Feitos de Fogo e Nascidos Para Queimar

Capítulo XXXV - Dragões em Meio as Ovelhas|parteII

A princesa se afastou rapidamente do pátio, não sabia o que era pior, estar trancada com ladys dentro de uma sala, ou ficar na presença de homens como aqueles.

Um sorriso tomou conta do rosto de Visenya, estava lembrando da expressão de Aemond a alguns minutos atrás, ele havia ficado com ciúmes e Visenya sabia disso.

Ela gostara de vê-lo daquela forma, não irritado claro, mas Aemond enciumado conseguia ser parcialmente adorável.

Enquanto andava pelos corredores a caminho de seu quarto, Visenya passou por uma das sacadas, e foi parada por uma voz, essa que chamou sua atenção com um comentário imensamente indesejável.

"Sobrinha... não pudemos conversar direito desde sua chegada, estou começando a achar que não sentiu minha falta."

Visenya voltou alguns passos e olhou em direção a sacada, Aegon estava apoiado na bancada, a vista dava exatamente para o pátio de treinamento, provavelmente ele a tinha visto vindo de lá.

Com um suspiro, a princesa colocou ambas as mãos atrás do corpo e caminhou em direção ao tio.

Ela tinha lembranças de seu avô assistindo o treino de seus irmãos e tios daquela sacada, muitas vezes ela estava com ele, ambos riam de quando os bonecos de palha pareciam vencer Aegon.

"Tio... de fato não tivemos a oportunidade de conversarmos eu presumo." Disse Visenya sem olhar para o príncipe, estava prestando atenção na luta entre dois jovens no pátio abaixo deles.

"Mas pelo visto você teve muitas oportunidades de falar com meu irmão não foi?". Aegon disse com um sorriso debochado no rosto.

Visenya o encarou, ele estava deplorável, bem vestido é claro, nunca deixariam o príncipe se vestir mal dentro da fortaleza. Mas seu semblante era péssimo, tinha olheiras profundas abaixo dos olhos, as bochechas estavam um pouco avermelhadas e sua boca parecia ressecada. Seu cabelo curto estava penteado, um mérito de seus criados provavelmente.

Era nítido que Aegon bebia mais vinho do que água, seu pai tinha sido bondoso ao compará-lo a um marinheiro do porto.

"O que está insinuando tio?'". Visenya falou sem medir a impaciência.

Aegon se afastou da bancada e deu alguns passos em direção a sobrinha.

"Nada demais, só que velhos hábitos parecem não mudar, você e Aemond eram como a sombra um do outro, e ao meu ver isso não mudou." Sua voz ainda soava provocativa.

"O incomoda ver que tenho mais afinidade com Aemond do que com você Aegon?".

Visenya retrucou a provocação.

"Ah não, pelo contrário, só estou aqui para alertar você querida sobrinha, não são mais crianças agora... as pessoas podem ter uma idéia errada desta proximidade não acha?" Fez uma pausa em sua fala, observando Visenya da cabeça aos pés, antes de dar um sorriso ladino.

"Se está tão desesperada e carente pela atenção de um homem você pode pedir a mim, Aemond não saberia o que fazer de qualquer forma."

Antes que Visenya pudesse pensar em responder, seu corpo fez isso por ela.

Em um movimento rápido Visenya alcançou os fios platinados de Aegon, puxando com força a cabeça do príncipe contra a mureta da sacada.

Aegon gritou e se agachou colocando ambas as mãos no rosto, quando Visenya se deu conta, sangue escorria das mãos do príncipe. Provavelmente ela havia quebrado seu nariz.

Com o grito de Aegon, a atenção dos homens abaixo deles se voltou para a sacada, onde avistaram apenas Visenya em pé, já que Aegon ainda se contorcia de joelhos no chão.