Minha Vida Virou Um Diário

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Eu realmente não entendo o meu vô, ele tem minha vó e discute com ela sem motivos aparentes e não foi diferente hoje, ele simplesmente começou a gritar, comigo desta vez:

"Você é uma ingrata igual à sua mãe! Deveria ter um pingo de consideração e se sentar ao meu lado, já que quem está pagando as suas contas á partir de hoje sou eu."

Olhei para minha vó e ela estava de cabeça baixa e parecia estar de olhos fechados. Calma, controlada, submissa: essa era minha vó. Não sei como ela consegue ser tão tranquila em uma situação dessas.
Jason por fim se levantou e parecia estar prestes à gritar com meu avô, porém disse calmo, talvez se controlando para não piorar a situação:

"Quero me retirar. - antes que meu vô perguntasse o porque ele respondeu - perdi o apetite. Não estou com vontade de ver suas infantilidades."

Foi aí que meu vô surtou, porém Jason parecia querer isso, ele piscou para mim e disse sem voz, "vai ficar tudo bem" eu não quis acreditar naquilo, Jason Sullivan estava me defendendo, quase que fui até lá e dei um abraço nele. Emma estava paralisada, ficou olhando para o prato sem reação e minha vó estava olhando para mim preocupada e eu sabia o porque: meu vô chega a ser violento quando quer, e isso não é bom. Tenho medo do que pode acontecer... Contudo, algo no comportamento do meu vô não estava certo, ele não estava gritando, indo para cima do Jason, ele simplesmente saiu da sala de jantar. Porém, minutos depois ele voltou e estava com uma arma na mão. Não olhou para ninguém. Dirigindo-se até a minha mãe sacou a arma e atirou. Olhei para o Jason procurando um olhar reconfortante e não encontrei, na verdade ele estava pasmo, não parava de olhar para Emma. Olhei para minha vó e ela estava com um semblante de desespero. Olhei para o meu vô e ele estava satisfeito com o que fez, parecia alegre. Por fim, olhei para Emma, ela estava baleada na cabeça, caiu com o rosto sobre o prato que estava vazio e eu fiquei atordoada.
Quando encarei meu vô furiosa, ele olhou para mim debochado:

"O que foi!? Você acha realmente que eu ligo para o que "você" pensa!? Eu deveria ter matado sua mãe há muito tempo e isso é pouco, deveria ter feito muito mais, pelo o que ela me causou... porém não tenho tempo para explicar isso agora. - ele disse frio, nem parecia que tinha matado a filha. Ele olhou para minha vó e se levando da mesa, com a arma na mão disse - limpe essa bagunça e quando voltar quero ver tudo limpo e arrumado, ainda não almocei e quero a comida na mesa.

Minha vó começou a caminhar até Emma, sem dar uma palavra e nem dirigir o olhar para ele. Imagino o quanto ela já deve ter sofrido nas mãos deste velho ingrato, não consigo parar de pensar em quantas pessoas ele já matou neste mesmo cômodo e quantas vezes minha vó foi obrigada a " limpar a bagunça" que ele causou. O que me deixa mais indignada é essa submissão dela e o machismo dele.
Minha vó começou a chorar ao tocar no rosto da filha e não conseguiu se controlar, a abracei e a levei pro meu quarto para descançar, já que não sabia se meu vô estava no quarto deles e não quis arriscar. Desci e vi Jason chorando e disse para ele cavar um buraco nos fundos da casa que eu iria preparar umas flores para colocar lá. Alguns minutos depois Jason volta e me diz para eu acompanhar ele, passo pela sala de estar com as flores mãos, vou para cozinha e vejo uma porta perto da pia, quando ele abre tem um quintal enorme e imagino ser os fundos da casa, quando entro vejo vários "túmulos" e isso me assusta, porque duvido que seja da família.
Abracei Jason, o que ele não esperava, porém me deu um beijo na bochecha e me abraçou de volta. Ele começou a chorar e eu o acompanhei. Depois de um tempo abraçados, ele me olhou nos olhos.

"Desculpa por tudo, não queria ter te tratado daquela forma, só acho que quis te proteger de certa forma... Sei lá, sei que o que fiz foi errado com todos, tratei todo mundo de forma grosseira e debochada. Percebo que errei e espero que me perdoe, porque de todos da nossa família, te tratei pior. - deu para ver em seu semblante que estava sendo sincero, mas não tive reação, pensei em abraça-lo, depois em dizer algo, porém, só consegui ficar parada. Ele ficou me encarando por uns instantes e resolveu me abraçar.

" Sim, eu te perdôo. - digo com uma lágrima escorrendo pelo meu rosto.

"Será que seremos os próximos? - diz Jason olhando para os " túmulos"

"Estou triste e de luto, ainda tenho que sentir medo!? Sério isso? Estou tentando acreditar que meu vô é um psicopata. - digo olhando para ele.

"Vejo mais não acredito. Não pode ser... Está explicado porque eles nunca vinham em nossa casa."

Concordei com a cabeça e fecho os olhos como se pudesse deixar tudo pra trás.

Aqui sempre estarei...

Ass: Bianca Sullivan