Cap.19

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Nunca tinha visto um professor falar tanto quanto o de sociologia, não sei se mais alguém se sente assim mas isso me irrita profundamente, ainda mais porque ele fala as mesmas coisas só que de maneiras diferente. Sabe quando você "enche linguiça" em um texto que você não sabe o que escrever, mas precisar de uma certa quantidade de linhas ou tem um tempo que você precisa seguir e você escreve qualquer coisa para não ter que entregar em branco? Então, é meu professor de sociologia falando. Talvez por eu não gostar da matéria ajude um pouco na minha revolta, mas não muda nada ter consciência desse fato, porque minha opinião não vai mudar.

Coloquei meu fone de ouvido e encarei a janela que ficava bem do lado do meu lugar, dava para ver algumas árvores do pátio, alguns alunos provavelmente cabulando aula e também pude perceber que ventáva um pouco, mas continuava abafado, foi então que eu vi o Lucas andando um pouco apressado pelo pátio e depois pulando o muro com a maior facilidade.

Achei meio estranho, ele faz isso as vezes mas normalmente ele me "avisa", me chamando para ir junto ou até mesmo o Dom. Fui tirado de meus pensamentos quando sinto alguém tirando um dos meus fones, eu até me estressaría se não soubesse que a baixinha que havia feito isso. Olhei para o lado e a vi colocando o fone em seu ouvido e logo pegando meu celular de cima da mesa, um hábito muito irritante que essa menina tem, mudar a música sem eu deixar.

-Essa música é muito chata- a baixinha fala fransindo a testa enquanto procurava uma outra música, que ela gostasse no caso.

-Você também é muito chata, mas não é só por isso que eu deixo de te escutar- respondo com um sorriso de canto vendo ela me olhar meio imburrada mas logo deu aquele sorrisinho sínico que ela esboçáva para não ter que xingar alguém.

-Sorte sua que estamos em aula-a baixinha falou trocando de música- Eu amo essa música- falou deitando a cabeça no meu ombro e quase sussurrando a música junto com o cantor- Eu sei, tudo pode acontecer...Eu sei nosso amor não vai morrer... Vou pedir, aos céus...Você aqui comigo...

Papas da Língua, eu e a baixinha ouvíamos muito esse grupo e essa música deles "Eu sei", era a sua favorita. O que eu sempre achei estranho é que mesmo ela gostando da música, a baixinha se emocionava muito quando ouvia, sim a letra da música era muito bonita, mas eu queria mesmo era saber se ela tinha motivos para chorar por causa dessa música, mas ela sempre me respondia que nem ela sabia o porque disso.

As aulas seguiram e em seu término a baixinha disse que precisava ir para sua casa porque sua mãe estava a "pedindo" para arrumar seu quarto. Queria mesmo era saber como ela bagunçava tanto o quarto dela, se ela mais vivia na minha casa do que na dela.

-Mas pode passar lá em casa depois que você comer, se quiser- a baixinha falou me dando um beijo na bochecha e indo falar com as meninas.

Cheguei em casa ainda com sono, ondeio quinta feira. Minha mãe não estava em casa, mas deixou um bilhete avisando ter ido na casa de uma amiga, quase revirei os olhos quando eu li a última parte:

"...tem miojo no armário e água na geladeira, o fogão você sabe onde está.
Beijos querido."

Minha mãe sabe que eu amo a comida dela e ela faz isso comigo. Me contentei com o meu miojo mesmo e fui tirar um cochilo, quando eu acordar eu vou para casa da baixinha...

***
Toquei a campainha e a mãe da baixinha atendeu, logo que entrei pude ouvir uma música vindo do andar de cima, pedi licença para tia e fui em direção ao quarto da baixinha.

À encontrei de pé em cima de sua cama, a música que tocava era um pouco antiga, a banda já tinha lançado outras músicas, mas a baixinha se contentáva com as antigas. Far Away - Nickelback.

-Está arrumando seu quarto muito bem!-falei chamando sua atenção, a baixinha me olhou e deu uma risada um pouco envergonhada.

-Eu estou arrumando- a baixinha respondeu descendo da cama, pegando um pano e passando em cima da cômoda- Você só chegou na hora da minha pausa- ela falou achando que eu acreditaria.

-Sei- falei indo em direção ao rádio, a baixinha só podia estar apaixonada, só tinha música "fofa". Coloquei na primeira mais agitada que eu achei.

-Eu estava ouvindo- a baixinha falou inconformada.

-Tá vendo como é bom, você vive fazendo isso- respondi dando um sorrisinho. A vi revirando os olhos e continuar com seu pequeno "serviço".

Depois que a baixinha resolveu terminar logo a pequena faxina no seu quarto, fomos em direção ao parque. A Amy tinha visto um panfleto dizendo que haveria um pequeno festival hoje, com música, comida e artesanatos para comprar. Então resolvemos ir, mandamos mensagem para o povo e eles responderam que iriam nos encontrar lá.

Era umas 18h ainda estavam organizando tudo, a baixinha avistou as meninas e fomos em direção à elas. Depois de alguns minutos os meninos apareceram e logo fomos avisados por um dos organizadores que o show começariam dentro de 15min, então fomos em direção ao palco improvisado antes que lotasse.

O grupo que tocava se chamava... Ok, não lembro como eles se chamavam. Mas a culpa não é minha se na hora que eles se apresentaram, um homem vendendo algodão doce passou e a baixinha só faltou pular no cara e eu tive que impedir. Sim a baixinha é pior que criança quando tem doce envolvido.

As músicas que eles estavam cantando eram de cantores como onze20, Jota Quest, Charlie Brown Jr. e outras bandas conhecidas. A vocalista era uma menina de cabelos roxos, muito branca e de olhos castanhos, tinha um carinha loiro tocando bateria e um outro carinha de cabelos pretos tocando guitarra; não vou detalhar como eles eram ok, até porque eu não reparo em homem.

O show durou umas 2h, fomos então ver as outras atrações que tinham no local, um homem pintava o retrato de uma criança no quadro, tinha gente fazendo malabarismo e acrobacias, e mais no fim do parque tinham dois grupos de dança de rua disputando. Não foi muita surpresa quando os dançarinos resolveram chamar pessoas da plateia para que participassem e as meninas foram com o maior prazer, uma das dançarinas ensinou alguns passos para a Amy, a Aline e a Elizabeth e ambas conseguiram pegar os passos rapidinho. Como já era esperado.

Depois que as meninas se apresentaram junto com o grupo, que as convidou, fomos nas barraquias de comida e tamanha era minha felicidade ao ver a diversidade de comida que o festival tinha. Comemos um pouquinho de cada coisa e antes de ir embora fomos comprar algum artesanato que estavam vendendo, a Aline comprou uma camiseta, a Elizabeth um vestido, o Lucas um colar, o Dom um bracelete de couro, e por fim, eu e a baixinha quase brigamos por um apanhador de sonho que havíamos visto, felizmente o vendedor arrumou mais um igual e logo fomos embora.

-Boa sorte na competição meninos!!- as meninas falaram juntas e foram para a casa da Elizabeth.

-Por que pulou o murro hoje Lucas?- perguntei quando as meninas foram embora.

-Não estava a fim de ouvir a professora de matemática- o Lucas respondeu fazendo uma cara feia, eu e o Dom rimos de seu comentário e logos nos depedimos.

O Lucas e o Dom foram para suas casas e eu fui para a minha. Esse festival ajudou para que nós três relaxássemos antes da competição, espero que ocorra tudo bem.

Do ringue aos palcos (Em Revisão)Onde histórias criam vida. Descubra agora