8 . A proteção fantasma.

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O Aquiles
do Diabo.

Ī

ㅡ Chegou a hora, vamos matar Hoseok.

O padre e seu comparsa conversavam na igreja, suas vozes vinham como sussurros mórbidos; os joelhos tocavam o chão frente a imagem de um Cristo que não se mexia. Em uma cruz que não existiu.

ㅡ E como eu devo fazer isso, padre?

ㅡ Seduza-o! Escreva uma carta, peça para Hoseok se encontrar com você ao cair da noite. Deixe o bilhete na cama dele e garanto que ele vai ler, como um menino muito curioso, o jovem rei não vai nos decepcionar. Com a chegada dele, a tocaia já vai estar armada! Mas, eu estarei aqui na Igreja, aguardando apenas a chegada da notícia.

ㅡ Conte comigo.

A espreita na escuridão estava Lúcifer, sentindo nojo daquele homem tão hipócrita; quando o conheceu pessoalmente, pôde ver através dos seus olhos todos os seu pecados, e se deliciou com a idéia de tê-lo no inferno, afinal, aquelas almas ruins, eram sempre as mais saborosas.

E decidido a dar um fim em cada pessoa que conspirasse contra o Rei, partiu rumo ao castelo, se misturando as sombras.

A noite caiu; a lua já brilhava tão radiante que assemelhava-se ao sol. Os cavalos e as bigas já estavam guardadas, soldados trocavam seus turnos e JungKook esperava pacientemente o Jung pular a janela, porque sabia que ele o faria.

Lembrou da sua conversa com Jimin, e de seus conselhos para a situação, o Pecado capital lhe disse que não deveria contar a Hoseok o motivo real para não ir ao encontro, mas inventar um que seja bom o suficiente para o convencer. Lúcifer até mesmo torceu o nariz quando seu irmão se ofereceu para passar a noite com o Rei, não que ele fizesse questão, mas o pouco que descobriu do jovem foi o suficiente para desejar saber mais.

ㅡ Onde vai? ㅡ indagou Lúcifer, Hoseok havia acabado de pular sua janela.

ㅡ Que susto! Está me seguindo, comandante?

ㅡ Sim.ㅡ deu de ombros. ㅡ Não vá.

ㅡ Sabe alguma coisa sobre pra onde eu vou?

ㅡ Sim, por isso peço que não vá.ㅡ os olhos redondos e escuros notaram o quanto Hoseok parecia incerto, como se desejasse de certa forma, estar ali. Mas não quisesse dar o braço a torcer.ㅡ Tenha um encontro comigo.

Sua boca abriu e fechou diversas vezes, em choque com a forma tão despreocupada de lhe pedir tanto. Pensou se poderia ou não, se iria contra as regras do cortejo, até entender que ele era o governante, e deveria seguir as suas vontades. Merecia isso.

ㅡ Tudo bem, então pra onde vamos? ㅡ Viu o general caminhar até que estivesse perto, e ai pôde perceber a confusão na sua face. ㅡ Me chamou pra um encontro e não sabe pra' onde me levar? É sério?

E como se um balde de água fria fosse despejado na sua cabeça, a face que até então mostrava-se confusa, mudou para descontração. E nos lábios cheios e avermelhados, surgiu algo peculiar. Um sorriso, estampado na boca de um demônio perigoso, temido por milhares,  estava ali, sorrindo em pura rendição. Deixando que a sua gargalhada invadisse os ouvidos sensíveis do Jung, que não escondeu a admiração em seus olhos ao ver os dentes salientes e o quanto ele parecia ainda mais bonito daquele ângulo.

ㅡ Pela primeira vez eu não sei o que fazer...ㅡ comentou derrotado.ㅡ Mas seria agradável só andar por aqui, nunca tive a oportunidade de conhecer os arredores do Castelo.

ㅡ Hm...podemos ir ao jardim!

ㅡ Piegas.ㅡ o encarou com a lateral dos olhos, percebendo o movimento sutil dos seus lábios, como se tentasse esconder o riso.ㅡ Mas é um bom lugar para um encontro.

Sentaram sobre a grama, o vento frio embalou os corpos, junto a melodia deliciosa da árvores e corujas que moravam ali. Os olhos escuros encaravam o horizonte, e nenhum dos dois parecia disposto a falar, estavam confortáveis naquele silêncio como nunca estiveram antes.

ㅡ Você me intriga, Alteza.

ㅡ A recíproca é verdadeira, não sei nada sobre você.

ㅡ Não é um segredo, eu sou o diabo! ㅡ deu de ombros e o encarou, sério e crente de que o jovem rei acreditaria.

ㅡ Certamente...bonito desse jeito. ㅡ sussurrou a última frase, não queria que ele ouvisse, mas por estarem tão perto falhou miseravelmente.

ㅡ Majestade! Majestade! ㅡ gritou um emissário que vinha correndo, os olhos esbanjavam pavor.ㅡ Acharam um corpo crucificado na frente da igreja, venha venha!

Hoseok estava assustado, nunca que uma morte - fora de um torneio, tinha acontecido ali, mas estava tão entretido com o tempo de qualidade ao lado do General que por pouco cogitou não levantar.

ㅡ Eles precisam de um Rei, vá. E não se preocupe em me procurar entre os seus guardinhas, sempre estarei por perto.

E quando o Jung levantou, apenas as bromélias que estavam ao seu redor ficaram, e com cuidado, Jungkook as colheu, colocaria sobre a cama da rei mais tarde.

(Mais cedo, naquele mesmo dia)

ㅡ Tem certeza, Lúcifer?

ㅡ Sim, vá e mate-o! Torture até que a sua alma implore pelo inferno. Se soubesse tudo o que ele pensou em fazer, cada vontade nojenta! O coloque de cabeça pra baixo em frente à igreja, quero mandar um recado pro' Padre e para o nosso pai.

ㅡ Sim, senhor.

Leviatã atravessou a floresta, vestia um manto tão claro que mais parecia um anjo - não que não fosse, o lugar marcado para o encontro parecia vazio, mas Jimin sabia que o homem o esperava escondido em uma árvore. Foi quando o primeira flecha lhe acertou.

A cabeça caiu para trás e seu corpo foi ao chão.

ㅡ Esse foi fácil! O padre não vai acreditar no...cadê ele?!

ㅡ Ele quem, docinho? ㅡ indagou o Pecado.

ㅡ Por Cristo! Quem é você?! Como sobreviveu?!

ㅡ Cristo não está aqui agora, meu bem. Então clame pelo diabo, e talvez, a sua morte seja rápida.

Os animais que habitavam a região fugiram com os gritos do comparsa, seu corpo estava no chão enquanto cães do inferno comiam-lhe o cerne, deixando sua consciência tão sã, que o homem rezou para morrer. Mas nem assim conseguiu fechar os olhos; e sempre que o fazia, sua mente mergulhava em um fosso quente, onde sua carne era devorada por larvas.

E quando já estava entediado com o sofrimento dele, Leviatã o arrastou até a frente da igreja, e ergueu sem dificuldades uma cruz invertida, pendurando o homem nele. Este que ainda resmungava palavras desconexas, e desejava a morte.

ㅡ Deus, este aqui é especialmente pra você. ㅡ e com um estalar de dedos, o homem morreu, e Leviatã desapareceu em uma fumaça espessa e demoníaca.

Sob os olhos do Rei. Onde as histórias ganham vida. Descobre agora