Capítulo 2 - Voto De Paz

36 8 0
                                    

Os Elfos nunca perturbavam o ambiente quando passavam, por isso os passos de Seonghwa pisavam o tapete branco com tanta delicadeza que parecia que ele estava a flutuar. Uma vez que estava tão habituado ao silêncio daqueles que vagueavam pelos corredores de cristal como fantasmas, os sete pares de pés que se arrastavam atrás dele pareciam ser desagradavelmente altos. As garras de Wooyoung estalavam na alcatifa a cada passo, Jongho podia estalar o chão com a sua massa e Yunho arrastava os pés.

Seonghwa, sempre o anfitrião gracioso que tinha aprendido a não pensar em tais irrelevâncias, guiou-os pelo caminho. Os homens atrás dele ficaram em silêncio, para além do estalido da armadura, do ranger da pedra e do ofegar do cão. Alguns deles atreviam-se a exprimir o seu espanto perante o Castelo da Lua com sons subtis, mas não falavam uns com os outros.

A natureza da sua filiação fez com que todos se encontrassem pela primeira vez hoje; com Seonghwa, bem como entre si. Apenas Yunho e Buddy, ou Seonghwa e Yeosang, podiam reivindicar parentesco.

A voz uniforme de Seonghwa encheu os corredores do castelo e a sua canção cresceu como se estivesse fortalecida por o ouvir.

— Parabéns por terem ganho as competições. Espero que, independentemente da vossa motivação, encontrem aqui um novo lar. Embora seja a minha maior prioridade acolher-vos no meu país e nestes salões, um casamento arranjado pode ser terrível, na medida em que colocais as vossas vidas nas mãos de um estranho. — Disse. A sua voz melódica seduziu-os; atraiu-os como traças para a luz. A tensão no ar dissipou-se quando murmuraram uns com os outros.

— Sabíamos de quem era o encanto requintado que nos esperava e lutamos para ganhar por você. — A voz clara de Hongjoong cortou os murmúrios. Quando Seonghwa o recompensou com um sorriso por cima do ombro, o pomposo feiticeiro sorriu de volta. O seu passo tinha os casacos a brilhar, fazendo-o parecer um príncipe das trevas.

— Eu assegurei-me de que a justa fosse ajustada às capacidades de cada raça. A presença era voluntária, mas sei do costume de eleger apenas príncipes e cavaleiros como participantes para criar um par adequado comigo. Para aqueles de vós que não são assim, não se preocupem. Criei o torneio com os meus conselheiros e, como vencedores, estais no lugar certo. Todo o resto pode ser moldado como acharmos melhor. — Seonghwa continuou a aliviar a tensão deles.

— Podes explicar melhor? Não consigo perceber como é que uma justa, justa pode ser ganhada por um cego. O seu objetivo é encontrar o mais hábil de todos, não? — Sempre afiada, a inteligência de Hongjoong cortava como um chicote. Os outros caíram na sua sombra, porque estavam demasiado intimidados ou demasiado irritados com o seu envolvimento para falarem.

Como ele era a fonte de interesse, Mingi respondeu no lugar de Seonghwa. A sua voz era como o estrondo de uma montanha; insondável e sinistra, cheia de segredos. O ruído dos seus pés ajudou o demónio a encontrar o caminho, mas as suas mãos flutuavam inseguramente à sua frente para não esbarrar em ninguém.

— Era fácil! Os meus amigos desafiaram-me a jogar, mas era um jogo de bolas e eu ouvia-as a rolar no chão. Não creio que a sorte tenha desempenhado um papel importante, mas dei um pontapé na bola e fui declarado vencedor. — Aplaudiu. Yunho cantarolou de admiração.

Seonghwa inclinou a cabeça.

Qualquer pessoa era convidada para a justa que se realizava na Caverna do Anoitecer, mesmo as que pertenciam às classes sociais mais baixas. Levar a bola de cristal até ao seu destino através de um labirinto de armadilhas e atacantes ferozes era uma proeza que apenas alguns dos seus guerreiros mais poderosos conseguiriam superar.

Será que a sua deficiência o tinha ajudado? Ou será que Mingi teve muita sorte?

Antes que Hongjoong pudesse inalar e comentar sobre o assunto um tanto duvidoso, Seonghwa tomou a palavra. Ele não se virou enquanto explicava. À frente deles, os criados abriram as portas de todo o palácio. Confiante no seu passo, Seonghwa guiou-os até ao ruído distante de uma multidão.

Silbermond und Honigwein - Ateez (Tradução)Where stories live. Discover now