Capítulo 15 - Esfolado vivo

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Notas Da Escritora: Bullying

***

Mais uma comoção assustou Seonghwa fazendo-o despertar de seu sono. Como da última vez, várias vozes masculinas ecoavam umas sobre as outras no corredor, mas desta vez, havia mais. Uma vez que estava habituado a ser acordado por assuntos imperativos apenas por Seungyoun, Seonghwa agitou-se quando a voz do criado se misturou com as outras.

Antes de conseguir perceber o que o rodeava e adivinhar à distância o que poderia ser a agitação desta manhã, a sua porta abriu-se. Passos apressados dirigiram-se para a cama e Seonghwa sentou-se, sempre alerta para um ataque súbito.

No entanto, em vez de Seungyoun trazer notícias sobre o descontentamento na cidade ou uma luta entre os seus maridos, foi Yunho que entrou a correr. O chefe dos criados estava nos seus calcanhares, pálido e com medo do que poderia acontecer por ter acordado Seonghwa tão bruscamente.

— Seonghwa! — Yunho gritou, com a voz sufocada e cheia de dor. Apressado, Seonghwa abriu as cortinas da sua cama e piscou os olhos para o quarto. O cabelo indomável caía-lhe em cascata sobre os ombros e enfeitiçava os seus maridos que ainda não o tinham visto fora do seu traje de corte. Jongho, Yeosang, Wooyoung e Mingi seguiram o apelo de desespero de Yunho, mas os outros dois não estavam à vista.

— O que aconteceu, está bem? — Seonghwa estendeu os braços quando Yunho se ajoelhou ao lado da cama, numa pose familiar, mas tão desesperada que as lágrimas lhe rolaram pelas faces. O seu corpo descaído encolheu-se no chão e os outros assistiram à sua agonia com as feições congeladas.

Yunho soluçava qualquer coisa e foi preciso Seonghwa balançar as pernas por cima da cama e agarrar-se ao ombro de Yunho para perceber.

— Amigo, amigo.

O medo apoderou-se de Seonghwa. Será que Yunho pensava que o seu fiel amigo se tinha ido embora depois de não o ter visto quando acordou? Seonghwa devia tê-lo acordado. A culpa feia corroeu-lhe o coração.

— Não se preocupe, ele está aqui. — Respondeu Seonghwa, desorientado pelo sono. No entanto, quando os seus dedos apalparam a cama ao seu lado, esta estava vazia e fria.

Seonghwa virou-se para trás, confuso se não teria calculado mal a distância até ao animal, mas nenhum monte de pelo dourado lhe sorriu dos lençóis. Apenas o choro de Yunho enchia o quarto.

Com um movimento gracioso, Seonghwa afundou-se no chão ao lado de Yunho. Só agora que o pavor gelado limpou a sua mente, reparou que Yunho agarrava algo ao peito. Ele abafou as lágrimas na massa de ouro que se parecia assombrosamente com o seu cão.

Como é que ele a apertou ao peito como se fosse um cobertor flácido?

Agora que estava perto, Seonghwa captou o fraco gemido que vinha do objeto. Era pequeno e lamentável, chorando com Yunho, mas muito vivo.

Esse era Buddy?

— O que aconteceu? — Seonghwa perguntou, cutucando o ombro de Yunho para que ele se desenrolasse e mostrasse a Seonghwa o que ele estava segurando. Quando se desenrolou sobre o seu colo, nenhuma pata bateu no chão e nenhuma língua ávida veio lamber a cara de Seonghwa. O que antes era Buddy desfez-se como um cobertor triste.

Seonghwa levou a mão à boca, horrorizado. Ele já tinha visto coisas como aquelas antes, como presentes dos humanos para o seu pai. Eram as peles de animais poderosos, como javalis ou ursos, e eram usadas como tapetes para mostrar a perícia do caçador.

Como se isso não fosse suficientemente mau, a cabeça de Buddy ainda estava intacta, e ele choramingava miseravelmente sobre o monte em que se tinha transformado.

Silbermond und Honigwein - Ateez (Tradução)Where stories live. Discover now