capítulo 9

2 1 0
                                    

CAPÍTULO 9

Ao chegarem em casa, perceberam a ausência da jovem. O coração de Lorena acelerou, pois ela sabia que Rômulo não perdoaria a filha. Tentou distrair o homem, mas ele saiu perguntando se alguém tinha visto a garota. Lorena pensou consigo mesma que ele não faria nada com a filha em público e tentou acalmar o coração. Aqueles que conheciam as agressões que Mari sofria fingiam não ter visto a garota.

No entanto, um menino que não sabia dos maus tratos falou que a viu no bar. O homem ficou vermelho de ódio, com a respiração pesada e a boca espumando, seus olhos pareciam prestes a saltar das órbitas. Ele seguiu na direção do bar indicado.

De longe, ele avistou Mari de costas e o dono do bar tentou avisá-lo, mas já era tarde demais. Ele chegou com tanta raiva que derrubou a garota da cadeira puxando-a pelos cabelos e lhe deu um tapa no rosto, fazendo com que ela visse o mundo escurecer e sentisse o gosto do sangue na boca.

As pessoas observavam a cena de agressão sem fazerem nada. Rômulo saiu arrastando a pobre Mari pelos cabelos, xingando-a, e por onde passava, as pessoas ficavam horrorizadas com a agressividade do homem, questionando como um pai poderia ser tão cruel com sua filha, e por que Lorena não fazia nada para impedir a situação.

As pessoas não se envolviam porque sabiam que o homem era violento, e que cabia à esposa denunciar. Enquanto isso, Mari era quem sofria as consequências.

De volta para casa, Mari foi trancada no quarto e ali passou dois dias presa, sem comer ou beber. No terceiro dia, ela não reagia, fraca e desidratada. Ao perceber isso, ele correu com ela para o hospital, enquanto o médico a atendia, o homem caminhava de um lado para o outro no corredor do hospital.

O médico a colocou imediatamente no soro e providenciou o internamento. Percebendo as marcas da agressão, o médico tentou questionar, mas por vergonha, Mari negou e alegou que foi vítima de uma briga na rua.

Rômulo foi embora e Lorena ficou com a filha, seus olhos inchados de tanto chorar.

O médico não comentou sobre a gravidez. Não se sabe se ele não percebeu ou quis poupar a garota, já que não acreditou na história da briga na rua.

Mari, desesperada, foi diretamente ao mesmo bar onde fora humilhada, e falou com Augusto, dono do bar, pedindo ajuda. Contou a ele tudo o que estava acontecendo e que precisava de ajuda para interromper a gravidez, pois temia pela própria vida, uma vez que o pai poderia matá-la.

— Não posso te ajudar nisso, Mari. Você deveria ter pensado nisso antes de tomar essa decisão. Seu pai pode ficar bravo, mas vai passar. Afinal, um bebê tem o poder de transformar uma família. Quem sabe através desse anjinho que está sendo gerado dentro de você, traga estrutura para sua família. — Disse Augusto.

Mari saiu, mas não conseguiu tirar da cabeça a ideia do aborto. Decidiu fazer algo arriscado: prostituir-se para juntar dinheiro e adquirir as pílulas abortivas.

Após um mês, juntou o suficiente para comprar as pílulas e foi para casa. Tomou o remédio e aguardou. Horas depois, Mari suava frio de dores e agonia, incapaz de se manter em pé. Chorava, gritava, e nada aliviava seu sofrimento. Sentia como se estivesse morrendo, com o sangue jorrando incessantemente. Uma escuridão tomou conta de sua visão e ela desmaiou.

Na manhã seguinte, Lorena estranhou a filha não levantar-se e, ao ir ao quarto, a encontrou no chão, em uma poça de sangue, gelada como a morte.

Correndo, Mari pediu ajuda e foi levada para o hospital, onde ficou internada por 12 dias.

Ao receber alta, a situação já era conhecida por todos e muitas mulheres começaram a menosprezá-la. Rômulo ficou furioso, não tanto pelo fato de ter engravidado, mas por ter causado a morte de um bebê inocente ao tentar encobrir seu erro. As pessoas começaram a difamar Mari em todos os lugares, chamando-a de destruidora de lares e apoiando a decisão de John de se afastar, alegando que ele fez o certo ao não querer estar perto de uma "prostituta".

Os dias passaram e Mari se viu mergulhada em álcool para tentar esquecer suas dores e o julgamento implacável de sua comunidade. Sem notícias de John e Lourdes, os enjoos persistiam, seus seios cresciam e seus quadris alargavam - levando-a a acreditar que tinha sofrido um aborto.

Brenda, sua amiga, confrontou Mari, expressando sua decepção com as atitudes impulsivas dela. Mari, zangada, defendeu suas escolhas, recusando-se a se abater pelas críticas alheias.

Apesar da briga, Brenda continuou presente na gestação de Mari, comprando roupas para o bebê, mas o coração de Mari parecia cada vez mais endurecido.

Mari se mudou para a casa deixada por John, visitando sua família apenas quando o pai não estava presente, já que estavam brigados há meses. Em uma noite, durante um encontro com amigos, veio à tona um boato de que Mari estava se prostituindo de luxo, o que a fez recordar do seu passado obscurecido por erros e máculas.

Resoluta em não querer o filho, Mari se debatia com o peso de suas escolhas e a ideia de como explicar a situação para a criança vindoura. Em um confronto com Rômulo, o pai da criança, Mari acabou sendo agredida fisicamente, resultando em um cenário caótico que a levou a fugir debaixo de uma tempestade.

Desamparada e ferida, Mari desabou na chuva, sangrando e desfalecida em uma poça de lama, até ser encontrada por Brenda, que a conduziu ao hospital.

casamento às cegas Donde viven las historias. Descúbrelo ahora