Capítulo XXX - Chefe Impaciente / Declaração

1.3K 100 19
                                    

- Mãe, não vai. Me leva. - Ash estava agarrado em minhas pernas e pelo jeito não soltaria. Estávamos numa pista particular para jatos, e o comandante do jatinho já estava à minha espera, para iniciarmos nossa viagem. O problema era que Ashton estava choroso e não queria me largar, afinal eu nunca havia passado tanto tempo longe deles, e neste caso eu ficaria fora por três dias. Claro que meu coração estava apertado, mas trabalho é trabalho, e como eu era grata a meu marido pelo presente que ele havia me dado, eu precisava resolver tudo para que lá onde ele estivesse, sentisse orgulho de mim.

- Filho, vai ser rapidinho. A mamãe vai voltar logo. - Eu senti um aperto no coração. Aquele sentimento de mãe quando deixa o filho. Abaixei-me de modo que ficasse a sua altura. Abracei-o e o fiz olhar em meus olhos. - Eu também não queria ir, querido, mas é preciso. E eu prometo que vou trazer um monte de coisas para você e sua irmã, tudo bem?

- Mas, mãe, eu não quero nada. Só quero você lá em casa comigo e Ayleen. - Ele abaixou a cabeça, triste. Estava tornando tudo mais difícil.

- Filho, olha pra mamãe. Lembra que o papai pediu pra você cuidar de mim e da Ayleen? - Questionei. Ele assentiu. - Lembra também que ele disse que você era o homem da casa? Pois é. Como eu vou ficar fora por alguns dias, é você que cuidará da casa e da sua irmã. Acha que pode assumir essa responsabilidade? - Busquei naquilo uma forma de fazê-lo sentir determinação para me deixar ir. Ash pensou por um tempo, depois assentiu.

- Tudo bem. Eu cuidarei de tudo. Mas, por favor, mãe. Não demore muito, tá? Precisamos de você.

- Tudo bem. Agora dá um beijo na mãe. - Me beijou na bochecha e se afastou. Pude suspirar aliviada. Andei até Ayleen que estava no colo do avô. Beijei sua testinha e ela levantou as mãos achando que eu iria pegá-la, mas eu apenas beijei sua mãozinha e me afastei. Ela imediatamente fez cara de choro. Ótimo. Mais uma chorando.

John sorriu da cara que a neta fez.

- Vai logo, Ana, antes que os dois se juntem em um chororô. Cuidaremos bem deles, ok? - Assenti. - Boa viagem, querida. - Abraçou-me e me beijou no topo da cabeça.

- Obrigada. Qualquer coisa me liga, tá? - Agora eu estava apreensiva em deixar meus filhos. Meu sogro assentiu e se afastou, levando Ashton consigo. Acompanhada por James, eu subi a escada que levava à porta do jatinho, porém antes de entrar, virei-me e lancei beijos para meus lindos filhos, juntamente com John e Maggie. Mal havia os deixado e já estava sentindo saudade. Adentrei na aeronave e me acomodei numa poltrona que me foi apontada. O comandante veio até mim e me passou algumas instruções. Assenti. Assim que decolamos, uma aeromoça que estava presente indicou-me um pequeno cômodo preparado para mim. Resolvi ir até lá para descansar um pouco.

...

Quando cheguei ao prédio do Rosa de Aço, fui bajulada como se fosse algum tipo de deus. Já não gostei daquele comportamento falso, e isso interferiu no meu humor. Eu estava irritada porque peguei um puta trânsito para chegar em Madri, e para complicar ainda mais a situação, não fui nem um pouco com a cara do pessoal da direção. Eram arrogantes e petulantes. Olhavam-me como se eu fosse um pedaço de carne, e não como sua chefia. Eu estava no meio de leões famintos, e aquilo era bastante desconfortável. Talvez ainda não tivessem aceitado o fato de eu ser a nova dona da empresa, e também tinha minha idade. Mas eu iria mostrar com quem eles estavam mexendo.

