8

54 10 6
                                    

Não pode ser. Jason me deixou, me abandonou. Pensei que ele se importasse comigo e me parece que ele não vai mais voltar.
Como ele teve coragem? Como pôde me deixar aqui sozinha com um vô psicopata e uma vó que parece aceitar tudo isso ? Eu realmente queria entender o que se passa por sua cabeça, na verdade saber tudo o que se passa em cada um nessa casa, é interessante.

"Perdi a fome. Vou para escola. - disse me levantando, porém meu vô me segura e me encara.

"É melhor que ninguém saiba de nada. Se você me desobedecer, pode ter certeza que você e a pessoa pra quem contou morreram. Não importa se é um policial ou um nóia, mas vou deixar claro, que eles não passam mais um dia vivos. - ele apertou mais forte a mão no meu braço e disse mais perto do meu rosto, ainda me encarando - tenho olhos e ouvidos Bianca, tenho olhos e ouvidos em todo lugar."

Por fim, me soltou. Sentia meu braço doer como se ele tivesse sido amarrado por uma corda. Pra ele, eu não era nada, ele colocou as mãos no bolso da calça social e subiu as escadas, sem antes dar uma ajeitada no cabelo.

Porém, ainda me perguntava porque ele não queria que eu fosse com Jason quando o mesmo pediu. Sabia que ali tinha coisa.

Olhei para minha vó que não deixava de tomar seu café como se nada houvesse acontecido, senti que depois que a filha foi morta por seu marido, algo nela mudou, parecia não se importar mais com nada. Antes ela se arrumava, se alimentava direito, conversava e sorria sempre, apesar de tudo. Porém, sinto que sua vida para ela, não tem mais sentido. Talvez ela seja a única pessoa boa que tenha nessa casa, mas não consigo acreditar cem por cento em mais ninguém depois de tudo o que vem acontecendo após a morte do meu pai.

Acredito que não existem pessoas boas e sim pessoas que diminuem o grau da maldade em si.

Pergunto todo dia porque Deus tem feito tudo isso com as pessoas que amo, mas sinto que não posso culpá-lo de nada do que acontece nesse mundo e sim o homem que comete tais crueldades. Tenho tanto medo de me decepcionar de novo que não consigo pensar em ter qualquer amizade com alguém na escola.

Dou um abraço em minha vó que dura alguns segundos, já que ela parecia necessitar aquilo mais do que qualquer coisa e de brinde dou-lhe um beijo na bochecha.

Saio de casa e vou em direção ao portão daquela mansão, como eu esperava, meu vô colocou uma limousine na frente da casa para me esperar, porém eu não entro nela e o motorista me segue

"Senhorita, o senhor Albert, me deu ordem explícita de levá-la á escola. - diz ele com voz serena, mas firme.

"Eu vou á escola, mas não de limousine. O que meus colegas pensaram de mim? Uma esnobe ou patricinha que anda de carro chique por aí? - digo com nojo e repugnância de me considerarem assim.

"Tenho de discordar da senhorita - paro um pouco, como ele poderia discordar disso? - você irá para um escola particular e é o que mais terá lá. Se você for de limousine, todos vão querer ser seus amigos. - diz ele, como se aquilo fosse a melhor coisa de todas.

"Vou para uma o quê? - digo sem entender, no interior não tem essas coisas. O que é uma escola particular? Só pode ser coisa de rico mesmo.

"Uma escola particular é uma instituição de ensino que é paga. Seu vô, claro, quer o melhor para você. - diz ele sorridente.

"Então porque matou minha mãe? - digo baixo.

"O que disse senhorita? - diz ele olhando sem entender uma palavra do que eu disse.

"Nada, nada. Mas continuando o nosso assunto... Eu não quero nenhum amigo que tenha interesse no que tenho e não no que sou, então agradeço sua carona, vou a pé mesmo. E não se preocupe quanto ao meu vô, vou falar que você me levou a escola. Desculpa, só não quero chamar atenção e outra coisa, eu não sou como eles e não quero pessoas assim do meu lado. - digo sincera, calma. Ele me olhou e me observou por um tempo, até que concordou com a cabeça. Após isso, foi embora e eu continuei o meu caminho a pé, depois de um tempo andando, comecei a repensar ter dispensado a carona. Será que não poderia mudar de ideia? Mas fui firme com minha escolha, sabia que tinha tomado a decisão certa. Quando cheguei na tal escola particular, todos estavam de uniforme, (vermelho e preto) eu achei aquilo incrível, sempre quis ter uniforme, porém, não estava com o meu e percebi que todos olhavam para mim, o que me deixou muito desconfortável. Fiz o possível para não chamar a atenção e acabei sem querer o fazendo.
Uma menina passou por mim e bateu seu ombro no meu, mas tentei ficar calma, sabia que ela tinha feito de propósito, mas mesmo que quisesse não poderia fazer nada quanto à isso.
Não fazia menor ideia de como chegar na sala do 1° ano D, já que apesar de só ter ensino médio naquela escola, ela tinha três andares e eu mal sabia por onde começar. Quando pensei em ir na diretoria, um garoto vem falar comigo.

"Oi, precisa de ajuda? - pergunta ele sorrindo.

"Porque você quer me ajudar? O que você ganha com isso? - pergunto desconfiada. Não confio em ninguém, mas me sinto mal de ser um pouco rude com ele, já que ele aparenta ser simpático.

"Porque gosto de ajudar as pessoas. O seu sorriso já me basta. - diz ele sorindo mais, talvez para me influenciar a fazer o mesmo.

"Desculpa, mas não preciso da sua ajuda. - digo me retirando, porém ele vai atrás, insistente.

"Espera! Meu nome é Edward Sheeran, mas pode me chamar de Ed, qual é o seu? - perguntou ele e eu o deixei falando sozinho, não poderia fazer amizade com ninguém, tinha medo do que meu vô podia fazer com qualquer pessoa que chegasse perto de mim, inclusive um garoto, mas ele não parecia querer desistir.

"Vamos, me responda! Não me deixe falando sozinho, por favor. - diz ele me implorando.

" Bianca, Bianca Sullivan - digo e vou em direção da diretoria, ao menos isso eu sabia onde ficava. Com meu reflexo, vejo um sorriso abrir-se em seus lábios, acho que aquilo para ele, era o suficiente. Porém, sabia que não seriam as últimas palavras dele comigo e nem a última vez que nos veríamos e algo naquilo me deixava feliz.

Minha Vida Virou Um DiárioTahanan ng mga kuwento. Tumuklas ngayon