Livre - Repostagem

Capítulo 65

Ela puxou o menino pela camisa, ele deu uma cotovelada nela por trás. Aproveitei a deixa dele me soltar, desviei e fui pra cima dela. A porrada foi trocada de igual pra igual, puxei o cabelo dela, meti uma joelhada, ela escorregou e caiu no chão. Comecei a dar sequência de socos no rosto dela.

Viviane: S-SUA OTÁRIA.

Camila: ME SOLTAAAA.

Senti os braços grandes me rodearem, e me puxar.

Pará: SOLTA.

Grudei no cabelo dela.

Pará: VIVIANE, SOLTA.

Viviane: SUA OTÁRIA, SEU LIXO.-Berrei. 

Camila: VAI COITADINHA SEM FAMÍLIA, FUDIDINHA DÁ PRA CHEFE.

Pará: VIVIANE, SOLTA CARALHO.

Ele foi puxando fio por fio dela na minha mão e eu sentia os fios se arrebentando. Eu estava cega de ódio, eu não respondia ninguém, só queria jogar aquela menina lá de cima.

Pará: OLHA PRA MIM.-Me encurralou em um canto.

Parecia que eu tinha acabado de acordar de um transe, ele segurava o meu rosto.

Pará: Amor.

Viviane: E-ela veio aqui, eu não fui atrás de ninguém.

Pará: Vamos embora daqui.

Viviane: Eu não vou.-Falei com raiva.- Me deixa resolver isso de uma vez.

Pará: Em casa a gente se resolve, vai andando na frente. Para com isso, por favor.

Ele foi me segurando, me guiando.

Viviane: Minha filha, cadê a minha filha?.-Falei desorientada.

Pará: Ela está com a tia dela, ela já foi com a Jessica. Anda, por favor.

Ele foi me guiando, todo mundo olhando o show, e eu escutando os gritos da maluca lá de dentro.

Entramos no carro, eu fiquei calada e ele também.

Viviane: Você ta me levando pra onde?

Pará: Pra casa.-Respondeu sério.

Fiquei quieta no meu canto pra não falar besteira.

[...]

Entramos em casa, fui direto pra banheiro. Tirei minha roupa que estava toda suja, imunda. Tomei um banho, senti arder minha perna que estava ralada.

Sai do banheiro enrolada na toalha e fui pro quarto. Ele estava sentado de cabeça baixa.

Viviane: FERNANDO.

Ele levantou a cabeça e me olhou.

Viviane: Você ta assim por que?

Pará: Assim como? Eu tô puto pra caralho. Tu acha que eu fico feliz com essas coisas?

Viviane: A culpa de tudo isso é sua!

Pará: Minha? Eu não fiz nada.

Viviane: Fez sim, fez, e você sabe disso. Sabe lá Deus o que você prometeu pra aquela filha da puta lá. Aquela piranha dadeira de parlatório.

Pará: Tu para de falar merda nessa porra, eu não prometi caralho nenhum pra ninguém mano. A mina me visitava, tá ligado? Tu sabe muito bem disso, quando eu sai da cadeia eu dei rl e ajudei ela por me acompanhar lá. E não passou nada disso.

Viviane: LEGAL, QUER QUE EU SORRIA PRA TUA CARA? ESTENDA UM TAPETE PRA TU?

Pará: Tu para de gritar nessa porra, porque eu tô falando contigo direito, ta? Quem me abandonou nessa foi você.

Viviane: ABANDONEI É O CARALHO, QUEM QUIS SE ENVOLVER E PUXAR GUERRA PRA MORRO FOI VOCÊ PORRA. EU SEMPRE TE DISSE QUE NÃO APOIAVA VOCÊ NESSA VIDA MALDITA. EU TE AVISEI, AGORA VOCÊ NÃO VEM ME CULPAR POR ALGO QUE EU NÃO TENHO CULPA. EU NÃO MANDEI VOCÊ FAZER MERDA E ME DEIXAR AQUI SOZINHA GRÁVIDA.

Pará: Eu vou sair desse quarto pra não sair da lógica contigo e te dar uns pescoção. Na moral.

Ele saiu batendo porta

Viviane: Inferno, que inferno.

Sentei na cama e comecei a chorar.

Viviane: Eu só queria ter paz, meu Deus.

Passei um tempo sentada chorando, pensando na minha vida, pensando em quando que eu teria paz pra poder viver com a minha família de forma tranquila. Levantei, vesti um camisola, amarrei o cabelo e fui pra sala. Ele estava sentado de olhos fechados. Passei pra cozinha, peguei água pra me acalmar.

Pará: Você ta certa, errado nessa história toda sou eu.

Permaneci calada.

Pará: Errei muito antes de chegar aqui, mas eu sempre quis ter a minha família. Quando eu te conheci eu não queria realmente voltar pra aquela vida, eu estava disposto a mudar mesmo. Tu nova chegou metendo furacão em tudo, bagunçando a minha vida com esse teu jeito aí. Eu sempre pensei em ter uma família contigo, mas eu errei po.

Escutei a voz dele embargando.

Pará: Eu fiquei mal pra caralho em saber que tu tava aqui fora sem mim grávida, eu queria ter você e a minha filha perto de mim. Sempre quis, sempre te amei pra caralho e tu ficou longe de mim. Eu não ia ficar pra trás não, mas eu me arrependi. Eu to aqui querendo fazer o certo, ter minha família.

Ele começou a chorar.

Viviane: Fernando, para com isso.

Larguei o copo em cima da pia e fui pro sofá.

Pará: Me desculpa po, eu errei contigo. Mas eu to aqui, eu quero a minha família de volta, eu quero você. Você quer que eu vá embora da tua vida? Eu não vou.

Viviane: Para com isso, por favor.

Pará: Quando que você vai me perdoar?

Viviane: Eu já te perdoei, para com isso.

Abracei ele, ele me abraçou.

Pará: Vem cá.

Ele me puxou pro colo dele, ficou grudado em mim.

Viviane: Para com isso, por favor. Não chora.

Pará: Vocês são a minha família, entendeu?

Balancei a cabeça.

Pará: Nós somos uma família, ninguém nunca vai poder dizer que você não tem uma. Vai ser sempre eu, você e a nossa filha.

Afirmei novamente.

Pará: Ta me escutando?.-Segurou meu rosto com as duas mãos.

Comecei a chorar.

Viviane: Eu sei, vocês são a minha família.

Ele me abraçou forte.

Viviane: Cadê a minha neném? Ela foi com a Jessica mesmo?

Pará: Ta com a bicha louca.

Ri

Viviane: Para com isso.

Pará: Eu tô brincando, você sabe.

Abracei ele forte, ele retribuiu beijando meu rosto.

Pará: Vamos lá deitar um pouco agarradinhos, enquanto o furacão da Pérola ta marolando lá.

Viviane: Como ela ficou?

Pará: Ela ficou nervosa na hora, mas a Jessica disse que depois ela esqueceu, ficou brincando lá. Ela teve que sair pra buscar as crianças com o pai no Fallet e deixou ela com o Junior. Hoje ela vai dormir lá na minha mãe.

Viviane: Ta bom.

Fomos pro quarto e deitamos abraçados.

[...]