aqui Rebeca?- Olho para a mulher que lava algumas panelas.

- Hoje é o meu segundo dia.- Fala ainda de costas para mim.

- Sério? Então seja muito bem vinda...

- ALISSA!- Reviro os olhos quando Gustavo grita me chamando.

- TO NA COZINHA! - Grito de volta dando mais uma mordida em um pedaço de bolo, observo quando Gustavo entra na cozinha e Rebeca abaixa a cabeça.

- Vamos dar um passeio? - Gustavo senta em uma cadeira ao meu lado e passa o polegar na minha bochecha.- Vai ser bom tomar um ar e também estava pensando em fazer as compras para nosso filho.- Gustavo dá um pequeno sorriso ao falar a palavra "filho".

- Eu acho que vai ser... Aí!- Reclamo quando meu bebê chuta minha barriga.- Se acalma aí pequeno.- Acaricio minha barriga, volto a olhar para cima e me surpreendo com a cara de bobo que Gustavo faz olhando para a minha barriga, pego a mão dele e coloco onde nosso neném está.- Você sentiu?- Pergunto após o neném ter se mexido.

- Esse vai ser fortao igual o papai, e dar trabalho como a mamãe.- Dou risada da frase dita enquanto Gustavo ainda sente nosso filho se mexer.

Sou tirada do nosso momento com o som de algo se quebrando, olho para Rebeca que lavava a louça e então vejo que um prato caiu no chão.
- Você está bem?- Pergunto preocupada, me levanto para caminhar até ela, mas Gustavo me segura.

- Eu estou bem sim patroa, por favor me desculpem, podem descontar do meu salário por favor não me demitam.- Os olhos de Rebeca se enchem de lágrimas, antes que o ogro do Gustavo abra a boca, eu falo.

- Está tudo bem querida, foi só um prato, não é amor?- Dou um pequeno puxão na blusa dele que respira fundo e concorda.- O passeio!- Falo mudando de assunto e tirando Gustavo de lá.

Óbvio que ele não ficou bravo pelo prato, e sim pelo "nosso momento" ter sido interrompido.
- Alissa!- Rosna me fazendo parar.

- Fala amor.- Sei que ele gosta quando o chamo de amor, mas nesse momento foi uma cartada para acalmar a fera, e de fato consigo.

- Sobe e se arruma, eu vou estar no meu escritório, quando estiver pronta, me avise.- Gustavo deixa um beijo na minha testa e eu aceno com a cabeça em concordância.

***

Meus olhos chegaram encher de lágrimas quando entrei na lojas de enxoval de neném. Tinham roupas, berços, ursos meu pai, eu estava no paraíso, uma peça mais linda que a outra.
- Gustavo, olha esse abajur, é em formato de urso!- Animada com as coisas caminho para lá e para cá olhando e desejando tudo.

- Combinamos que não ia ter nada muito feminino Alissa.- Fala me repreendendo.

- Desde quando ursos são femininos? Aposto que você tinha vários quando criança.- Provoco jogando um urso rosa nele.

- Talvez não é amor?- Ele me dá uma risada...

- Vocês não podem fazer isso com nossos produtos, tenho certeza que não vão levar nada...- A mulher nos olha dos pés a cabeça.- Se estragarem um de nosso itens, vai ter que pagar por eles, e vocês não parecem ter recu...

- Calada!- Falo entendendo o que a vendedora quis dizer.- Vamos Gustavo...- Pego na mão do meu marido e saio de lá.

- Devia ter deixado eu resolver.- Fala emburrado por eu não ter deixado ele tomar a frente na situação.

- Esse seu resolver incluía algum tipo de violação da lei, e hoje não é o dia para perder meu reu primário.

- Você anda muito afiada esses dias, sabichona de mais pro meu gosto.- Dou um suspiro não querendo nos aprofundar naquela história.- Amor, eu preciso fazer uma ligação, vai entrando no carro.- Fala quando paramos em frente a camionete.

Faço como ele pediu, me sento confortável no banco do carona, o que aconteceu na loja, foi uma situação muito chata. Eu não entendi o porquê ela insinuou que não poderíamos pagar por nossas compras, essa gente de cidade grande são muito estranhas.

Paço a mão em minha barriga, estou tão ansiosa para ter o meu bebê nos meus braços, ao mesmo tempo, triste, meus pais não estão aqui para ver o meu filho, sinto o mesmo mexer na minha barriga e dou um grande sorriso.
- Você iria amar vovô e vovó, eles eram pessoas tão boas, sua avó sempre foi gentil, carinhosa, as vezes ficava tão brava que chegava ficar vermelha. Já o vovô, amou tanto sua avó, cuidou de nós tão bem...- Dou uma pausa para enxugar as lágrimas de meus olhos.- Eles não mereciam esse fim, sempre pensei que os dois morreriam pela idade - Me reconforta saber que eles deram o último suspiro juntos, que nem um sofreu a morte do outro.

- Amor, porque está chorando?- Pergunta Gustavo quando entra no carro, ele seca minhas lágrimas com o polegar enquanto segura meu rosto entre suas mãos.

- Derepente, eu só senti saudades...- Dou um pequeno sorriso e então seguro as mãos de Gustavo.- Vamos, ainda temos que fazer compras!

Eu AlissaWhere stories live. Discover now