Capítulo 12

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Capítulo 12; Fá-lo confiar

Não sabia bem porquê mas, quando a Lucinda me pediu para esperar por ela, no final das aulas, fi-lo sem questionar. A minha mãe, por mensagens, pedira-me que eu a levasse a casa, para ela a conhecer, mas eu não sabia se estava pronto para isso. Apesar de já terem passado uns dias, desde que resolvemos as coisas entre nós, a minha mente ainda estava um pouco nebulada em relação a tudo. Queria que a Lucinda conhecesse a outra parte de mim – e, honestamente, era a melhor parte de mim -, a minha mãe, mas não sabia como ela iria reagir, se eu lhe dissesse, simplesmente, que a minha mãe a queria conhecer.

Estava dentro do meu carro, com o rádio num volume, talvez, demasiado alto, enquanto esperava por ela. Minutos depois, quando Joy Division estava a completar o vazio da minha mente, vi-a sair da escola, a correr. O tempo estava melhor que nos últimos dias mas, sinceramente, eu não conseguia entender como é que ela conseguia usar uma saia. Eu tinha o meu casaco de cabedal que era bastante quente e confortável e, ainda assim, não me parecia suficiente. Parte de mim não queria que ela usasse roupa tão curta, num sentido, porque sabia que ela era demasiado bonita e que todos os rapazes olhavam para ela. Não que isso fosse mau, mas essa mesma parte de mim queria ser o único a olhar para ela – mais ou menos como ela era a única a olhar para mim.

Assim que entrou dentro do meu carro, ofegante, pediu-me para esperar, um pouco, antes de falar. Fiz o meu máximo para não rir de toda a situação, embora estivesse confuso sobre o facto de ela estar a sair da escola a correr. Perguntei-me se lhe tinha acontecido alguma coisa, mas a Lucinda ainda tinha o seu indicador levantado – era basicamente uma proibição de qualquer palavra, por uns momentos. Uma música depois, quando reparei que ela ainda respirava tão ofegantemente como quando entrara no carro, não consegui aguentar o silêncio. Quando ela ouviu o meu riso, olhou-me, chateada.

- O que se passou?

- A Sophie e a Lily, sabes? – Revirei os olhos e assenti. – Elas...não foram simpáticas, só isso.

- Desenvolve.

- Basicamente...

- Desenvolve. – Revirou os olhos e respirou fundo. Agarrei a sua mão, para a acalmar, por uns segundos.

- Estávamos a sair da nossa última aula, e uma colega minha perguntou-me se nós, tu e eu, namorávamos. Eu disse-lhe que não, obviamente, e elas as duas ouviram-me, porque são assim tão intrometidas. A Sophie perguntou-me porque é que eu estava sempre a deixá-las sozinhas, por ti, se nem sequer namorávamos, e eu limitei-me a revirar os olhos e a ignorar porque, (tu entendes-me, certo?), a pergunta era estúpida. Não é como se elas gostassem muito de mim, só falam comigo porque os rapazes, supostamente, me acham gira, então elas têm que ser amigas de outras raparigas giras. Isto parece horrível, mas os rapazes são mais simpáticos com elas. – Olhei-a com uma sobrancelha levantada, para toda a situação, e ela fez um gesto com a mão, que eu não entendi. – Bem, criou-se uma discussão enorme no meio de um corredor. A rapariga que me fez a pergunta em primeiro lugar até ficou do meu lado, porque a pergunta foi inofensiva e eu entendi porque é que ela perguntou, claro; mas a Sophie e a Lily levaram as coisas para o lado violento e, obviamente, eu não me fiquei!

- Não me digas que lhes bateste, Lucinda. – Abanei a cabeça, embora quisesse rir de tudo; apertei a ponte do meu nariz, quando cheguei à conclusão de que, de certa forma, eu era parcialmente culpado de tudo.

- Bem, não, mas só porque o Matt me segurou. Estive quase. Elas insultaram-te!

- Lucinda...

- E não foram insultos do género ele nem é assim tão bonito, foram coisas que eu não tolerei, mesmo. Tu és meu amigo e é meu dever proteger-te, por muito que aches que isso retire um pouco da tua masculinidade, ou qualquer coisa assim. Não tira, já agora.

Como Amar um InsoneOnde histórias criam vida. Descubra agora