EvilBella

Dez

ANTES.

O momento era surreal. Sentada diante da mesa, encarava o manuscrito entregue por um amigo de Andrew, um dos coordenadores da editora. O convite para escrever aquela história de fantasia me deixou chocada, mas também extremamente grata. Apesar de não ter algumas coisas que ainda não entendo sobre isso.

─ Não me entenda mal, mas... ─ hesitei, lançando um rápido olhar para Andrew. ─ Quando leu meu trabalho?

Pierre riu, e Andrew o acompanha interrompendo antes que pudesse continuar.

─ Dei a eles o conto que você escreveu para o seu trabalho da faculdade.

Minha indignação era palpável, mas mantive a compostura. Sabia que essa oportunidade só surgiu porque Andrew abriu portas para mim. Era grata por isso. Estava envolvida, completamente envolvida, em sua aura.

Limpei a garganta, fazendo um suspense antes de responder.

─ Agradeço pela oportunidade, Pierre.

Eles parecem confusos e eu logo esclareço.

─ Eu aceito.

Ambos se levantaram da cadeira, ou pularam dela, com as mãos na cabeça. Era tão engraçado que não pude evitar uma risada. Andrew, então, me surpreendeu com um gesto impulsivo, puxando-me da cadeira e girando-me no ar. Seu rosto irradiava felicidade genuína por mim.

Nossa alegria contagiou a empresa, tornando o dia festivo, quase mágico. Naquele momento, pensei que meu peito estava tão cheio de felicidade que mal havia espaço para respirar. Estava preenchido por ele. Não havia espaço para mais nada, nem mesmo para meus próprios amigos.

Acredito que isso seja amor. Ele te deixa cega.

─ Cuidaremos de toda a burocracia, então você pode ficar tranquila quanto a isso. O livro terá seu nome em destaque na capa, e todos os créditos. Acredito que queira participar da criação de toda a parte artística, desde a capa até o design dos personagens. ─ Valerie, responsável pelo planejamento, explicou tudo detalhadamente. Sua doçura e simpatia eram cativantes, com suas pintinhas nas bochechas, cabelos cacheados e olhos verdes brilhantes. ─ O livro estará disponível tanto fisicamente quanto em plataformas digitais.

Concordei com tudo, ansiosa para começar.

Peguei a caneta que ela me ofereceu e puxei o contrato para mim. Enquanto lia cada linha atentamente, Andrew acariciava meus ombros com o polegar.

─ É só assinar e esse projeto é seu.

Antes de assinar, olhei ao redor, fitando cada rosto na sala, deixando Andrew por último. Ele parecia genuinamente feliz. Gostava de ser o motivo de sua felicidade e também de sentir aquela felicidade. Era a primeira vez que não temia viver minha vida. Todos estavam felizes.

E então assinei o contrato.

Tão perto de assinar o próximo, mas esse, o que realmente mudou minha vida para sempre.

O contrato de casamento.