capítulo 10

2 1 0
                                    

CAPÍTULO 10

Chegando no hospital, levaram Mari para mesa de cirurgia e Brenda ficou aguardando muito preocupada. Após algum tempo, a enfermeira saiu com uma pequena menina nos braços e a entregou a mesma, encaminhando-a para o leito onde Mari repousaria. Duas horas depois, trouxeram Mari de volta, mas ela só acordou no dia seguinte com uma enfermeira chamando-a para tomar café.

— Bom dia, Mari! Como se sente? — cumprimentou a enfermeira.

— Bom dia! — respondeu Mari, sentindo-se como se tivesse sido atropelada por um caminhão.

— Entendo, mas olhe o lado bom, sua filha é linda. Parabéns! — disse a enfermeira, tentando alegrar Mari.

Mari olhou para a enfermeira e virou-se para o outro lado. Diferente de muitas mães no mesmo quarto, Mari não estava emocionalmente preparada para lidar com a situação e falar sobre a criança era como expor ao mundo sua desgraça.

Nesse momento, Brenda entrou com a pequena menina, pesando menos de dois quilos, mas todos notaram a beleza da criança.

— Olha, amiga, como sua filha é linda - disse Brenda, tentando trazer um pouco de ternura ao momento.

Olhando para a criancinha, Mari se encheu de angústia e respondeu rispidamente:

— Parece mais um rato. Quero que tire isso da minha frente. Não quero ver essa coisa de novo.

Brenda encheu os olhos de lágrimas e disse, entre soluços:

— Ela não tem culpa de nada que aconteceu com você, Mari. Por que desprezar essa criança inocente? Você fez suas escolhas erradas e agora precisa ser forte para enfrentar as consequências. Tudo que plantamos, colhemos. Qual é o pecado dessa menina?

Mari ficou calada, consciente de que sua amiga tinha razão. Realmente, sua filha não tinha culpa alguma. Porém, acreditava que quanto menos se envolvesse com a menina, melhor seria para o futuro, acreditava que não seria digna da criança.

Ao ver que Mari não respondia, Brenda ficou chateada e saiu até outro leito próximo para pedir para amamentar a bebê que chorava muito de fome. Mari tapou os ouvidos para não ouvir, estava irritada sem nem saber o motivo, virou-se para a parede e começou a chorar.

Por volta do meio-dia, a mãe de Mari entrou no quarto, muito preocupada e com a cabeça enfaixada, pois havia passado a noite no hospital e só descobriu o que aconteceu com a filha naquele momento. Ao ver a bebê nos braços de Brenda, apaixonou-se pelo pequeno ser que dormia tranquilamente depois de ter mamado bastante. Mari olhou para a mãe e a cena da agressão se repetiu em sua mente.

Lorena olhou para a filha, e lágrimas de tristeza escorreram pelo seu rosto.

— Oi, meu amor. Como está se sentindo? - perguntou ela.

— Eu... estou viva - respondeu Mari.

— Mãe, por que você não larga esse homem? Ele não te merece. Até quando vai viver assim, olha o que ele fez comigo e o que fez com a senhora. Vale a pena viver com medo, sendo espancada?

Lorena não respondeu à pergunta da filha, apenas abaixou a cabeça e mudou de assunto.

— O que está acontecendo, Mari? Por que você não amamentou sua filha? - questionou.

— Eu não quero esse bebê, mãe. Não quero - desabafou Mari.

— Olha o que você está dizendo, Mari. Rejeitar sua própria filha, um pedacinho de você... Não cometa um erro tão grande. Eu cometi um erro no passado e estou pagando o preço até hoje. Não quero o mesmo para você. Sabe por que trabalho tanto e aguento tudo que seu pai faz comigo? Porque preciso criar meus filhos. Você e seus irmãos são o que me dá forças para continuar, dando um passo de cada vez.

Depois de cinco dias internada, Mari recebeu alta. Ela havia contraído uma gripe por conta da chuva na noite em que fugiu de seu agressivo pai. Foi um verdadeiro milagre tê-la encontrado a tempo, graças à chuva forte que atrasou a família de Brenda para voltar para casa e, assim, encontraram Mari desfalecida naquela noite.

O médico explicou que se tivessem demorado mais, ela não teria resistido. Geralmente, a família de Brenda retornava da igreja às 21:00, mas Mari foi encontrada por volta da meia-noite, mostrando que foi um cuidado de Deus salvar sua vida. Mari estava com hemorragia, desmaiada, e a água da chuva havia se acumulado onde sua cabeça estava, sufocando-a.

Após receber alta, Mari saiu na frente sem olhar para a filha. Lorena, observando a cena, sentiu uma tristeza imensa no coração, pegou a criança em seus braços e a levou para casa. Mari não quis acompanhá-la, temendo que o pai voltasse a agredi-la, pois seu coração estava cheio de mágoas, ódio e rancor pelo pai. Lorena também não insistiu, pois Rômulo era imprevisível e ela não sabia como ele reagiria ao ver a criança.

Ao se aproximar da casa, Mari sentiu um delicioso cheiro de comida, o que fez sua boca salivar. Abriu um sorriso ao pensar que John estava de volta, mas ao se aproximar, viu Liam e Brenda se beijando intensamente. Mari parou na porta e começou a rir, com a mão na boca, assistindo à cena em silêncio até que os surpreendeu.

— Muito bonito, hein, dona Brenda? Você aí na minha cozinha, dizendo que está preparando o almoço para me esperar, e em vez disso está desentupindo a pia com o Liam! - exclamou Mari com humor.

— Para, Mari! Não estou desentupindo nada, que ideia essa sua - respondeu Brenda, com um sorriso disfarçado.

— E você, rapaz? Pediu minha permissão para namorar minha amiga quase irmã? - questionou Mari, olhando para Liam.

Liam riu e respondeu:

— Não, Mari. Foi um vacilo meu. Você me permite namorar sua amiga quase irmã?

Os três riram juntos. Mari nunca tinha visto Brenda tão feliz, e sentiu-se contente pela felicidade da amiga. Olhando para Liam, fingindo brava, Mari disse:

— Sim, eu permito. Mas se fizer a Brenda sofrer, juro por Deus que corto isso que você tem no meio das pernas e dou para os cachorros comerem na sua frente.

Liam olhou para ela, fazendo uma careta de dor e protegendo a área.

— Está doida, Mari. Jamais faria essa princesa sofrer. Ela é a única que pode fazer o que quiser comigo, pois a amo como nunca amei alguém na minha vida. - afirmou Liam.

Mari sorriu e disse:

— Sim, Liam, eu sei. Sete meses, o período da minha gestação.

— Por falar em gestação, onde está a sua filha? Ouvi dizer que é linda - comentou Liam, olhando ao redor para ver se alguém trazia a menina.

Mas Mari mudou de assunto e sua expressão se tornou furiosa.

— Brenda, me ajude a tomar banho, por favor. Não consigo ligar o chuveiro, é muito alto para mim e posso estourar os pontos.

— Claro, Mari - respondeu Brenda prontamente.

Percebendo que algo estava errado, Liam manteve seus pensamentos para si.

casamento às cegas Wo Geschichten leben. Entdecke jetzt