Minha cara fechada mostrava a eles que eu não estava ali para brincadeiras, e que jamais aceitaria piadinhas a meu respeito. Entrei na sala de conferência já com todos os funcionários reunidos, mas apenas os da diretoria. Não dei boa tarde nem nada e eles repararam isso. Caminhei até minha cadeira, que era a da ponta. Sentei-me sem falar nada e peguei os papéis que foram postos para lê-los. Comecei com um que indicava o nome de todos os presentes ali, e eram vinte no total. Sinceramente, a presença de 10 deles era desnecessária, dado seu cargo que não interferia em nada sobre tomar decisões.

- Senhores Alberto Rodríguez, Alfredo González, Alicia Martínez, Ana Lopez, Andrés Vega, Andrea Sanchez, Bernardo Rodríguez, Antônio Alvarez, Teodoro Vicentino e Hernandes Pietro, por gentileza, deixem a sala de reunião. - Comandei sem nem mesmo remover os olhos do papel. O murmurinho começou, e aos poucos fora ficando mais alto enquanto nem um dos citados obedecia a minha ordem. Ergui o olhar para os presentes ali, seriamente, fazendo com o que o barulho cessasse. - Terei que repetir o nome de todos novamente para que me obedeçam? - Eu era toda autoridade, mostrando a eles quem realmente mandava ali.

Um por um foi levantando e sem questionamentos iam saindo da sala. Sorri mentalmente ao ter uma ideia. Se eles eram arrogantes, eu poderia ser mais. Minha deusa interior mostrou-se em roupas apertadíssimas de couro com um chicote na mão. Eu sabia muito bem em quem me espelhar para deixar cada boca de cada ser insignificante naquela sala ir ao chão com minha postura dominante.

- Senhor Alejandro De La Vega, sirva-me um café preto bem forte. - Comandei. O homem me olhou como se eu fosse um alien. - Devo avisar a todos que não gosto de esperar.

- Mas Senhora Travell, eu sou... - Começou ele, mas o interrompi.

- Diretor geral. Eu sei. E isso não te impede de fazer o cargo de um assistente. Agora vá para darmos início a nossa reunião. - Ele olhou para a moça ao seu lado, sua secretária. Pediu a ela que fizesse o serviço, mas antes que a mulher se levantasse, comecei: - Senhor De La Vega, se eu quisesse que fosse a sua secretária a ir buscar o café que eu pedi, eu teria me dirigido diretamente a ela. Já é a segunda vez que peço algo e não sou atendida prontamente. Talvez eu deva começar a trocar os funcionários, ou quem sabe, contratar novas pessoas dispostas a cooperar. O Senhor vai querer que eu repita novamente o meu pedido? - Olhei para ele com as sobrancelhas arqueadas.

Observei os traços do homem se enrijecerem com a tamanha raiva que estava sentindo. Desconfortável, ele pediu licença e saiu a passos largos. Vi no rosto das nove pessoas presentes sorrisos sujos surgirem. Estavam rindo da desgraça do "chefe".

- Marta Flores, você é a assistente de Alejandro, certo? Questionei. Ela assentiu. - Vá rapidamente ao setor de fabricação de roupas e chame cinco funcionários, de preferência, aqueles que falam por todos.

- Sim, Senhora. Mas alguma coisa? - Ela questionou, ganhando minha simpatia. Ela não estava querendo ser a melhor, ou estava fazendo aquilo por obrigação. Em seus olhos eu vi que ela fazia aquilo porque gostava.

- Por enquanto não. Pode ir. - Ela assentiu.

Após sua partida eu voltei a observar os documentos, mas um barulho em minha bolsa chamou minha atenção. Era meu BlackBerry. Peguei-o pondo no modo silencioso. Um e-mail de Christian. Meu coração deu um pulo no peito.

______________________________________________________________

De: Christian Grey
Assunto: Espanha
29 de agosto de 2012 14h45min
Para: Anastásia Travell

Boa Tarde, Ana, querida.
Já chegou à Espanha?
Como se sente longe de Seattle?

Christian Grey

______________________________________________________________

Eu sorrio.

