12 . O que prenuncia o dilúvio.

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A pré existência da felicidade
antes da tragédia.


Ī

Deus nunca soube de fato o que antecedeu o amor, a criação deveria conhecer apenas a servidão e o medo; mas sozinhos, descobriram que seus corações tão frágeis eram capazes de bater por outras pessoas. Aquilo não agradou o divino, mas não admitiu! Afinal, seus filhos o julgariam fraco por não poder controlar os peões que tanto subjulgava.

Até mesmo Lúcifer acreditava que os sentimentos humanos eram provenientes da manipulação de Deus, que mortais não conseguiriam sentir sem a intervenção do seu Criador. Mas, ali, com o jovem rei tão aconchegado em seus braços, esta verdade parecia muito distante.

Viu o amanhecer do dia porque não teve coragem ou forças para dormir, seus olhos que por vezes mantinham-se castanhos, assumiram o tom safira quando o rosto angelical do Jung, foi enquadrado em sua visão. Sua respiração calma mostrava o quão profundo era o seu sono, e Lúcifer como um mero telespectador, ouvia com sua audição apurada, o coração bater melodicamente.

Estupidamente lindo.

Levantou com certa dificuldade, Hoseok apenas resmungou, mas logo a sua cara já estava contra o travesseiro macio. E a contragosto, o demônio pôde se arrumar.

Andava pelo castelo com um sorriso quase imperceptível, percebendo os olhares cheios de segundas intenções, e os curiosos que tentavam buscar em sua feição, um motivo para o sumiço do rei em um evento tão importante. Com o passar da hora, notou que o resto da corte já estava sentada para o desjejum, e que o Rei não estava com eles. Preocupou-se. Decidindo então verificar se o monarca estava bem, ou se algo mais grave o incomodava de modo ao impedir de se alimentar correntemente.

ㅡ Senhor Jung! ㅡ uma batida na porta. ㅡ Majestade, trouxe o seu café. Precisa de ajuda? De um médico?

ㅡ Posso ajudar? ㅡ indagou o general curioso, percebendo que a servente batia na porta do quarto do rei, e logicamente não seria atendida.

ㅡ De modo algum, senhor. É que o Rei ainda não se alimentou, estou apenas me certificando de que vá fazer isso!

ㅡ Não seja por isso, me dê e eu mesmo entregarei a ele.

ㅡ Mas como? Ele não atende!

ㅡ Pelo óbvio, ele não dormiu aí. Dormiu comigo.

E Lúcifer não sabia, mas aquela frase simples e aparentemente inofensiva, causou um grande burburinho entre os serventes.

Damas da corte se reuniam na frente do quarto de Jungkook, todas esperavam para a liberação do Rei, assim, entrariam no ambiente para o arrumar como de costume. Por ser o governante, Hoseok tinha ao seu dispor mulheres que o davam banhos extremamente relaxantes, o ajudavam com suas roupas e o alimentavam, mas naquela manhã em questão, foi surpreendido ao acordar lentamente e ver que Jungkook o aguardava, seu café estava muito bem posicionado no colchão e o Jeon, lia o livro que não saia de suas mãos desde a sua chegada. Quando concentrado, o comandante ficava ainda mais bonito.

ㅡ Bom dia...ㅡ anunciou, com a voz arrastada pelo sono pesado, e os olhos inchados.ㅡ Dormi muito?

ㅡ Dormiu o suficiente. ㅡ o demônio fechou o livro e o apoiou na escrivaninha, seguindo para a cama. Sentou frente ao monarca e sorriu abobalhado, se atentando ao bocejar preguiçoso dado pelo outro, e o resmungo adorável que saiu dos seus lábios. ㅡ Coma, seu banho já está pronto.

Sob os olhos do Rei. Where stories live. Discover now