Equinócio

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   Mas o que diabos tinha na cabeça?!

   Essa era a pergunta que Natalie fazia a si mesma quando recapitulava os últimos minutos antes de Charlie partir rumo à locadora, afim de atender a um de seus desejos de aniversário.

   Estava começando a acertar sua amizade com o xerife, e simplesmente acabara com tudo o atacando com um beijo...um beijo!

   Não que não tivesse sido bom — na verdade, ainda podia sentir o pinicar do bigode dele contra os seus lábios se se esforçasse um pouquinho — o que a incomodava era a motivação que a teria feito agir como agiu, e que bem sabia não ter sido uma das mais louváveis.

   Tinha sido impulsiva, outra vez, e para abafar a tristeza que sentira mais cedo por conta de Faith, acabara puxando Charlie para essa história da pior forma que poderia.

   “Pelo menos não transamos” ponderou consigo mesma, como se o fato de não terem sido inconsequentes o bastante para pularem para tal etapa fosse a eximir de ter de conversar sobre o que fariam de sua relação, assim que ele retornasse com os filmes e a pizza.

   Mas afinal, era tão ruim assim? Não, sabia que não.

   Podia não ter tido muito tempo para conhecer Charlie, mas das poucas facetas que já vira, sabia que ele era o tipo de homem confiável e gentil que gostaria de ter por perto. Afinal, não foi à toa que desejara tanto a sua amizade logo de cara, e se ressentira ao pensar por um instante que ele talvez não tivesse o mesmo interesse.

   — Você não está morta... — resmungou para si, espiando pelas janelas quando vira as luzes da viatura brilharem na entrada, anunciando o retorno dele.

   Não sabia quanto tempo levara para Ed decidir que merecia algo para além do que tinham, mas ela gostaria de pensar que estar cogitando ficar com Charlie era mais do que uma forma torta de reparar sua própria vida bagunçada.

   — Me deixe ajudar com isso. — sorriu ao abrir a porta, apanhando as caixas de pizza, onde uma de marguerita e outra de champignon cheiravam muito bem. — O que teremos para ver? — expressou sua empolgação quando ele marchou para a sala, depositando os dvd’s sobre a mesinha de centro.

   — Parei para perceber que não tinha perguntado qual era seu gênero favorito de filme só quando já estava na locadora. — ele riu um tanto sem graça levantando uma das capas, onde Julia Roberts puxava a gravata de Richard Gere. — A atendente disse que é um clássico entre a mulherada.

   — Ah, é claro que já sonhei, uma ou duas vezes, em ser uma acompanhante de luxo de um ricaço como o Edward Lewis. — ela devolveu com humor, rindo da forma como ele arregalara os olhos, um pouco embasbacado. O Swan realmente não fazia ideia quanto ao enredo do filme. — Mas é sério, eu gosto muito do filme, e talvez você vá gostar também. — procurou o animar, saindo por alguns instantes para ir até a cozinha e pegar o refrigerante e copos nos quais beber.

   Decerto que aquele não era o filme que estaria no topo da lista de filmes que Charlie pensaria em ver um dia, mas foi divertido observar suas reações pelo canto de olho, enquanto Vivian e Edward iam se tornando mais íntimos ao longo do filme. Não era sobre se forçar a ver algo por alguém, mas sim de se permitir se levar durante aquele tempo juntos.

   Descansando as pernas sobre as dele, Natalie se sentia cada vez mais feliz por ele não ter permitido que ela passasse seu aniversário sozinha.

   — Ainda vamos ter que tirar um dia para ver um filme que você gostaria. — ela decretou, ao espiar mais um dos dvd's que ele teria trazido, e ver que se tratava de “Casamento Grego”. — Deixe-me pensar: Algo com o Bruce Willis...? — provocou, já que parecia um chute certo dado o jeitão de “bom policial” dele.

   — Não sou muito chegado em filmes, eu confesso. Sei que isso me faz parecer a pessoa mais arcaica do mundo, mas me contento com os esportes e pesca. — ele dera de ombros, bebendo displicentemente do seu refrigerante, enquanto a outra mão acariciava a panturrilha dela.