______________________________________________________________

De: Anastácia Travell
Assunto: Espanha
29 de agosto de 2012 14h47min
Para: Christian Grey

Tarde, querido Christian.
Sim, já estou aqui, esperando a reunião começar.
Estou me sentindo péssima longe dos meus filhos. E como deve ter percebido a falta de uma palavrinha no começo do e-mail, está tudo um completo inferno. Meus funcionários não estavam me respeitando. Estavam agindo cínica e arrogantemente, mas resolvi mostrar a eles que não sou quem eles pensam. Me inspirei em você e coloquei todos em seus devidos lugares. E sabe o que mais? Fiz um COO ir buscar um café para mim. Ele ficou puto, haha. Estou gargalhando por dentro =D
E você, como está? Alguma novidade

Anastácia Travell

______________________________________________________________

Enviei. Nem Alejandro e nem Marta haviam chegado. Outro e-mail chega.

______________________________________________________________

De: Christian Grey
Assunto: Sou um muso inspirador?
29 de agosto de 2012 14h49min
Para: Anastásia Travell

Você se inspirou em mim? Então todos devem estar te odiando agora ;)
Eu imagino como deve se sentir. É difícil deixá-los. Eu recordei do dia em que saí da casa dos meus pais. Mia chorou muito.
Parabéns. É assim que você tem que ser no seu ambiente de trabalho. Superior aos outros. Não estou dizendo para você humilhar as pessoas, mas sim, mostrar a elas quem manda. Eu estou orgulhoso de você, e acredite, eu pagaria caro para ver a cara de bunda que este idiota deve ter feito, =D. Eu não segurei o sorriso ao te imaginar em modo de comando. Ainda bem que estou em um intervalo, senão os outros empresários achariam que eu sou idiota.
Estou bem, melhor agora que tive contato com você.
Novidade: Quer jantar comigo hoje à noite?

Christian Grey

______________________________________________________________

UAU. Espera. Deixa eu respirar. Um jantar? Com Christian Grey? Sabe... Pode ser divertido!

Percebo Alejandro entrar com uma bandeja na mão. Ele caminha até mim e coloca a xícara sobre a mesa, em minha frente. Ele permanece em pé, acho que esperando pelos agradecimentos.

- Sente-se. - Ordeno. Ele rola os olhos e volta para o seu lugar. O café parece até convidativo, mas vai saber o que ele fez. Pode ter cuspido dentro, ou até ter colocado veneno. Vish. Melhor nem imaginar. - Vou apenas esperar Marta chegar, então daremos início a esta reunião.

Volto minha atenção ao meu BlackBerry, respondendo ao e-mail de Christian.

______________________________________________________________

De: Anastácia Travell
Assunto: Jantar? Hum...
29 de agosto de 2012 14h55min
Para: Christian Grey

Muso? Sério.
Convite tentador. Eu aceitarei. Como fazemos para nos encontrarmos?
Envie a resposta rápido. A reunião poderá começar a qualquer momento.

Anastácia Travell

______________________________________________________________

Eu aperto em enviar esperando que ele responda logo.

O clima na sala está pesado, e Alejandro olha para o relógio praticamente de segundo a segundo. Uma vibração, um novo e-mail.

______________________________________________________________

De: Christian Grey
Assunto: Aliviado
29 de agosto de 2012 14h57min
Para: Anastásia Travell

Nossa. Pensei que você não iria me responder. Fiquei nervoso, Ana. Não faça mais isso. Pensei ter passado do ponto.
Eu estarei livre em uma hora. Já você, não sei. Então apenas me passe o endereço de sua empresa, e quando você estiver livre, me mande um e-mail como aviso. Tudo bem?

Christian Grey

______________________________________________________________

Marta entrou na sala com cinco confeccionistas de roupas. Lógico que a categoria superior ficou incomodada. Rapidamente enviei o e-mail com o endereço que Christian pediu.

A secretária do Senhor Idiota De La Vega tomou seu lugar ao lado dele, já os cinco outros funcionários ficaram em pé.

- Sentem-se, por favor. - Havia gentileza em minha voz. Eu queria deixá-los confortáveis, e não intimidados. - Bom, agora vamos iniciar a reunião. Fui chamada aqui porque vocês... - Olhei para os confeccionistas - Estavam em conflito com a diretoria. Primeiramente ouvirei vocês. Contem-me qual é o problema.

