Cap.35

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Nos arrumamos nos lugares certos do palco, a Elizabeth e eu ficamos em uma das pontas, o Dom e a baixinha ficaram na outra e os dois ruivos ficaram no meio. Eu respirava um pouco descompassado, precisava me acalmar e quando a professora responsável começou a anunciar nossos nomes, segurei na cintura da Elizabeth e peguei sua mão, agora o mais difícil. Manter o contato visual a todo momento.

As cortinas começaram a se afastar uma da outra e foi nesse momento que a música "Bust Your Windows - Jazmine Sullivan" se fez presente. Ao toque inicial do violino nossos olhares que miravam o chão, subiam lentamente esperando o momento em que a cantora se pronunciaría, logo no momento certo eu guiava a Elizabeth, que se entregava completamente a música, eram passos, giros e movimentos que esbanjavam sensualidade, aquele contato corpo a corpo, sem vergonha e total concentração em cada expressão  facial que fazíamos, logo depois as meninas se juntaram no centro do palco fazendo alguns movimentos de chão, finalizando com um salto que se baseava em uma leve inclinação das costas enquantos suas pernas eram lançadas para trás formando um arco, fazendo com que seus pés quase encostacem na cabeça. Ao terminarem o salto complementando com uma pirueta perfeita, os pares foram trocados e agora a Amy me encarava com um olhar de paixão e desejo. A puxei contra meu corpo subindo e segurando sua coxa colada em minha perna, suas mãos estavam em meu peito me puxando cada vez para mais perto como se fôssemos nos fundir em apenas um ser, a baixinha se afastou dando uma volta ao meu redor mas não nos destanciavamos totalmente, meus olhos passavam pelo seu corpo que brilhava devido o suor, seu vestido colado ao corpo e aqueles olhos que não desviavam dos meus. A puxei pela cintura e a Amy passou a mão do meu pescoço até meu abdômen se abaixando na minha frente, a peguei pela mão a puxando para o alto, fazendo com que ela tirasse os pés do chão e depois descesse com nossos rostos milímetros de distância, o que fazia meus olhos irem em direção a sua boca. A música estava terminando, segurava a cintura da baixinha enquanto ela inclinava suas costas para trás e eu ia junto passando o meu nariz na curvatura do seu pescoço, até senti ela se arrepiar e ainda ouvi meu nome sair com sua voz rouca devido o cansaço, a encarei com um sorriso de canto e ela olhava para mim com a respiração acelerada e no momento final da música, meu auto controle já não existia mais, minha cabeça já não pensava mais nada, não sabia o certo e o errado, nem quais seriam as consequências dos meus atos, então eu a beije com toda a minha vontade, pensei que ela se afastaria devido a supresa mas ela apenas enlaçou as mãos no meu pescoço, retribuindo o beijo.

Me separei da Amy que me encarava ofegante, ouvíamos as palmas e os gritos que vinham da plateia eufórica. A Aline, a Elizabeth, o Dom e o Lucas se aproximaram de nós para que agradecessemos, não falaram nada sobre o meu ato impulsivo, mas não sabia se por eles não terem visto ou por apenas não quererem falar nada sobre. As cortinas do palco se fecharam novamente antes que saíssimos, a Amy me encarava sem dizer uma única palavra, suas expressões eram confusas e com razão, essa foi a primeira vez que nos beijamos sem ter sido acidental  ou por um de nós estar bêbado.

-Eu...eu vo indo na frente- a baixinha falou me olhando e sorrindo para as meninas logo depois. Ela se retirou do palco e os quatro ficaram me encarando, acho que esperando alguma coisa.

-Sério mesmo que  você não vai atrás dela- a Aline e a Elizabeth falaram juntas enquanto o Dom e o Lucas apenas cruzavam os braços.

-Mas...- antes que eu concluisse a minha frase alguém me interrompeu, reconheci a voz e quando olhei para trás confirmei minhas suspeitas.

-Nada de "mas"  Christian, vai atrás dela agora e da um jeito nisso- a minha mãe falava como se me desse uma bronca, me fazendo lembrar da minha infância.

Sorri para a minha mãe correndo para aonde a Amy havia ido. Não sabia extamente o que iria dizer, mas querer falar alguma coisa sobre isso com ela já era um ponto para mim. Fui no primeiro lugar que eu achei que provavelmente a baixinha estaria, o camarim, entrei e ela não estava lá, só não fiquei desesperado porque a mochila dela ainda estava aqui dentro. Para onde será que você foi?

Pensei em ligar para ela, mas me lembrei que a Amy não havia trazido o celular, então fiz a única coisa mais coerente naquele momento, procura-la por toda aquela escola enorme.

Procurei nas salas de aula, o que me deu uma grande nostalgia, olhei nos corredores que sempre estavam cheios de alunos indo para todas as direções, com várias emoções que cada um carregava consigo e agora vazio desse jeito, era até solitário passar por aqui. Fui até as quadras que normalmente a Amy ia para espairecer, quando eu vi uma menina de cabelo preto sentada  ali perto, minhas esperanças até aumentaram mas quando ela se virou, não era a minha baixinha. Será que ela foi embora sem mais nem menos? Provavelmente ela pediria para as meninas levarem suas coisas para casa, era isso, a Amy não queria me ver.

Já estava voltando para o anfiteatro, quando eu a vi no pátio, mas um homem de terno de cabelos um pouco grisalhos estava junto com ela. Me aproximei dos dois sem que me vissem e consegui ouvir o que eles falavam, mesmo que não muito nitidamente.

-Sério?- a Amy parecia feliz, com um grande sorriso no rosto.

-Sim senhorita, mas você teria que ir amanhã para a nossa faculdade, as aulas começam semana quem vem- o homem de terno falou com um sorriso simpático.

-Eu me sinto honrada em ser convidada finalmente para a sua faculdade, senhor- a Amy estava mais do que feliz, eu consegui ver que seus olhinhos até brilhavam. Finalmente ela consegui realizar seu sonho. Mas do nada seu sorriso sumiu do seu rosto, agora seus olhos transmitiam duvidas.

-Aconteceu alguma coisa?- o homem perguntou sem entender a mudança de humor- Se você acha que não terá lugar para dormir, temos dormitórios para os alunos e se o problema for seus pais, eu converso com eles sem problema algum- continuou sincero.

-Não, eu sei que meus pais me apoiariam, e também não é questão dos dormitórios...- a baixinha começou olhando para o homem com um sorriso triste.

-Sei que é dificl deixar os amigos para trás- o homem falou sorrindo gentilmente, como se realmente entendesse e não falando isso apenas para convencê-la de ir para a faculdade- Se você quiser pensar, me liga até o fim dessa tarde- terminou entregando um cartão, provavelmente com seus números de contato.

-Obrigada- a Amy respondeu encarando o cartão e o homem se distanciou seguindo para o anfiteatro.

Droga, não vou deixar a Amy perder uma oportunidade dessas porque a confundi. E ainda mais que ela não iria se eu dissesse tudo o que eu tenho para dizer.

Olho para a baixinha e a vejo encarando o sol se pondo aos poucos e uma fina lágrima escorria de seus olhos.

Do ringue aos palcos (Em Revisão)Where stories live. Discover now