Say you won't let go

Capítulo 30 - Um novo começo

Kara Danvers •
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O dia estava bonito, a imensidão do céu predominava de um azul claro, sem uma única nuvem pintando o céu, o sol  brilhava forte, deixando o calor excessivo, por sorte as árvores ao redor da minha fazenda mantinham uma sombra fresca.

Pela primeira vez em muito tempo eu estou entre os meu vinhedos, um lugar especial que fui criando ao longo dos anos, porém se tornou um sonho adormecido, soterrado pelas dúvidas e medos de não saber até onde isso afetaria o legado do meu avô.

Hoje eu tenho consciência de que ele gostaria que eu seguisse em frente, criasse asas e fizesse florescer, o que ele plantou com tanto amor e dedicação. Talvez ele soubesse que eu faria mais, porém com a certeza de que eu honraria o que ele lutou tanto para construir.

A verdade é que não importa se são sucos ou vinhos ou se as vendas se expandem para além dessa cidade, o que sempre importou e sempre vai importar é o amor.

Enquanto existir amor batendo dentro do peito por cada pedacinho de terra, vou saber que ele estará orgulhoso.

Passei a manhã toda caminhando pelas fileiras de videiras, observando cada cacho de uva que crescia, sentindo o aroma doce e suave que exalava delas. A sensação de paz e tranquilidade invadindo meu coração.

Estava pronta para reviver esse sonho, resgatar o legado e fazer a fazenda voltar ao que era antes, um lugar de prosperidade, amor e tradição. Não seria um caminho fácil, mas eu estava disposta a fazer dar certo, a coragem batendo forte no peito e uma vontade gigante de apenas continuar.

Eu não poderia estar mais feliz, tudo estava exatamente como eu sempre desejei, um bom lugar pra viver, bons amigos, uma ótima família e o amor da minha vida ao meu lado para compartilhar a vida. Voltamos há uma semana e apesar dela ainda estar se adaptando e digerindo tudo o que aconteceu, estamos nos saindo muito bem.

No final do dia, enquanto o sol se punha no horizonte, eu me sentei no meio dos vinhedos, olhando o céu ganhar tons de laranja e vermelho. Eu senti a presença do meu avô ao meu lado, como se ele estivesse me dando sua benção para seguir em frente. Apesar dos problemas do passado, sei que nós duas faremos diferente e por essa razão eu não vejo ninguém melhor que Lena para estar ao meu lado e juntas construir esse sonho.

— Então, você está ai!

— Perdi a hora, não foi? — ela ri

Lena estava absolutamente linda, seus cabelos estavam soltos, caídos sobre a pele branca de seus ombros, ela vestia uma regata branca de alça fina, um shorts azul claro. Sua beleza ofuscava por completo a imagem do horizonte à minha frente.

Ela desceu do cavalo e o puxou para perto do meu, ela olhava silenciosamente para as fileiras de videiras, estudando a área cuidadosamente enquanto caminhava para perto. Ela senta entre as minhas pernas e encosta seu corpo no meu, passo meus braços em volta da sua cintura, deixando um beijo em seu ombro e sigo o caminho até o pescoço.

— Que lugar é esse? Está fora das suas terras.

— Na verdade, são minhas. — ela franze o cenho — Meu avô me deu essas terras quando completei quinze anos. Eu não fazia ideia do que fazer com elas, nunca me imaginei saindo do casarão, então pensei em utilizar esse espaço para plantação e quem sabe expandir, mas não tive tempo de conversar com ele para sugerir a ideia e depois... bom depois eu... — ela aperta minha mão, me encorajando. — simplesmente deixei de lado, não parecia certo.

— Então... Se você deixou isso de lado, como você explica essas fileiras enormes de videiras à minha frente?

— Eu as plantei... Perder meu avô foi difícil, mas continuar seguindo a vida sem ele foi... — minha voz embarga e sinto os braços de Lena me abraçar pela cintura quando ela se vira de lado — Os primeiros anos foram extremamente dolorosos, as pessoas seguiram com as suas vidas, os negócios estavam ruins, eu tive algumas crises no decorrer dos anos, aos vinte e um foi quando os plantei. Eu estava com tanta raiva, medo, angustiada por tantas falhas que ocupei minha cabeça trabalhando, dias inteiros sob sol e chuva, e no dia seguinte, e no outro, e de novo, fiz isso durante um tempo, mas sem nunca sair de fato do lugar.