- Senhora Travell, me chamo Miguel e primeiramente eu queria muitíssimo agradecer por ter nos deixado com o emprego. Caso fosse uma desalmada, nem se importaria com a nossa classe...

- Mais puxa saco. - Ouvi Alejandro sussurrar para Roberto Sanchez. Aquilo me irritou profundamente. Levantei um dedo para interromper Miguel.

- Repita o que disse ao Senhor Sanchez em voz alta, Senhor De La Vega. - Pedi, dando a ele total atenção.

Ele rapidamente empalideceu.

- Não disse nada. - Retrucou, na defensiva.

- Disse sim, porque eu ouvi. Agora quero que seja homem para falar alto. - Desafiei, cruzando os braços. Ele continuou calado. - Siga em frente, Senhor Miguel.

- Então, Senhora. O nosso problema é este...

...

Após duas horas de muita discursão, eu já havia avaliado o problema. O salário proposto por Alejandro aos funcionários do setor de confecções era apenas de R$800,00, o que me deixou puta da vida, afinal, no documento que eu havia enviado a esta filial, eu autorizava o aumento do pagamento para R$1.600,00, o dobro. E eles não estavam recebendo. Minha decisão já estava tomada, o que culminaria num outro problema maior, mas para este eu estava pouco me lixando. Após uma conversa particular e tensa com o chefe executivo de finança, chefe executivo de recursos humanos, e outros três, eu percebi aonde estava exatamente o problema. E ele já estava resolvido.

- Senhoras e Senhores, já tomei uma decisão. Quanto a vocês, funcionários da fábrica, não se preocupem mais. Estarei aumentando o salário de vocês para R$2.000.00. - Neste momento os cinco homens que representavam os confeccionadores abriram sorrisos enormes. Agradeceram muito. - Não me agradeçam, vocês merecem. Agora estão livres para ir. - Após saírem, voltei à outra decisão. - Reparei que a diretoria não está seguindo o que lhe é pedido, e por esta razão, Senhor De La Vega, você está demitido... - O homem citado me olhou espantado. - Por não seguir as normas da empresa e sim o que julga ser certo, e por não obedecer a sua superiora, que no caso, sou eu. Todos aqui concordaram com as mudanças nas normas e regras, desde que a marca assumiu um novo logotipo. Eu concordei em mantê-los em seus respectivos cargos, desde que, cumprissem o que era pedido através de um documento mensal. Como diretor da empresa, você, Alejandro, deveria seguir à risca tudo o que lhe foi ordenado. Por outro lado, você continuou seguiu administrando como se a empresa ainda fosse a Zoe Charm. Você não me respeitou pela minha idade, fez gracinhas, o que me leva a pensar que sua administração é terrível. Como o antigo presidente deu um documento oficial ao meu marido que implicava que eu poderia dispensar quem eu quisesse, estou fazendo agora. Posso recomendá-lo para outra empresa se quiser, mas nesta aqui você não trabalha mais. O cargo ficará em aberto, até que eu encontre uma pessoa capaz de exercê-lo com veemência, seriedade e acima de tudo, com paixão. O Senhor González, juntamente ao senhor Ricardo trabalharão como diretores enquanto um novo não é contratado. Quanto a Senhorita Marta, não se preocupe, você continuará exercendo sua função, só que agora terá dois chefes. Mas, peço aos codiretores que não abusem de você. Por enquanto é só o que tenho a declarar. Há algo mais que eu possa fazer por vocês?

- Claro que há. - Alejandro esbravejou batendo com a palma da mão sobre a imensa mesa de mogno negra. - Você não pode fazer isso comigo!

- Senhor De La Vega, primeiramente abaixe o tom para falar comigo. Segundo, posso e fiz. Terceiro, esvazie sua sala, pois os suplentes tem pressa em continuar o trabalho.

- Você pagará caro por isso! - Declarou ele, antes de sair a passos duros.

- Coitado. - Não me abalei com sua ameaça. - Enfim. Obrigada pela recepção. Qualquer outro problema é só informar o meu secretário e ele vai me avisar. Podem ir.

