Fugindo de casa

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Fred me levou para um bairro onde as casas eram todas lindas, provavelmente as pessoas que moram por aqui são ricas. Ele parecia saber muito bem onde estava me levando...

- Vamos ter que dormir na rua, aqui nesse cantinho está bom! - Fred disse parando em um beco localizado entre dois prédios cor-de-rosa.

- Mas aqui está frio, Fred! - eu disse encolhendo os braços.

- Ninguém mandou querer fugir! Pensa que é fácil viver nas ruas?! Você devia ir ao psicólogo e conversar com ele todos os dias necessários como se ele fosse seu melhor amigo, mas você não facilita! - Fred disse um pouco irritado

- Eu não quero voltar lá, Fred! E meu melhor amigo é você, eu não posso fingir...

- É claro que pode! A vida é uma mentira, a morte é a verdade por trás de todas as coisas. - às vezes Fred me assusta!

- Mas eu não quero voltar! - eu disse nervosa

- Então boa noite, pirralha! - Fred disse deitando-se no chão forrado com pedaços de papelão

Eu fiz o mesmo, apesar de estar um pouco chateada, Fred só quer que as coisas sejam do jeito dele, ele nunca me escuta e sempre dá um jeito de tudo acontecer do jeito que ele quer!

Fiquei horas e horas, acordada e assustada com tudo, sem contar com o terrível frio que fazia. Mas, enfim, finalmente consegui dormir.
Acho que quando adormeci já estava quase amanhecendo, pois foi só eu fechar os olhos e Fred me acordou para que continuassemos. Peguei minha pequena mochila que até aquele momento só me servira de travesseiro e segui atrás de Fred, percebi que estava gripada e tossindo, provavelmente pelo frio que passei na madrugada anterior, Fred estava normal, nem parecia que ele havia sentido frio, ontem ele nem reclamou, parecia não se importar com o sereno.
Era bem cedo quando demos início à caminhada, Fred parou em frente à um casarão, dizendo que precisava descansar um pouco.

- Credo, Fred! Começamos a andar agora e você já está cansado, parece um idoso! - eu disse revirando os olhos enquanto Fred se sentava em um pequeno degrau da calçada.

- Estou cansado, quero ficar aqui um pouco. - ele disse me encarando, estou achando essa atitude muito suspeita, não que eu não confie nele mas acho que ele está aprontando alguma coisa...

Me sentei ao lado de Fred e não deu nem dois minutos quando ouvi passos e um barulho de portão sendo aberto e fechado. Os passos vieram até mim e vi alguém de calça e sapato brancos, quando olhei pra cima tive uma desagradável surpresa.

Era o Dr. Euclides. "Fred, seu desgraçado! Que vontade de te matar!" Gritei em pensamentos.
Eu sabia que Fred estava aprontando, ele nunca se dá por vencido assim tão fácil.

- O que você está fazendo aqui? Como descobriu onde fica minha casa? - Dr. Euclides perguntou colocando os óculos na ponta do nariz e me olhando por cima deles, velho idiota!

Não respondi nada, simplesmente me levantei e corri, mas Fred esticou a perna fazendo com que eu tropeçasse.
Ralei meu joelho, nada demais, mas eu estava morrendo de raiva de Fred, ele pensa que vai ficar assim?! Eu vou me vingar!
O psicólogo me ajudou a levantar e não me deixou ir embora de jeito nenhum, mesmo que eu dissesse que foi uma coincidência passar por aqui ele não acreditou, nem eu acreditaria se estivesse em seu lugar, que tipo de criança passa na frente da casa de seu psicólogo sozinha às cinco e meia da manhã?( olhei as horas no enorme relógio que ele esbanjava no braço esquerdo).

Ele me levou até minha casa em seu lindo carro preto, me infernizando de perguntas. Chegando em frente à minha casa depois de muito tempo, (nunca pensei ter andado tanto!) desci do carro e me deparei com uma viatura policial, mamãe estava na porta de casa parada e nervosa, quando me viu correu em minha direção me sufocando em um enorme abraço.

- Onde é que você estava? Quase me matou de preocupação! Por que foi fugir? - ela perguntou aos berros.

- Então ela havia fugido? Bem que eu desconfiei que tinha algo errado... - o psicólogo idiota disse se intromentendo.

- Meu Deus! Muito obrigado por ter achado minha filha Dr. Onde ela estava? - mamãe perguntou me deixando de lado e focando no Dr. Euclides

- Por incrível que pareça sua filha que me achou, ela estava sentada na calçada da minha casa. Que coincidência não é mesmo! Eu tenho a leve impressão que tudo isso foi planejado.

- Isso é mentira! Você acha que se eu estivesse fugindo eu iria logo pra sua casa?! Querido eu não sou burra não! - eu disse levantando a voz e saí correndo.

...

Ouvi mamãe se desculpando com a polícia e principalmente com o Dr. Euclides, quando a polícia foi embora mamãe ficou conversado com o psicólogo sobre mim, ele insistia em dizer que eu tinha traços de uma psicopata, e sintomas de um sério transtorno bipolar, não sei o que significa nenhuma dessas palavras difíceis, mas coisa boa eu sei que não é.

- Acho que sei o motivo de sua fuga, ontem ela se recusou a ir em outra consulta sua, está traumatizada com o ocorrido no hospital. Mas eu disse que ela iria de qualquer jeito.

- Até que faz sentido, mas eu não acredito que tenha sido coincidência ela ter encontrado minha casa e ter se sentado exatamente na calçada em frente ao portão, parecia até que estava esperando eu ir trabalhar.

Não aguentava mais ouvir esse doutorzinho falar idiotices, fui diretamente para o meu quarto e tranquei a porta. Preciso achar Fred, que raiva que estou sentindo dele! Me deitei em minha cama, eu estava muito cansada...

Escutei uma risada abafada vindo de debaixo da cama, meu quarto estava escuro, mesmo com as janelas abertas, será que já é noite? Me abaixei para ver o que era, imaginei que seria Fred, mas me deparei com uma figura horrível (foto na multimídia acima do título). Gritei desesperadamente, enquanto aquela coisa que se parecia com uma mulher se arrastava em minha direção...

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Voltei meus amores, por favor não me matei u.u, me desculpem pela demora, aconteceram alguns problemas, preguiça se inclui entre eles huehue.
Ah, e a foto do capítulo é do filme A Morte Do Demônio.

Fred, o Amigo ImaginárioOnde as histórias ganham vida. Descobre agora