Capítulo XLI - Laranja Completa (Parte II)

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  Acordar em um hospital não era algo que me agradava, principalmente porque eu relembrava da vez em que Doutor Leonard havia me diagnosticado com câncer, e aquilo me fazia relembrar também que eu tinha Robert ao meu lado. Dessa vez não mais. De alguma forma eu me senti sozinha após recobrar a consciência, mesmo sabendo que tinham várias pessoas do lado de fora do meu quarto. Faltava algo, eu só não conseguia definir o que era.



{~~Flashback on~~}



**5 horas antes**



Eu observava a cena, em pânico, sem saber o que fazer. Eu via o homem que eu tanto amava amarrado em uma cadeira, enquanto era duramente açoitado por correntes de ferro. Eu gritei o mais alto que eu podia, com a intenção de quem quer que estivesse batendo em Christian voltasse sua ira para mim, mas era como se eu fosse invisível naquele lugar. Juntando forças sabe-se Deus de onde, eu comecei uma caminhada para perto do Grey. Meu amor por ele era tão grande que eu me colocaria em seu lugar só para não vê-lo sofrer daquela maneira. E eu estava tão próxima de sua pessoa, até ouvi um estalo vindo pela minha costa.


- Não se mexa.


Eu ergui minhas mãos ao ar, oferecendo minha passividade.


De repente não havia mais açoites e Christian já não estava mais atado a cadeira, e sim, parado e em pé bem na minha frente. Eu permaneci da forma em que estava.


- Achou mesmo que tiraria tudo de mim e ficaria por isso mesmo? – A voz perguntou. Christian manteve-se calado.


- Veja. Se você quer dinheiro eu posso pagar. – Eu disse, tentando fazer com que minha voz não soasse tão fraca.


- O que está dizendo? – Christian rebateu.


A voz riu.


- Eu sinto muito.


- O que? – Eu perguntei.


- Sinto muito. – Christian falou.


- Sinto muito. – A voz tornou a falar.


Então ouvi um barulho de "click" e algo passou rasgando pelo meu peito, acertando a testa de Christian em cheio.



Abri os olhos rapidamente, sentindo meu coração acelerado. Puxei a respiração de forma alvoraçada, como uma pessoa que está se afogando faz quando emerge a superfície. Barulhos de bips ensurdecedores tomaram conta do espaço a minha volta, e eles eram como pregos em brasa sendo enfiados em meu cérebro. Eu puxei meus braços sentindo algo morder minha pele. A luz era lasciva contra as minhas retinas, o que me impossibilitava de ver coerentemente. Algo no meu peito doeu como um punhal cravado em meu coração e eu tentei me erguer, porém meu corpo estava pesado demais. Eu quis gritar, sobretudo a dor no meu peito se intensificava.

50 Tons de IraWhere stories live. Discover now