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31 de Janeiro, sábado

Somos órfãos. Pai e mãe mortos de jeitos horríveis, tirados de forma destrutiva. Longe da irmã que nem imagina que perdeu a mãe. Morando com um avô (se é que se pode chamar esse monstro deste modo) psicopata e uma avó amorosa, mas complacente com os fatos ocorridos.

Essas duas semanas desde a morte de minha mãe: Emma. Tem deixado todos apreensivos, até Albert está preocupado, talvez pelo fato de estar chegando as aulas e tem medo de abrirmos a boca dizendo o que aconteceu aqui. Ele está tão preocupado, que não deixa Jason e nem eu sair de casa.

Jason durante esses dias tem ficado em seu quarto e só tem saído para comer, mas fora da hora de qualquer refeição. Eu? Tenho ficado a maior parte do tempo cuidando das coisas de casa, Albert, (como se chama meu avô e vou começar a chama-lo assim a partir de hoje) acha que eu devo aprender tudo o que uma moça precisa aprender, como: limpar e arrumar a casa (o que é um inferno, já que moramos em uma mansão), tricotar, costurar, tocar piano, entre outras coisas. Eu me sinto exausta no fim do dia, porque além de ter que fazer as coisas, Albert, que por sinal é perfeccionista, quer tudo do seu jeito. Porém, ter o que fazer durante o dia é bem melhor do que ter que viver com esse medo constante de ser a próxima a ser morta, mas quando chega a noite, custo a dormir, pensando na cena de Emma morrendo, pensando que ele poderia entrar aqui e tentar me matar, as vezes tenho pesadelos terríveis e acordo gritando e com falta de ar. No dia em que Emma morreu, vi Jason sendo afogado por Albert na piscina e depois o corpo dele boiando pela água, e Albert rindo e dizendo para minha vó "limpar a bagunça". Nesse dia fui correndo até o quarto de meu irmão e o encontrei acordado olhando a vista de sua janela chorando. Todos os dias peço para Jason dormir comigo, mas ele não quer sair de seu quarto. Só eu sei o que acontece quando entro em meu quarto, eu tenho pensamentos ruins as vezes, penso em me matar de diverças formas, porém penso que Deus não gostaria que eu fizesse isso depois de tudo o que ele já fez por mim e sei que posso acreditar que ele vai fazer tudo isso passar.

Albert diz que quando voltar as aulas vou ter que continuar esta rotina cansativa e mesmo tendo muitas lições para fazer, vou continuar limpando a casa.
As vezes tento conversar com minha vó, mas depois do que aconteceu ela anda distante, e quase não olha no rosto de Albert que se diverte com a situação. Me pergunto o que minha vó deve ter passado durante todos esses anos com esse monstro.

"Porque você matou minha mãe? - perguntei olhando para Albert e esperando uma resposta. Ele pareceu se surpreender com a pergunta e não gostou nem um pouco de minha ousadia de ir falar com ele sem usar a palavra " senhor".

"Quando você aprender a falar comigo, talvez eu responda sua pergunta. - ele disse ríspido.

" Quando "você" se tornar um vô de verdade, talvez eu fale melhor com "você". Ah! espera. Você nunca vai ser um vô de verdade por ter matado sua própria filha! - disse irônica e cheia de raiva, isso fez com que ele ficasse furioso e me desse um tapa na cara. Senti uma dor ardente no rosto e comecei a chorar.

" Me respeite e não se esqueça que o que fiz com sua mãe posso fazer com você também. - ele disse se aproximando e encostando a boca no meu ouvido - e desta vez, pode ter certeza que vai ser pior. Bem pior - disse acariciando meus cabelos.
Minhas mãos começaram a tremer de medo e ele sorriu se divertindo com meu medo e se afastou subindo as escadas.
Coloquei a mão no rosto e decidi pegar gelo para desinchar. Chegando na cozinha, vejo Jason pegando uns sanduíches e já indo em direção do seu quarto. Fiz o possível para ele não reparar em mim, contudo foi tudo por água abaixo quando ele olhou para mim e veio falar comigo.

"Você está bem? Todos os dias ouço gritos vindo do seu quarto.. Ainda tem tido aqueles pesadelos? - disse ele preocupado.

" Sim, estou bem. Eles estão cada vez mais constantes e não há nada o que eu posso fazer para impedir. - estava me distanciando, até que ele pareceu reparar no meu rosto e veio a pergunta que eu não gostaria de ouvir naquele momento:

"O que foi isso no seu rosto?"

"O que? - disse fingindo não saber o que ele estava falando.

" Não se finja de desentendida, Bianca. Está roxo, seu rosto está roxo! Foi ele, não foi!? - ele ficou olhando irritado, esperando uma resposta. - anda Bianca, me diz!

"Foi. - só consegui dizer isso.

" Deixa eu te ajudar. Vou fazer uma bolsa de gelo para você colocar aí. - disse ele pegando uma sacola e enchendo de gelo. Quando terminou de dar um nó forte e me dar, ele diz:

"Vou resolver isso. - diz ele saindo irritado.

" Jason, o que você vai fazer? Jason! - grito e meu rosto arde, mas ele não responde.

Depois de alguns minutos ouço gritos vindo de cima e minhas suspeitas foram confirmadas: Jason foi discutir com Albert.

Minha Vida Virou Um DiárioWhere stories live. Discover now