10 . Nascem as primeiras rosas.

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Hoseok acordou antes que o dia amanhecesse, fora dormir antes do findar do jantar, poupando-se das investidas românticas das outras princesas. Diria que até fugiu de Jimin, mas o homem não parecia realmente interessado em si, pois sua cordialidade beirava a amizade e apenas, mas percebia que seus olhos naturalmente azuis paravam por tempo demais em sua irmã; inocente e alheia as paixões que cativava sem esforço.

Ao sair do quarto vestido apenas de um hanbok tão escuro quanto os seus cabelos e sua coroa, precisou ordenar aos guardas que não necessitava de proteção, iria a biblioteca enquanto o desjejum ainda não era anunciado.

Adentrou ao espaço e como esperado, estava vazio. Um mar de paz e pura história; de romances, à árvore genealógica de toda a soberania Jung. Caminhou por entre os extensos corredores e prateleiras até que seus olhos o viram, vestindo uma armadura reluzente junto a um roupa preta, braços armados como se a qualquer momento pudesse lutar, e o cabelo estava solto de modo a emoldurar o rosto de traços tão únicos.

Lindo, pensou o rei.

ㅡ Se ficar me encarando muito vou acabar ficando assustado. ㅡ saiu dos seus pensamentos ao notar a voz grossa, e o quase imperceptível sorriso nos lábios chamativos.

ㅡ Você não dorme? ㅡ indagou ao se aproximar do general.

ㅡ Não preciso dormir.ㅡ deu de ombros e abandonou a leitura, deixando seu braço cair na lateral do seu corpo, sem soltar o poderoso manual de Enoque.

ㅡ E o que está lendo? ㅡ espremeu os olhos para tentar ler o título do livro, ao conseguir, torceu o nariz. Não parecia algo muito interessante.

ㅡ Livro de Enoque, é interessante, mas não diz muito sobre o que eu gostaria de saber.

ㅡ E o que seria isso?

ㅡ Quero abrir o portão do céu.

ㅡ Por quê? É o diabo por acaso?

ㅡ Sim.ㅡ tornou a voltar seus olhos para o livro, decidindo então encerrar sua leitura para continuar a conversar com o monarca.ㅡ Gostou das flores?

ㅡ Uhum...ㅡ Hoseok deu um passo na direção do diabo, ficando bem a sua frente, enquanto seus olhos fingiam procurar algo na estante atrás dele. Tentando esconder em sua postura, o quão tímido estava.

ㅡ Então por que o esconde? ㅡ seu indicador tocou com cuidado o lábio inferior do Rei, e o monarca tomou um susto devido a proximidade repentina.

ㅡ O que estou escondendo?

ㅡ Seu sorrriso, Hoseok.ㅡ desceu com o toque até a lateral do maxilar alheio, o enchendo com a sua palma, de modo a acariciar com cuidado a pele macia, sentia que o Rei poderia repeli-lo a qualquer momento.

Estavam tão entretidos com a bolha criada que não notaram a movimentação no início da biblioteca, serviriam o desjejum mas precisavam de Hoseok lá para isso; então os guardas se uniram para procurá-lo.

ㅡ Majestade? Está aqui?!

ㅡ Eu acho melhor você...

ㅡ Cala a boca.ㅡ interrompeu o Jung, em um sussurro tão próximo que sentiu todo o seu corpo formigar em resposta.

Não esperou que o general tivesse alguma atitude, por mais que não fizesse parte do seu feitio agir como um adolescente em uma guerra de hormônios, via-se sem os sentidos sempre que aquele homem lhe rondava. E durante aquelas festividades tão arcaicas, somente o general havia lhe provocado tantas sensações. E se sentia desonesto ao dar tanta esperança a outras pessoas quando a única que gostaria de conhecer estava bem ali, lhe deixando flores no quarto e o chamando para encontros.

Sob os olhos do Rei. Where stories live. Discover now