   — Então terei de consertar isso! Mas relaxe, meu gosto por filmes é eclético o bastante para que possamos procurar por um gênero que te agrade! — ela pontuou, soltando uma piscadela confiante.

   Após esta última resposta, foi a primeira vez que encararam o silêncio entre ambos, sem qualquer filme para se por no meio. Foi relativamente bom, apesar de um tiquinho assombroso, mas em certo ponto os ajudou a se lembrarem de que não estavam em uma companhia qualquer.

   Se inclinando para depositar a bebida sobre a mesinha de centro, o movimento seguinte de Charlie foi esticar o braço para um dos ombros de Natalie, a puxando para mais perto, sem fazer questão de que ela tirasse as pernas de sobre o seu colo. Acolhendo aquele gesto, a mulher também não demorara muito para se arranjar, sua cabeça passando a descansar o ombro dele, enquanto os braços o envolviam, um em suas costas e o outro pelo seu torso, para se encontrarem do outro lado do corpo dele.

   — Eu realmente gosto de estar com você, Charlie. — admitiu, sem querer se comprometer a dizer muito mais. Não era um pedido de casamento, mas apenas uma constatação da qual sabia que ele deveria ter ciência.

   Porém, se imaginou que isto seria o bastante para o conformar, descobriu-se enganada, ao sentir aquela mão que outrora lhe acariciava a panturrilha subir até seu queixo, o erguendo levemente para que seus olhos se encarassem diretamente. Foi quando ele a surpreendeu mais uma vez, beijando suas bochechas, então o seu nariz, para por fim beijar as suas pálpebras, muito calmamente.

   — Não quero que se sinta grata por eu estar aqui comemorando seu aniversário. Sei que errei com você, e não tenho certeza se já sou merecedor das suas desculpas. — ele murmurou contra a sua testa, muito sereno, onde por fim depositou mais um beijo.

   — Não é sobre gratidão, ou interpretar sinais errados. — ela o repreendeu, mas também nesse mesmo tom calmo, de quem comenta sobre o tempo. Era bom ver que conseguiam conversar tão facilmente. — Mas talvez esteja certo sobre ser cedo para transformarmos “isto” em algo mais. — assentiu, descansando a cabeça contra o ombro dele, o sentindo a apertar um pouquinho mais com o braço.

   — De qualquer jeito, saiba que, quando o momento certo aparecer, estarei bem na frente da sua porta aguardando pela minha chance. — ele riu contra seus cabelos, aspirando o cheiro doce ali.

   — Pois saiba que, quando acontecer, a porta já estará mais que aberta para você. — ela assegurou, e sem saber bem quando, acabou se deixando adormecer ali em seus braços.

   Óbvio que Charlie nem mesmo fizera questão de reclamar, deixando suas próprias costas descansarem contra o encosto do sofá, enquanto assistia aos últimos minutos daquele 21 de março fugindo pela janela, carregando consigo toda uma nova perspectiva ao lado daquela mulher.

   E quando ele imaginou que o inverno jamais teria fim, fez-se a chegada do Equinócio, anunciando a chegada de uma Primavera que prometia ser duradoura.

...

NOTAS DA AUTORA
Então, meu povo...Acho que a fanfic acabou. Digo, em tese tenho pano pra continuar (tenho ideias para um desfecho da história entre Natalie x Faith; vontade de escrever um almoço de domingo com a família, com direito a lobos, vampiros e híbridos correndo pela casa; e muito mais)

Porém, para o que eu estava imaginando a princípio, com Equinócio sendo uma short-fic...Eu meio que concluí kkkkkkkkkk

Depois de tantos anos, é tão bom concluir um projeto que não seja um conto, viu?

Não deixo essa nota para dizer que nunca mais escreverei sobre Swankins (sim, amo o nome desse ship), mas talvez o escreva num projeto a parte, quem sabe?

Só sei que tenho MUITO a agradecer por geral quem leu esta fic, de verdade! Simplesmente fizeram dos meus dias mais felizes aqui no Wattpad, quando eu já me sentia meio jogada de lado nessa plataforma.

A vocês, todo meu amor

BJUS & MORDIDAS DE WALKERS

Equinócio - TwilightWhere stories live. Discover now