Saíram todos, deixando-me só. Organizei os documentos, e guardei os mais importantes numa pasta. Mandei um e-mail a Christian dizendo que estava de saída e recebi quase que imediatamente sua resposta. Assim que saí da sala de conferência, subi ao setor do RH para assinar a demissão de Alejandro e também o novo aumento dos funcionários.

...

Eu estava caminhando para fora da empresa quando James veio até mim. Sorri perguntando como havia sido sua tarde, e ele respondeu que uma espanhola anciã tentou flertar com ele na cafeteria. Eu ri mais ainda, tirando de mim qualquer resquício do mau humor de antes. Ao chegarmos à rua, um Lamborghin preto para diante de nós. O vidro baixa, revelando um homem lindo. Ele sorri mostrando dentes brancos e perfeitamente alinhados. Eu sorrio de volta, fazendo com que o sorriso dele cresça mais ainda.

- Pronta? - Questiona Christian. Os olhos estão reluzentes.

- Sim.

- Seu segurança pode ir no outro carro com o Taylor. Tudo bem?

Eu olho para James.

- A Senhora ficará bem? - Ele pergunta.

- Sim, querido. Não se preocupe. - Um pouco atrás do luxuoso carro que o Grey está, para um Porsche cinza. É Taylor. - Você quer ir com ele ou prefere pegar um táxi e voltar para o hotel? Pode tirar o resto do dia de folga, se quiser.

- Senhora, minha função é protegê-la, então eu irei com ele.

- Tá. - Eu o vi caminhar até o carro do outro segurança, onde ele entrou no lado do passageiro.

- Tenha cuidado ao contornar o carro, Ana. - Oh. Christian sendo Christian? Milagre.

- Como se eu fosse ser atropelada. Pelo amor de Deus, né Christian? - Revirei os olhos e segui, até entrar no veículo, onde logo coloquei o cinto. Não queria ninguém me dizendo o que fazer. - Para onde vai me levar?

- Está com fome? - Questionou, olhando-me.

- Sim. Eu não almocei, então estou faminta. Até senti vontade de tomar o café que Alejandro me trouxe, mas daí fiquei com medo de que ele tivesse cuspido ou posto algo na bebida. Mas enfim... - Grey deu partida. Não me preocupei com o destino, haja visto que confiava em sua pessoa. - O demiti. Ele ficou tão puto.

- Mentira, Ana. Você demitiu o cara?

- Sim. Ele não estava seguindo o que lhe fora imposto. Ele continuava administrando como se a empresa ainda fosse do antigo proprietário. O problema todo era porque os funcionários da fábrica estavam recebendo metade do que eu havia autorizado. Resolvi o problema aumentando mais do que o dobro do salário dos trabalhadores, e, por justa causa, demiti o tal do De La Vega. Ele fez um showzinho e até me ameaçou, mas sinceramente, todo mundo gostou da minha decisão.

- Não gostei de saber que esse cara te ameaçou. Você deverá ter cuidado com ele. - Christian logo assumiu seriedade. O ar descontraído sumiu.

- Eu não tenho nada a temer. Eu tenho um segurança que me vigia todo tempo, e além do mais, o que ele poderia fazer comigo?

- Não confie tanto no seu segurança. Lembre-se que John Kennedy fora assassinado, e ele tinha vários seguranças ao seu redor.

- Ai, Christian. Eu hein. Deus me livre. - Senti meus pelos se eriçarem ao me imaginar sendo atacada. - Agora você me deixou apreensiva.

- Ótimo. É bom para que você se preocupe mais com sua vida. Nada de se confiar apenas nos outros. Seja discreta, determinada, mas acima de tudo, seja astuta e observadora. As aparências enganam.

- Que conversa estranha. Já chega. Vamos mudar de assunto porque você tá me assustando. Me conte como foi seu dia.

...

- Obrigada, Christian. Hoje à noite foi maravilhosa. Você foi uma ótima companhia. Tirou meus pensamentos um pouco dos meus filhos.

