Capítulo XL - Laranja Completa (Parte I)

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  O suor escorria pelo meu corpo. Eu estava tremendo como se estivesse tendo um ataque epilético. Milhares de borboletas batiam asas em minhas entranhas, deixando-me pior do que já estava. Vozes, sons, ruídos, tudo isso era ensurdecedor, levando-me a insanidade.



Passos rápidos. Uma porta. Número 123. Uma respiração ruidosa.



Estava lá, sobre a maca, inconsciente ou apenas dormindo. Os aparelhos indicavam seus batimentos cardíacos. Palidez lhe definia. E eu, me via caindo pouco a pouco num abismo negro. Tinha medo de nunca mais ver seus olhos, olhos esses que me conquistaram pela primeira vez que entraram em contato com o meu.



O médico me olhou, seu semblante cansado. Pôs a mão no meu ombro e sem mais, saiu fechando a porta atrás de si. Eu andei até seu leito, e meus olhos de imediato marejaram. Minhas mão se fecharam em punho, raiva querendo me dominar. Depois de tanto tempo longe, não era possível que logo nesse momento fossemos nos separar. Era um maldito clichê romântico de uma novela mexicana, onde os principais ficam juntos, se separam por intrigas de terceiros, se reconciliam, brigam, se separam novamente, tentam mais uma vez e no final dá tudo certo. Eu estava na parte da reconciliação, porém não queria enfrentar as outras etapas, até porque não estávamos em uma novela e sim na vida real. 


Eu levei minha mão até a sua e notei quando uma lágrima escapou dos meu olhos no segundo em que senti a sua temperatura. Sua mão estava tão fria que eu desejei mil vezes está em seu lugar. As borboletas que antes faziam companhia ao meu estômago partiram, deixando apenas o vazio. A dor até que amenizou um pouco, mas ainda estava lá e ela só iria embora quando eu soubesse que tudo estava realmente bem. 



- Meu Deus! O que fizeram com você?! – Eu questionei retoricamente. Meu coração sangrou tão forte, e eu relembrei as dores que eu senti no passado, só que dessa vez era pior. Era malditamente pior. Eu só queria lhe abraçar e dizer que tudo iria ficar bem. Mas uma coisa era certa... eu descobriria quem fez aquilo. Ah, eu descobriria.



{ Cinco horas depois }



Era provavelmente a milionésima vez que eu olhava no relógio naquele dia. Estava impaciente, com os nervos à flor da pele. Queria saber notícias, mas me impediam. Na última tentativa que fiz de querer ficar a seu lado no quarto, me afastaram dizendo que eu não era de sua família, logo, não tinha razões para estar lá. Pelo amor de Deus! Todo mundo sabia que tínhamos um envolvimento, desde o momento em que lançaram uma foto nossa num jornal até a página no Wikipédia que explicava brevemente e com poucos detalhes nossa história. Como é que agora eles estão dizendo que eu não tinha razões para estar lá? 



Eu primeiramente senti ira, depois meio que entendi. Na verdade acho que sua família tinha tudo para não me querer ali e por isso estavam me privando de qualquer tipo de informação, mas eu sou persistente e nada nem ninguém me tiraria de lá. De repente a porta da sala de espera se abriu e uma mulher bem vestida entrou. Tinha feições abatidas e cansadas. Meu peito apertou só de vê-la. Seu olhar cruzou com o meu e eu fiquei sem saber como agir, mas mantive-me no lugar em que estava. A mulher sentou no outro sofá e suspirou pesarosamente, depois voltou sua atenção para mim.



- O que está fazendo aqui? – Questionou ela, cansada. – Não te disseram para voltar para casa?

50 Tons de IraWhere stories live. Discover now