Austin
Lilly estava acabando com minha sanidade mental. Desde que ela chegou, não consigo tirar meu foco dela. Já tentei me afastar o máximo que pude, sendo rude, mas ela parece um ímã que me atrai para ela. Ela não era minha, ela pertencia aos meus irmãos.
Sei que muitas vezes posso ser um idiota, mas Lilly me faz sentir coisas que nunca senti por ninguém, nem mesmo por Sofia. Ela me fazia querer mais, me fazia querer ser bom para ela, coisa que nenhuma de nossas mães conseguiu com o nosso pai.
Aiden, Adam e Aaron são frutos do casamento do meu pai. Agora, eu nem ao menos sei quem é a minha mãe. A única coisa que sei é que fui tirado dela assim que nasci. Meus irmãos sempre cuidaram de mim, mesmo não sendo filhos da mesma mãe.
Consigo ver neles muitas coisas do nosso pai, principalmente o lado possessivo e autoritário de Aiden e Adam. Eles foram os que mais sofreram nas mãos dele, então não julgo nenhum deles por ter matado nosso pai.
Vou para o escritório de Adam e entro sem bater. Daffine nem tenta me impedir, e ele para de digitar no computador e me olha com uma expressão carrancuda. Mesmo sendo o caçula, gosto de saber que posso contar e desabafar com cada um deles.
— Sério que você consegue se concentrar no trabalho depois do que houve na biblioteca? — ele pergunta, virando o monitor do computador. Olho para a tela dividida entre um GPS e câmeras de segurança.
— O que é isso? — pergunto e arrasto uma cadeira para perto dele.
— Lilly! — ele responde.
— Como nem celular Aiden deixa ela ter!
— Esqueceu que o pai de Luiza é advogado da família? Ele ligou para Aiden pedindo para deixar ela ir ao shopping com Luiza.
— E Aiden deixou? — pergunto erguendo uma sobrancelha.
— Temos que dar espaço a ela, Austin. Acho que ela já nos odeia o bastante desde o dia da sorveteria.
Adam é tão narcisista que nem percebe o que acabou de dizer. “Dar espaço a ela!”, mas logo em seguida ele checa o celular da amiga para saber onde ela está.
— Com um espaço desse, se eu fosse ela, iria matar cada um de nós! — comento.
Adam me olha e solta um sorriso sarcástico.
— Eu ainda não acredito que você beijou ela! — digo, ainda com os olhos focados na tela.
— Eu sei, foi estúpido, mas não consegui me controlar. Ela consegue...
— Mexer com a sua cabeça? — interrompo. — Ela também faz isso comigo. Acabei confessando, terminei com Sofia. Adam, eu sei que vocês têm essa coisa com a Lilly, mas eu não consigo tirar ela da cabeça, é como se eu sentisse algo estranho, como se ela devesse ser minha.
— Bom, você apenas herdou os genes de possessividade do nosso pai — ele diz como se isso fosse algo normal.
— Eu já parei de me culpar por isso e aconselho você a fazer o mesmo. Apenas aprenda a conviver ou você vai surtar com isso pelo resto da vida.
— Ela é de vocês, não minha! — digo a ele, mas sinto como se tivesse levado uma facada no peito ao falar isso.
— Austin, você é meu irmão. Se Aiden, Aaron e eu conseguimos conviver sabendo que o outro gosta de Lilly, por que não aceitaríamos saber que você também sente o mesmo? — ele diz.
Com as palavras de Adam, saio em direção à nossa casa, pego minha moto e saio para esclarecer as coisas. Lilly estava fritando meu cérebro. Será que eles também sentiam isso?
Acelero pela rodovia, deixando a adrenalina tomar conta do meu corpo, mas minha mente está apenas em um lugar. Desvio rumo à avenida principal em direção ao shopping, nem sei se ela ainda está lá, mas preciso dela naquele momento, a qualquer custo.
