Capítulo 29

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Levou um instante de absorção. Parecia que aquela frase, principalmente do desespero que veio junto com ela, havia pregado todos no chão.

Harry: Nathaniel, onde está sua mãe? – Perguntou, virando o menino pra ele. Só que Nate chorava demais, não conseguia falar.

Harry desistiu e saiu correndo. Ouviu passos o acompanhando, mas não deu atenção. Tinha que achá-la, ela não podia ter ido muito longe, ele só se distraiu um minuto... Tinha que achá-la... E do lado da casa, na direção do lago, estava Melanie. Caída na neve de braços abertos, mole. Ele gemeu, acelerando o passo, e se jogou ajoelhado ao lado dela.

Harry: Ei, ei, ei. – Chamou, desesperado. Ele ergueu ela pelo peito e a cabeça dela tombou pra trás, mole. Madison e Sophia pararam no meio do caminho, chocadas com aquilo; era uma cena até familiar. – Melanie, não...

Liam: Sai. – Ele apanhou o pulso dela, olhando pra frente. Após alguns instantes apanhou a pálpebra dela, abrindo-a e passando o dedo a frente, mas não houve reação. – Eu vou tirar o carro. Não mova ela. – Disse, apressado, se levantando. Louis e Gemma assistiam, atordoados. Niall abraçou Madison. – Soph, tire Nate do caminho, deixe as crianças com minha mãe. – Sophia assentiu, dando a volta e saindo as pressas.

Mas tudo o que Harry conseguia ver e ouvir era o corpo dela em suas mãos. Frio, mole, sem reação, como fora por quatro anos. Era como se a vida, a felicidade estivesse sendo sugada dele.

Harry: É minha culpa. – Disse, tremulo.

Louis: Ninguém tem culpa. Se acalme. – Tentou, mas ele mesmo estava assustado.

Harry: Eu fiz ela reprimir as lembranças. O médico avisou que isso ia acontecer, mas eu fui egoísta e eu deixei... – Continuou, atordoado.

Gemma: Irmão... – Suspirou, pondo a mão no ombro dele. Não funcionou. Ele apenas se balançava com Melanie no colo, pra frente e pra trás. Não fazia nem 12 horas ela disse que sempre amaria ele... Estava em seus braços... Disse a Nate que não iria a lugar algum, e agora...

Harry: Melanie, acorde. – Implorou, com a voz tremula. Alguma parte dele queria chorar, mas o desespero, a dor haviam bloqueado o corpo dele. – Baby, volte pra mim. – Não houve resposta. Ele se abaixou, arfando, e colou a testa com a dela. Ela estava fria.

O carro parou ao lado deles e Liam desceu. Pediu ajuda a Louis e tirou Harry do caminho, pondo Melanie deitada no banco de trás com todo cuidado possível. Porém, quando ela foi acomodada e eles fecharam a porta, o carro cantou pneu, jogando neve pra cima e saindo a toda velocidade. Liam olhou em volta, gemendo em seguida.

Liam: Harry... – Gemeu, correndo em direção a garagem de novo.

Harry podia ter atropelado e matado uma pessoa. Podia ter matado dez. Vinte. Ele não estava ligando. O pé dele estava no acelerador, e ele só ia tirar quando chegasse no hospital, que infelizmente ficava a quilômetros de distancia. Viu a Mercedes de Niall se aproximar, sem conseguir emparelhar, e outro carro atrás. Não distinguiu quem dirigia. Olhava no retrovisor o tempo todo, na esperança dela acordar com o sacolejo do carro na neve, mas nada. Após o que pareceu ser uma eternidade o carro parou com um solavanco na porta do hospital, e de algum modo Liam já estava abrindo a porta dos fundos.

Liam: Idiota. – Rosnou, soltando os cintos que prendiam Melanie. Harry não respondeu. A Mercedes passou por eles, estacionando, e desceram Madison, Niall, Louis e Gemma.

Uma vez que Melanie foi recebida, só houve silencio. Liam entrou, sendo medico e sendo o medico que a acompanhou, apesar que o mais indicado era que Edward estivesse ali. Harry não falava com ninguém. Apenas se sentou, com as mãos cruzadas na frente do rosto, e esperou. Não respondeu quando falaram com ele. Não sentiu nada, exceto o pânico e a dor. E esperou. Se lembrou dos três em Hamptons, no verão. Ele pedalava, com Melanie a sua frente e Nate na cesta da bicicleta. Os dois riam. Harry se sentia bem. Se lembrou do filho brincando na areia, queimado do sol, feliz, então se lembrou do menino da ultima vez que o vira, chorando desconsolado pela perda da mãe. Se lembrou de Melanie no natal, do olhar dela enquanto lhe dava seus presentes, se lembrou do seu riso, do seu beijo, o cheiro... E agora ela se fora de novo. E, mais uma vez, ele só podia esperar. E esperar. Perdeu a noção do tempo. Talvez estivesse rezando, não tinha certeza, mas daria tudo o que tinha pra que ela voltasse. Então, depois do que pareceram ter sido três vidas, Liam apareceu na recepção. Parecia... Exasperado.

Harry: Como ela está? – Perguntou, rouco – Ela entrou em coma?!

Liam: Não, ela está bem. Está tudo bem, ela já acordou, está bem. – Disse, ainda com aquela cara estranha. Harry quase desmaiou de alivio. Houve uma breve comemoração na recepção; Madison abraçou Niall. Sophia suspirou aliviada. Louis riu e bateu palma duas vezes. Gemma abraçou o irmão, rindo. Harry se sentia dormente.

Harry: Eu vou fazer ela voltar pra terapia. – Decidiu, a mente nublada – Isso não vai acontecer de novo, eu... – Interrompido.

Liam: Não teve nada a ver com a memória dela. – Harry e todos hesitaram, o silencio se instalando de novo.

Niall: Como não? – Perguntou, sem gostar de ficar um passo atrás.

Liam: É bem normal, até. – Disse, dando de ombros, e se virou pro irmão – Harry, ela está grávida. 

Enquanto Você Dormia - Efeito Borboleta (Livro 2) [H.S]Onde as histórias ganham vida. Descobre agora