PRÓLOGO

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ANTES

O fim do ensino médio não desperta em mim a ansiedade esperada. Um temor silencioso cresce ao pensar nos próximos meses, onde serei empurrada para a faculdade, emprego, ou pior, um casamento sem paixão que culminará em compartilhar um apartamento no subúrbio. Essa perspectiva ressoa como um trauma, uma sombra que paira sobre meu futuro.

Meus pais, Joseph e Mitchell, são figuras extraordinárias. Jamais duvidei disso. Quando o tema é amor, a melhor representação reside na união deles.

Joseph e Mitchell se encontraram em um jantar de negócios em uma agência de publicidade. O clichê do amor à primeira vista se concretizou, acompanhado da trilha sonora romântica de "Hopelessly Devoted to You", como eles descrevem. O casamento se seguiu após um ano de encontros nada casuais, com uma cerimônia magnífica, ternos combinando e um buquê encantador.

Contam mais ou menos assim:

Jô, residente em um grande hospital, e Mitch, publicitário na mesma empresa onde se conheceram, encontraram-se com um destino inusitado. Ao buscar Jô uma noite, passaram por um bebezinho deixado em uma cadeirinha ao lado do hospital. Seu choro penetrante não podia ser ignorado. O choro cessou quando os viu, sorrindo para eles. Naquele momento, nos apaixonamos, os três. Sem registros, aquele bebê precisava de um lar. Sua sorte foi, sem dúvida, cruzar o caminho de homens tão incríveis.

Homens que me encontraram.

Hoje, sou Mabella Louise Anderson, graças a Mitchell e Joseph, os seres humanos mais extraordinários do mundo.

Meu lar sempre foi preenchido com amor, confiança e risos constantes. No entanto, a sombra do abandono sempre esteve presente. Desde cedo, acreditei que estava... Quebrada. Agradeço aos meus pais, é claro, como poderia pensar de outra forma? Contudo, sei que há um motivo por trás do meu abandono, bom ou ruim, que virá à tona. Por enquanto, estou protegida pelo ninho do amor.

A vida adulta bate à minha porta, clamando: "Vamos, menina, tudo que é ruim pode piorar." E quem estou tentando enganar? Sei que é a mais pura verdade.

─ Divagando novamente, docinho?

Oh, como odeio essa voz.

Sem me virar, sei que é Rhys, com sua voz grossa e irritante assombrando meu último dia de paz. Ele está bem ao meu lado, no pé do meu ouvido, como um maníaco.

─ Você não tem algo melhor para fazer? ─ sooei ríspida. Intencionalmente. ─ Vá beber o ponche batizado e me deixe em paz.

Rhys nega com a cabeça.

─ Que tipo de homem seria se não te tirasse para dançar quando sei que está sozinha, Mabella Louise Anderson?

Espera,
espera,
espera.

O QUÊ?

Olho para meu copo imediatamente para ter certeza de que não havia bebido nada daquele ponche. Água. Eu não estou sob efeito de álcool ou drogas. Mas adoraria estar.

Ninguém chamaria a garota de vestido azul e All Star amarelo para dançar no baile de inverno. Minha melhor amiga está na pista de dança há horas, cansada de intercalar entre mim e seu par pelo resto da noite até que, como uma boa amiga, a liberei de seu tormento.

Mas pareço tão desesperada que Rhys está me chamando para dançar? Uma música lenta!? Oh meu Deus, me mate agora.

─ Qual é, vamos lá. Não vou pedir de novo.

Vou dizer não.

─ Está bem.

Merda.

Eu queria muito dançar.

Rhys me puxa com firmeza pela mão e me arrasta até o meio da pista. Nunca o vi tímido para nada, e agora não seria diferente. Ele gosta de atenção. Acho-o burro o suficiente por não perceber que sua aparência já é suficiente para tal, mas quem sabe, né.

Minhas mãos úmidas pelo nervosismo tocam o tecido fino de seu paletó que cobre os ombros largos, com delicadeza, como se um aperto a mais arruinasse o momento ou acionasse o botão do lado de Rhys que mais odeio. Se é que há um lado que gosto. Mas vocês entenderam.

Suspiro e espero a música terminar para começarmos a dançar, e em alguns segundos, lá está ela.

"All of me". Mas que porra.

O ar parece sumir quando ele me traz de volta à realidade, tocando minha cintura para me puxar para perto. Seu rosto sai do relaxado para o irritado em poucos segundos. Acho que fiz algo errado, disse algo sem perceber ou até respirei errado.

─ Mabella, você pode me tocar, vamos dançar e não confessar votos de amor.

Oh sim, minhas mãos ainda estão praticamente congeladas sobre seu ombro, então as coloco em seu pescoço de um jeito menos desengonçado que da primeira vez e com a mesma firmeza que suas mãos apertam minha cintura.

Surpreendentemente, sem cruzar nenhum limite

, literalmente em minha cintura. Não sei que álcool tinha neste ponche, mas eu voltaria no tempo e colocaria todos os dias em sua garrafinha de água se soubesse dos resultados.

─ Rhys...

Seus olhos brilham enquanto observam os meus.

─ Sim, Mabella.

─ Qual é a pegadinha? ─ pergunto, olhando em seus olhos para ter certeza de que estou curiosa sobre qual será sua resposta.

Rhys simplesmente abre um sorriso, seu sorriso. Era a última vez que o veria.

─ Você queria dançar, eu queria que dançasse. Só fiz acontecer.

Sorrio.

─ Obrigada, Lodge.

Ele sorri.

─ De nada, Anderson.

EvilBellaOpowieści tętniące życiem. Odkryj je teraz