Enquanto Você Dormia - Efeito Borboleta (Livro 2) [H.S]

Capítulo 9

Harry: Desculpe? - Perguntou, duvidando de si mesmo.

Madison: Eu voto sim. Dependendo de mim, ela não vai se lembrar. - Seguiu.

Dessa vez as vozes pipocaram de novo. Louis teve um acesso de riso no meio do processo, engasgando com a bebida. Harry estava atordoado demais pra pedir silencio. Perrie estava revoltada demais pra sair do lugar. As vozes foram voltando aos poucos ao tom normal.

Sophia: Você ficou louca? - Perguntou, exasperada.

Madison: Usem a cabeça. O que Melanie tem a ganhar se lembrando de quem era? - Perguntou, cruzando as pernas - Ela vai se lembrar de que foi estuprada quando criança. Por anos depois disso. Vai se lembrar que a mãe foi negligente. Vai se lembrar que quase morreu de bulimia. Vai lembrar da loucura que foi o casamento dos dois. Vai se lembrar da dor de ter perdido o pai, principalmente da forma como perdeu. - Explanou.

Louis: Seu ponto é...

Madison: Meu ponto é que ela não tem lembrança feliz alguma. A única coisa que a trazia alegria, esperança, era Nathaniel, e ela perdeu a gestação e os três primeiros anos da vida dele. A vida de Melanie foi uma desgraça. - Disse, obvia. Niall ouvia, considerando.

Perrie: E entregá-la a Harry é o modo de transformar a desgraça em um arco-íris? - Perguntou, desesperada. A opinião do grupo estava mudando, ela podia sentir. Isso simplesmente não podia acontecer.

Madison: Todos temos motivos pra duvidar de Harry. Por um tempo eu cheguei a acreditar que ele tinha problemas mentais. - Disse, sem encarar o cunhado, franzindo o cenho. Harry esperava, quieto - Mas eu vi a dedicação com a qual ele cuidou de Nathaniel. Eu o ouvia, nos primeiros meses, acordado a noite inteira, cuidando do menino. Ele mudou a vida dele toda por esse filho, é quase irreconhecível. Você sabe disso também, Soph. - Sophia assentiu, pensativa.

Sophia: ...Se ele cuidar de Melanie com 1/3 da devoção que aplicou ao cuidar de Nate... - Ela pensou, quieta - Meu voto é sim. - Harry pestanejou de novo, surpreso.

Perrie: Quem garante? - O desespero na voz dela já era aparente.

Harry: Eu garanto. - Disse, imediatamente - Eu a quero. E não pra machucá-la ou pra me vingar, dessa vez.

Perrie: Prove. - Cuspiu de volta.

Sophia: Perrie, vamos por um segundo fingir que você está pensando em Melanie, e não no fato de que Harry escolheu ela ao invés de você. - Cortou o bate boca, sem nem olhar a outra. Perrie passou a mão no cabelo, exasperada.

Madison: A Melanie que está no hospital não tem traumas. Ela dorme tranqüila a noite, sem remédio algum. Mesmo que ela não se lembre, eu sou amiga dela, e é como amiga que eu quero que ela tenha uma chance de ser feliz. Sem toda aquela carga nas costas. Ela merece poder recomeçar. - Disse, decidida - Eu não sei vocês, mas meu voto é sim.

Sophia: O meu também. Eu quero que ela tenha a chance de criar o filho dela em uma família. - Disse, balançando a cabeça - Liam?

Liam: Sim. - Harry estava pregado no chão. Nem acreditava. - Por mim, ela não vai se lembrar.

Gemma: Sim. - Os outros olharam pra ela, que assentiu, pensativa - Eu devo isso a ela.

Louis: Se você diz que seu objetivo é cuidar dela... - Disse, olhando Harry, que assentiu - Sim.

Niall: Sim. - Votou, encarando a esposa, e Madison sorriu em aprovação, se inclinando e beijando-o. Faltava Perrie.

Perrie: Não! - Disse, vendo todos olhando pra ela.

Harry: Nós precisamos de unanimidade nisso, Perrie. Depois do que você fez a Nathaniel, se quer meu perdão, não é o momento de me negar algo! - Disse, quase fora de si. Todos haviam concordado. Perrie não ia estragar isso, não agora que ele chegara tão perto. Surpreendentemente, Gemma se levantou, se virando pra prima.

Gemma: Nós fomos criadas tendo toda a proteção e carinho possíveis. - Disse, os cabelos loiros emoldurando o rosto. Usava uma camiseta branca, longa, indo até o inicio das coxas, uma jeans escura e salto alto. - Nossa infância foi feliz. Harry pode não entender como Louis não entende, ou Niall, ou Liam, mas você é mulher. Você sabe o que significa. Você não pode querer que ela se lembra de ter sido violentada quando criança, abusada por anos, só porque Harry preferiu ela. - Interferiu, dura. Perrie respirou fundo, exasperada. Louis apertou a mão de Gemma em aprovação. - É cruel demais, não é o que nós somos, Perrie.

Perrie: Está bem! - Harry suspirou, aliviado - Está bem, que seja! Mas quem garante que ele não vai se ressentir de novo ao ter ela aqui? - Jogou, tentando mudar a mente dos outros.

Madison: Ele não tem pelo que se ressentir. Essa Melanie nunca o rejeitou. - Disse, tranqüila. Harry fechou a cara, mas não disse nada.

Liam: E a primeira prova disso você vai precisar dar, Harry. - Harry parou de atravessar Madison - Porque alguém vai precisar contar a Nate que a mãe dele acordou, e não sabe que tem um filho. Vai precisar desiludir ele de que ela o está esperando com os braços abertos. - A alegria de Harry se esvaiu como um balão sendo esvaziado - E esse alguém é você.

Louis: Nosso voto é "sim", mas você vai precisar provar que não estamos errados, e a prova é fazer o menino entender a condição atual sem odiar Melanie. Ela não escolheu esquecê-lo. - Disse, sério - Nós vamos fazer todo o possível, desviar dela tudo o que possa fazê-la se lembrar, protegê-la das próprias lembranças, porque você pediu. Mas se seu objetivo é construir uma família, você vai precisar provar, e a prova é reintegrar Nathaniel e Melanie como mãe e filho, nas condições em que estamos.

Harry: Posso fazer isso. - Disse, seguro - Ela vai amá-lo com o tempo. Ele já a ama. Vai funcionar. - Garantiu, e ninguém disse mais nada.

Perrie podia não gostar, mas era minoria vencida. Harry dizia que ia conseguir, e os outros resolveram ajudar, por mais tortuoso e difícil que fosse, mas os riscos eram grandes... E era bom ele estar certo. As apostas estavam todas nisso.