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8 de fevereiro, segunda

Escola (diretoria)

Quando cheguei na diretoria, fui até a sala da diretora da escola, não a conhecia, mas teria que pedir ajuda a ela, se eu quisesse saber onde era a minha sala e sem falar que também estava curiosa para saber como ela é.

Bati na porta e logo recebi um "entre". Quando abro a porta me deparo com uma mulher negra, com um corpo esbelto e magro e sem comentar nas suas curvas estrondosas. Ela era muito linda! Estava de coke com alguns fios saindo, deixando uma franja de lado em sua cabeça; vestia um blazer preto e uma camisa social feminina branca; a calça era social feminina preta e o sapato também era preto, mas nada disso tirava seu feminismo e estilo.
Era de homem nenhum botar defeito e percebi que não mesmo. Ela era casada, por eu ter visto em seu dedo uma aliança. Vi algumas fotos de uma menina negra com cabelo cacheado, que parecia ser sua filha e um homem negro, com cabelo baixo, que provavelmente era seu marido.

"E então...? - ela perguntou me olhando observar suas fotos, com uma sombrancelha arqueada. Eu havia me esquecido completamente que estava ali por outro motivo.

"Desculpa, é que sua família é muito linda. - disse sorrindo timidamente. Ela deu um sorriso sincero.

"Obrigada. Mas o que te levou até a minha sala? Não vai me dizer que já se envolveu em confusão logo no primeiro dia de aula e ainda por cima, na primeira aula. - ela disse com um pouco de irritação na voz.

"Não, não. Não sou disso, só estou aqui porque sou aluna nova e não sei onde fica a minha sala - disse mostrando o papel que dizia que minha classe seria o 1° ano D. Ela então sorriu.

" Então era isso. Porque não me falou antes? - ela deu uma risada e se levantou - Venha, me acompanhe, vou te mostrar onde fica sua sala. Mas antes, porque você não está com o uniforme?"

Aquela pergunta me incomodou um pouco, eu sabia que estava sem uniforme e me sentia um peixe fora d'água por causa disso. Queria que todos parassem de me olhar e ficar cochichando, como se eu fosse um ET.

"Porque, primeiramente eu nem sabia o que era uma escola particular e também não sabia que os alunos eram 'obrigados' a vir de uniforme. - disse sinceramente e um pouco cansada, por que sabia que teria que explicar isso pra todos naquela escola.
Ela me encarou por uns segundos e por fim disse algo.

"Você não é daqui, não é mesmo? - afirmei com a cabeça - tudo bem, como é o primeiro dia de aula isso passa, mas amanhã venha com o uniforme, sem falta". - disse ela me olhando nos olhos como se aquilo fosse sério. - "se não, na próxima vez eu chamarei os seus pais!" - Eu afirmei com a cabeça e fiquei triste imediatamente. Acho que ela percebeu, mas não levou muito a sério, porque eu poderia estar triste por meus pais virem a escola. Mas não, eu estava triste por não ter pais para vir a minha escola, por eles não estarem presentes, por sentir tanta falta deles, que eu gostaria de voltar no tempo e chamar Emma de "Mãe", de poder dizer várias vezes: "Eu te amo!" para o meu pai.

Por fim, estávamos a caminho da minha sala. Voltamos pelo o mesmo caminho que eu tinha feito para ir até ali, depois subimos o primeiro e o segundo lance de escadas e chegamos em um corredor cheio de salas e imaginei que nos próximos lances seria o mesmo.

"Neste andar fica os primeiros anos, no segundo, segundos anos e consequentemente no terceiro, fica os terceiros anos. - disse ela, explicando para mim como funcionava a organização das salas. Porém, aquilo não me chamou tanta atenção, quanto a limpeza daquela escola. Chegava a brilhar.

"A quadra fica do lado de fora, a sala de informática e a biblioteca ficam no térreo da onde saímos agora. - disse ela olhando para a escadaria que acabamos de subir.

" Sua sala fica na porta número quatro. Vou acompanha-la. - disse ela começando a andar e eu a segui.
Todas as portas tinham números e não dizia que "ano" estava ocupando aquela sala.
Quando chegamos na minha sala, ela bateu na porta entre aberta e abriu a mesma, pediu com licença e pronunciou:

"Olá professor. Bom dia turma - todos responderam com um aparente desconforto e ela continuou - temos uma aluna nova que estava perdida e vim trazê-la. Obrigada pela atenção e vocês tomem juízo. - disse ela olhando para a sala toda, inclusive para mim.

" Diretora, espera! - disse, antes de ela sair porta afora - "Posso te perguntar uma coisa? - perguntei e ela assentiu - " Qual o seu nome?"

"Beyoncé. - fiz um semblante de surpresa. Nunca tinha ouvido aquele nome antes. Era muito diferente - "Ele é um pouco estranho, eu sei, mas logo você se acostuma."

Ela sorriu e saiu da sala. E logo o professor me encarou.

"A senhorita poderia se apresentar?"

"Não gostaria, mas como o senhor está pedindo, vou fazê -lo. - ele olhou surpresa e pediu para que eu continuasse. - " Meu nome é Bianca, tenho quatorze anos, venho do interior de New York..." - então uma garota me interrompe.

"Ah, então você é caipira? Andava comendo com os porcos? - perguntou a mesma garota que tinha me feito cair na hora da entrada. Ela riu e suas amigas fizeram o mesmo.

" Sim, sou mesmo e daí? Pra sua informação, até os porcos são mais educados que você. - todos na sala riram e ficaram falando "não deixava." e ela ficou bem envergonhada.

"Bom, continuando... Moro com meus avós e gosto de escrever. Só isso, minha vida não é interessante, para alguém querer saber. - disse revirando os olhos e me virei para o professor e ele permitiu que eu me senta-se. Quando me sentei na terceira carteira da segunda fileira, vi Ed sentado no fundo, na mesma fileira que eu. Ele me deu um " tchauzinho" com a mão e eu sorri.
Aquela aula era de Geografia, eu não gostava, mas me saia muito bem. Acabei descobrindo que já era a segunda aula e que depois da terceira aula, seria o intervalo. Fiquei muito feliz, gostava de aproveitar meu tempo para ler, mas claro que se eu fazer amizades, vou deixar o livro de lado. Mas, acho isso difícil de acontecer. Bem difícil... Não sou de me enturmar e na verdade tenho muita dificuldade com isso.
Só Deus sabe o que me reserva essa escola...

Aqui sempre estarei..

Ass: Bianca Sullivan

Minha Vida Virou Um DiárioWhere stories live. Discover now