Primeiro dia de aula

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Mamãe me deixou na escola, pois ela tinha uma entrevista de emprego hoje, então Fred me ajudou a encontrar minha sala. Ao entrar todos me olharam torto, menos a professora, ela tinha o cabelo vermelho, mas bem vermelho mesmo, olhos castanho-escuro e era gordinha e baixinha(chega a ser engraçada).

- Oi querida, você deve ser a aluna nova, entre. - falou educadamente

Entrei em silêncio e com a cabeça abaixada, eu estava morrendo de vergonha, Fred entrou fazendo o mesmo.

- Venha se apresentar aqui na frente. - ela disse, não acredito que aquela vadia ia me fazer ir lá( eu nem sei o que é vadia, mas Fred me chamou disso um dia quando estava bravo, então deve ser uma palavra usada para expressar a raiva).

- Me...meu nome é Clara e eu vim estudar nesta escola com meu amigo Fred - eu disse observando todos.

- Fred? Quem é Fred? - perguntou uma menina de cabelo preto liso e franja, ela tinha olhos bem puxadinhos

- É meu amigo, ele está do meu lado, só eu posso vê-lo porque sou especial - falei a encarando com um leve sorriso

Ela simplesmente gritou "Ela é louca, gente!" , todos começaram a rir de mim ,e naquele momento percebi que eu iria odiá-la.

- Yoko, isso não tem graça, respeite sua nova amiguinha. - disse a professora

- Diz assim "eu nunca vou ser amiga dessa idiota" - cochichou Fred no meu ouvido, e foi o que eu disse, todos ficaram quietos e eu fui correndo sentar na última carteira, afastada das outras crianças.

Fizemos apenas um simples desenho, acabei o meu rapidinho, quando tocou o sinal do recreio, fomos para o pátio. Fred me deu um beijo na testa e disse que teria que ir embora, mas que viria me buscar junto com minha mãe, ele não quis me contar o que iria fazer, então não insisti, pois ele ficaria bravo. Antes de sair pela diretoria ele gritou " Se aquela menina mexer com você, dê um soco no nariz dela". Eu dei um sorriso, depois fui pra fila da merenda, após pegar minha comida( era mingau de chocolate), sentei em um dos bancos longe de todos, após duas colheradas, a mesma menina que incentivou a classe a rir de mim apareceu com duas amigas, as duas eram gêmeas iguaizinhas, cabelos e olhos castanhos e pele escura.
Yoko, que foi como a professora a chamou, simplesmente derrubou meu prato no chão e disse:

- Sabia que você é esquisita? Cadê seu amiguinho pra te defender?

Rapidamente lembrei do que Fred havia me dito, então fechei minha pequena mão e acertei o nariz dela com vontade, começou a sair sangue, igual meu joelho quando eu caí um dia. Tinha um homem no pátio, ele ficava observando todos, quando viu o que aconteceu, pegou meu braço e o da Yoko e nos levou para a diretoria.

Armando(narração especial)

Acordei com minha pequena Clara me dando um suco de morango, como ela é amorosa, fez isso e se desculpou por ter sido tão rebelde ontem. Tomei tudo, estava muito bom. Enquanto eu bebia, Clara foi tomar banho com Maria, hoje é o primeiro dia de aula da minha bebê, eu a amo tanto, espero que quando eu terminar meu casamento e ir morar com a Cinthia minha filha vá junto.
Após Maria levar Clara à escola, fiquei deitado olhando pro teto durante algum tempo, até que ouvi um barulho, tentei me levantar mas não consegui, então fui me arrastando até minha cadeira de rodas, quando me sentei senti uma enorme tontura e vi tudo girar, de repente minha cadeira começou andar sozinha e bateu na escada que ia para o sótão, senti meus olhos fecharem...

Abri os olhos lentamente, eu estava deitado no chão do sótão, não me lembro de ter subido, apesar de que é impossível, já que não consigo andar. Nós não usamos o sótão, lá seria o quarto da Clara, mas como estou impossibilitado de subir, eu e a Maria decidimos que só usaríamos o local como depósito, lá está guardado alguns móveis e ferramentas que não têm utilidade. Ele é enorme, maior que os comuns.

Eu ainda estava tonto, mas vi claramente a figura de um menino, aparentava ter uns 10 anos, mas era baixinho, devia ter aproximadamente 1,20 de altura , um pouco maior que Clara, tinha cabelos loiros e pele pálida, mas seus olhos eram totalmente medonhos, eram amarelados. Ele estava com um sorriso sínico de orelha a orelha.

- Quem é você, garoto? Como entrou na minha casa? - perguntei assustado

- HAHAHAHA!!! - ele começou a rir escandalosamente alto - Você não devia ter traído sua mulher, Armando. A Clarinha descobriu, sabia? - falou com uma voz doce

- Como você sabe meu nome? Do que você está fa...- antes de terminar a frase comecei a vomitar sangue, meus olhos estavam lacrimejando.

- O efeito do veneno é horrível, não é mesmo? Mas isso não importa, você vai morrer de qualquer jeito. - dessa vez ele disse com uma voz rouca e aterrorizante, enquanto eu não entendia nada.

- Alguém...me...ajude - falei pausadamente, tentando me arrastar em direção à escada

- Não adianta, ninguém vai te ouvir - ele disse vindo em minha direção. - EU SOU O SEU PIOR PESADELO - gritou com a mesma rouquidão na voz, foi a última coisa que eu ouvi antes de ser arrastado e jogado escada à baixo violentamente, como uma criança tem tamanha força?

Minha cabeça sangrava, mas eu tentei me manter acordado. O garoto veio em minha direção e eu senti suas pequenas e geladas mãos no meu pescoço, me debati em busca de oxigênio, ele ria muito, aos poucos minha visão foi ficando embaçada e eu já não conseguia ouvir a risada do menino. Eu já não sentia mais nada, tudo estava escuro, era meu fim...
Fim da narração

Fred, o Amigo ImaginárioOnde as histórias ganham vida. Descobre agora