Capítulo 21

1.7K 202 23
                                    

Capítulo 21; Fá-lo enfraquecer

- Como foi o teu dia, Jay?

Dei um pulo, assim que ouvi a voz da minha mãe, de repente. Estava demasiado perdido nos meus pensamentos e, com tudo isso, acabei por bater com a minha cabeça na parede atrás de mim. A minha mãe, em vez de me ajudar, começou a rir – muito alto -, e encolheu os ombros, quando eu a olhei, raivoso. Tive que rir, também, porque a cara dela iluminava-se sempre que ela ria daquela maneira, e eu gostava de a ver assim. Massajei o meu crânio por uns segundos, enquanto caminhava até ao sofá onde ela estava sentada. Deixei a minha mochila preta cair no chão.

Como é que eu lhe explicaria o meu dia? Bem, mãe, estou a sentir vontade de afastar a Lucinda de vez porque sinto-me, cada vez, mais dependente dela e não sei o que fazer – não era, exatamente, uma boa hipótese. Ela, provavelmente, dar-me-ia outro estalo e dir-me-ia para parar de ser idiota. A Lucinda faria o mesmo, se eu expusesse os meus pensamentos, por muito que a magoasse. Eu sentia-me demasiado fraco – amor...era tão estranho. Nunca consegui, bem, entender porque é que os humanos procuravam tanto o Amor. Para mim, era uma fraqueza enorme e eu não me poderia dar ao luxo de a ter.

Suspirei. Não queria afastar a Lucinda, ela fazia-me bem, ajudava-me a dormir e entendia-me quando passava noites em branco. Ela suportava e tentava perceber o meu feitio, e isso era algo que eu nunca lhe conseguiria agradecer. A minha mãe observou-me, atentamente, como se já soubesse que algo estava errado. Não me entendia! Aquelas duas mulheres pareciam olhar para mim e perceber que eu estava, de certa forma, a quebrar e era como se eu fosse o único que não entendia. Ganhei uma vontade de bater em algo, embora me sentisse mais fraco que nunca. Fiquei um pouco irritado com a minha mãe, naquele momento, porque ela era contra a violência e nunca me deixou colocar um saco de boxe no ginásio de casa.

- Jasper. – A sua voz estava rígida, e eu olhei para ela. Quando senti uma dor nas minhas mãos, reparei que tinha fechado os meus punhos com força; abri-as de novo. – O que se passou? Aconteceu algo com a Lucinda?

- Não. – Respondi, fazendo o meu máximo para parecer sincero. Não era como se eu estivesse a mentir, mas era embaraçoso dizer tudo à nossa mãe. Suspirei, contendo-me para não revirar os olhos para mim mesmo; eu era um idiota, no mínimo.

- Não me mintas, Jasper. – Ordenou, e eu tentei não revirar os olhos. Tentei! Mas não resultou. – Não revires os olhos à tua mãe, Jasper Lee Davis! Conta-me o que se passou agora.

- Não se passou nada! – Forcei o meu tom de voz a manter-se baixo, porque não queria discutir, também, com ela. Nunca tínhamos discutido muito, antes. Respirei fundo e agarrei a ponte do meu nariz, para me controlar. – Eu só...

- Tu ...?

O facto de ela me ter chamado pelo meu nome do meio, que era o mesmo que o do meu pai, havia-me irritado. Ela não o fazia por mal, mas nunca tinha sido preciso que ela recorresse à ameaça normal de mãe, ao chamar-me pelo nome "proibido". Como é que eu lhe explicaria o que estava a sentir? Nem eu o sabia! Estava frustrado; porque continuava a ser um estúpido para toda a gente que se importava comigo. Porque continuava a querer fugir porque não sabia aguentar algo que deveria fazer-me feliz. Era ridículo – e, por isso, odiava-me, naquele momento. Odiava-me tanto que a minha mãe notou e, com isso, vieram as consequências de uma mãe demasiado protetora. Ela nunca gostou que eu me menosprezasse.

- Eu acho que gosto mesmo, mesmo dela, mãe. – Admiti, e vi que as suas expressões relaxaram. Muito.

Consegui perceber que ela estava à espera que eu lhe fosse dizer que a tinha afastado outra vez; que tinha causado uma discussão para ter desculpa para fugir, ou algo do género. Durante míseros segundos, apanhei-me a desejar que fosse isso a ter acontecido, e não uma crise existencial. A minha mãe não entendia muito bem a minha necessidade de me afastar; aliás, nem eu a entendia. No máximo, eu deveria ter medo que as pessoas fugissem, certo? Respirei fundo, e tapei a minha cara com as minhas mãos. Senti o meu telemóvel vibrar no meu bolso e, obviamente, sabia que era a Lucinda, mas também sabia que uma conversa profunda com a minha mãe estava a caminho.

Como Amar um InsoneNơi câu chuyện tồn tại. Hãy khám phá bây giờ