10 - Uma arena de mentes enclausuradas

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Anteriormente

Natasha, a assassina, foge da polícia e encontra o gótico George. Ela revela que não conseguiu matar Reika por sua inocência. George a consola, mas desiste da missão. Ele se transforma em corvos e, junto com eles, rompe o acordo que tinham, deixando Natasha sozinha. Em outra cena, Mari leva a criança misteriosa para Emi, que a acolhe em sua casa. Natasha aparece, explicando a sua situação, alertando sobre a ameaça policial e indicando um plano de fuga para Mari e Emi. Natasha decide buscar sozinha a nova Unidade 731 no Japão e se despede de Mari, que chora com a decisão dela. Natasha parte e George entra na casa em seguida para se unir as garotas e ao bebe.

Reika relata os eventos para a polícia, inclusive o fato de ter se relacionado sexualmente com a assassina. Ela sugere que Natasha pode não ser humana. Junto com Hiroshi ela encontra uma ogiva nuclear no local. Dias depois, Reika está em casa com seu namorado Sang-hoon, e ele questiona sobre quem é a mulher que ela chamava pelo nome em sonhos. Reika, aflita, corta o assunto avisando que tem uma consulta médica para avaliar o estado do seu câncer. Surpreendentemente, os resultados indicam uma regressão no quadro, e o médico incentiva Reika a continuar o que quer que tenha feito nos ultimos dias. A detetive, agradecida, revela que está envolvida em um caso importante e decide começar seu tratamento contra o câncer.


D.A.N.T.E:  Divisão Avançada para Neutralização Tática e Erradicação

Algumas horas se passaram. — Blum — Mari reproduzia sons estranhos com a boca diante do berço, enquanto a criança gargalhava incontrolavelmente.

Emi surge, confusa e desajeitada como sempre.

— O... O Café está pronto — anunciava gaguejando.

Sobre a cama, ao redor do berço e nos móveis do quarto de Emi, uma miríade de corvos dançava, ciscava, proferindo seus grasnados obscuros que poluíam o ar do aposento da jovem.

— Fala sério... Podem voltar ao normal, por favor? Podem voltar a ser aquele homem bonitão que parece o Brandon Lee? — indaga Emi, como se pudesse desafiar a surrealidade diante dela.

Os corvos respondem em uníssono: — Esse é o nosso normal.

— Ai... — ela geme desanimada querendo que aquele terror acabasse logo.

— George é uma entidade, ele não tem um corpo próprio. — Explicou Mari.

— Uma entidade? — pergunta Emi, confusa. — Quer dizer que todos esses corvos aqui são uma única criatura?

— Mais ou menos — responderam os corvos. — Em primeiro lugar, meu nome não é George; Natasha me agraciou com esse nome ridículo num momento de chacota. Em segundo lugar, eu sou o representante de todos os corvos de todos os mundos possíveis. Eu sou um dæmon. Eu sou a essência da sociedade dos corvos, vivo em todos eles, manifesto-me em cada um deles, mas ao mesmo tempo não sou nenhum deles em específico — argumentava.

— Eu gosto do nome Katsuya — comentou Mari, ao que o corvo respondeu prontamente: — Também não. Não me chame por esse nome. Você sabe que eu tomei essa forma apenas porque precisávamos dominar o bordel; o verdadeiro, Natasha matou faz algum tempo.

— Isso é muito esquisito — comentou Emi. — Eu não sei com quem conversar quando falo com você assim.

— Me chamou de esquisito!  —  num tom dramático de reclamação — Quando você se deparar com a entidade dos homens, com todas aquelas idiossincrasias e complexidades desnecessariamente ridículas, aí sim você vai ver o que é ser esquisito. — Os corvos soltaram um grasnado em uníssono, como se estivessem rindo de uma piada interna.

A Dançarina das SombrasWhere stories live. Discover now