Paro no estacionamento do shopping e pego o elevador rumo ao andar de cima. Espero que Lilly ainda esteja aqui ou terei que aguentar até ela chegar em casa.
O elevador se abre, e vou em direção à praça de alimentação. Tomei coragem e liguei para Adam, mesmo ele me xingando, passou sua localização pelo celular.
Ando entre as mesas e, automaticamente, meus olhos se cruzam com os dela. Ela estava sentada com Iza em um canto, comendo pizza. Seu olhar muda na hora em que me vê. Tomo coragem e sigo em sua direção.
"Não seja idiota, Austin, pelo menos uma vez!"
— Oi — digo, e Iza vira-se para mim, tomando ciência de que estou ao seu lado.
— Oi, Austin, o que faz aqui? — ela questiona. Meus olhos estão focados em Lilly, que está com a cabeça baixa, olhando para seu prato.
— Ah, eu vim buscar a Lilly para irmos embora! — digo, inventando uma desculpa.
— Ah, tem certeza? Meu pai tinha conversado com Aiden, nós iremos deixar Lilly na casa de vocês assim que terminarmos aqui.
— Sim, Aiden mudou de ideia e me mandou aqui. — minto na cara dura.
— Mas eu espero vocês, não quero atrapalhar. — digo e saio em direção a algumas lojas.
— Espera! — Lilly grita atrás de mim, e uma pequena faísca se acende. Me viro novamente e olho para ela, que ainda está encarando a mesa em sua frente.
— Eu vou com você, já terminamos por aqui!
— Tem certeza, Li? — Luiza pergunta para ela, e eu reviro os olhos.
— Sim, nos vemos amanhã, obrigada por hoje! — Lilly diz com um olhar gentil enquanto se despede.
Lilly pega sua mochila e me segue em direção ao elevador para o estacionamento. Entramos em silêncio, e eu queria falar com ela, mas não queria estragar tudo.
— Por que veio aqui? — ela pergunta, tentando parecer ríspida.
— Já disse, vim te buscar!
— Não minta para mim, Austin. O pai de Iza tinha ligado dois minutos antes de você chegar. Ele perguntou se já estávamos indo embora, porque Aiden queria que chegássemos antes do jantar — ela diz, fazendo aspas com os dedos.
— Tá, eu menti, eu precisava te ver.
— A gente já se vê todos os dias, Austin, moramos na mesma casa. — ela fala de forma séria.
— Eu não sabia se você iria querer falar comigo quando chegasse lá, você saiu correndo da biblioteca.
— Óbvio, né, Austin? Adam me beijou do nada, você queria que eu fizesse o que?
— Bom, mas você correspondeu. — digo e a vejo corar imediatamente de um jeito fofo. — Eu sei que está tudo muito intenso, mas o que sentimos é real, não estamos brincando.
— Real? Só se for para vocês, porque para mim isso não passa de uma prisão. Por favor, só vamos embora, não quero mais discutir isso.
Sigo em direção à minha moto, e Lilly para ao meu lado de maneira estranha.
— Tá, cadê o carro? — ela pergunta, olhando para os lados.
— Nós vamos embora na minha moto — digo, entregando um capacete a ela.
— Eu não vou subir nisso. — ela diz, olhando para minha moto como se fosse um monstro.
— Bom, eu vim de moto, então sim, você vai. Nada vai acontecer, é só segurar firme.
Subo na minha moto e logo ajudo Lilly a subir. Ela passa seus braços em volta da minha cintura, fazendo uma onda elétrica passar pelo meu corpo. Tento me recompor, e ela aperta forte. Dou partida e saímos em direção à nossa casa.
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Dança das sombras (Harém reverso)
FanfictionLilly Miller é uma jovem bailarina que é dada em troca de uma dívida de seu pai aos irmãos Fox, que controlam e manipulam todos os seus passos e ações. tal obsessão a bailarina é tão grande que eles estarão dispostos a tudo o que for preciso para ma...