- Quê isso, Ana. Eu só queria te... - Grey começou a parecer nervoso, e eu já havia notado isso desde que chegamos ao restaurante. Depois disso, comemos e conversamos amenidades. Agora estávamos caminhando por um parque com um imenso lago. Éramos espreitados por James e Taylor que garantiam nossa segurança. Ambos em dois carros. - Te deixar animada, sabe? Você merece depois de tudo que passou.

- Robert faz falta. Tenho muita saudade dele, mas sei que ele está em um lugar bem melhor. Claro que eu ainda não superei totalmente, mas estou caminhando para isso. E mais uma vez agradeço por você ter sido um grande amigo quando eu mais precisei. Você esteve mais do meu lado que Kate ou José. Não que eu esteja reclamando, mas... De quem menos se espera, é que vem a ajuda. - Olhei para ele. - Você tinha todos os motivos pra se manter afastado, porém foi contra todos os seus instintos pra me ajudar. Eu acho que... Mesmo se eu te agradecer um milhão de vezes, nunca vai ser o suficiente. Então, obrigada novamente.

Christian parou e me segurou pelos ombros. Seus olhos cinzas ganharam uma tonalidade mais escura, conforme ele me encarava. Óbvio que eu fiquei surpresa, afinal fazia tempo que alguém não invadia a minha zona de conforto.

- Ana, eu juro que eu estou tentando. Juro mesmo, mas está ficando difícil a cada dia que se passa. Eu... Você sabe que eu sou louco por você e... E isso é tortura pra mim, está perto de você e não poder te tocar. Olhar para os seus lábios sem poder beijá-los, senti o cheiro de sua pele sem poder abraçá-la. Eu estou a ponto de explodir agora mesmo, Ana. Estou tentando refrear uma pergunta desde segunda-feira, e eu sei que estou arriscando todo o meu percurso até aqui, mas eu preciso saber. Nós ainda temos chances?

Eu só pude piscar para ele. Estava surpresa, porém emocionada. Eu não esperava por tal atitude, mesmo que soubesse o quão surpreendente ele poderia ser.

- Eu não quero estragar tudo, mas não quero viver desse jeito, instável, sem saber se você vai me aceitar de volta ou não. Eu não quero passar a minha vida toda rastejando por alguém que não me quer, porque isso dói bastante, mas se eu fiz isso, Ana, é porque você sabe, eu... eu...

Não. Não. Não. Por favor, não diga o que estou pensando que vai dizer. Não.



POV Christian Grey



- Eu amo você. É você e sempre vai ser. Eu faço o que você quiser, tudo mesmo, pra te ter novamente. Porque você foi a única a aquecer meu coração, porque você foi a única a me enxergar verdadeiramente. Você me viu no inferno e me resgatou dele, levando-me ao paraíso, mas ele não existe se você não estiver lá. Anastácia, você é a minha salvação, e se você me aceitar novamente, será minha redenção também. Eu achei que quem possuía dinheiro, possuía tudo. Eu não podia está mais errado. Eu posso ter fortunas e mais fortunas, mas se eu não tiver você, eu não tenho nada, porque você é o meu tudo. E eu estou aqui, te implorando para que você me dê apenas uma, uma só chance, pra eu te mostrar que posso ser o homem que você sempre sonhou, apesar dos meu cinquenta tons. Estou disposto a deixá-los de lado para que você me aceite novamente. Porque assim como o homem precisa de ar para respirar, eu preciso de você para viver.

Então Ana me abraçou, fortemente. Não era isso que eu esperava, mas ela me surpreendeu. Enterrei minha cabeça na curva de seu pescoço e inalei seu doce perfume. Ela me apertou mais ainda, como se sua vida dependesse daquele contato. Então eu senti algo quente em meus lábios. Abri os olhos para constatar se aquilo era real mesmo. E era. Em quase um ano, eu estava no único lugar que eu desejava. Nos braços e nos lábios da única mulher que eu amei com todas as minhas forças. E foi com aquele selinho que eu tive a certeza de que ela me queria em sua vida, de que apesar de tudo, me amava como antes. Eu agora tinha tudo, porque eu tinha ela. Anastácia Steele era minha novamente.


50 Tons de IraWhere stories live. Discover now