Capítulo 09

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Acordei com Dylan se levantando da cama, e o vi indo em direção ao banheiro, me virei para o outro lado e tentei dormir novamente.
- Juliana, acorde.
Disse Dylan.
Abri os olhos e o vi me encarando, e quando ele percebeu, desviou o olhar no mesmo instante.
- Ok, já vou.
Falei me levantando da cama.
Vou ficar na minha, afinal, ele não fez nenhuma babaquice ainda.
- Te espero lá fora.
Disse Dylan, pegando sua mochila em seguida e saindo do quarto.
Fui até meu guarda-roupa e procurei algo para vestir.
Peguei uma camisete de algodão bege, rendada nas costas, um shorts jeans azul claro e meu all star branco.
Prendi meu cabelo em um coque, passei lápis de olho e rímel, em seguida, peguei minha bolsa e saí do quarto.
Dylan ainda estava me esperando, e isso me deixou um pouco surpresa.
- Você está linda...
Disse ele quase num sussurro.
- O quê?
Perguntei surpresa, não acredito que ouvi isso.
- Isso mesmo que você ouviu.
Disse ele, meio nervoso.
- Dylan, na boa, o que está acontecendo com você? Bateu a cabeça? Foi abduzido por aliens?
Perguntei confusa.
- Nada... deixa pra lá.
Disse ele com receio.
- Deixar pra lá? Primeiro, você age como um tremendo babaca, e agora, do nada, resolver ser legal? Acha que sou brinquedo pra você agir assim?
Respondi, perdendo minha paciência.
- Exatamente por isso, eu agi de forma errada, e estou tentando consertar isso, mas parece que você adora uma encrenca.
Disse ele, começando a se irritar.
- Se quer consertar seus erros, que tal começar com um pedido de desculpas?
Falei com ironia.
- Eu...Ah! Quer saber, esquece isso.
Disse ele irritado e acelerando seus passos.
- Claro, primeiro vem com conversinha de que quer consertar os erros e tudo mais, e agora age dessa forma? Francamente...
- Pois é, fazer o que se você não facilita.
- Não facilito? E você, facilita? Bem... Acho que não.
Respondi, raiva fluindo de mim.
- É o que estou tentando fazer, mas você também não ajuda!
- Se você pedisse desculpas, talvez eu ajudasse...
Nesse instante, Dylan se virou bruscamente em minha direção...
E é agora, que ele vai agir como um covarde, e me segurar pelos braços...
- O problema é que eu nunca peço desculpas, Juliana.
Disse ele, ficando cara-a-cara comigo.
Nossos olhos se encontraram por alguns segundos... O que raios está acontecendo que não desvio o meu olhar... Merda...
O sinal tocou, anunciando o começo das aulas do período da manhã.
Dylan se afastou de mim e entrou na sala de aula.
Fiz o mesmo logo depois, e me sentei ao lado de Pietro.
- Oi Juh, tudo bem?
Perguntou ele, abrindo um belo sorriso.
- Oi Pietro, nada bem e você?
Respondi, dando um sorriso de canto.
- Estou bem, mas o que aconteceu?
- O Dylan me irrita.
Falei revirando os olhos.
- O que esse idiota fez com você?
- Esse é o problema, ele não fez nada, ele está tentando ser "legal".
- Ele pediu desculpas?
Perguntou Pietro surpreso.
- Não, e é aí que está a coisa, ele não pediu desculpas, e está tentando ser legal, como ele quer consertar os erros se não pede desculpas, mostrando que realmente está arrependido?
- Esse cara é estranho.
- Estranho não, é idiota mesmo.
- Mas você sabe o motivo dele não pedir desculpas?
- Ele disse que nunca pediu desculpas para ninguém.
- Ok, isso é bem orgulhoso da parte dele.
Disse Pietro.
- Orgulhoso e arrogante.
Respondi, completando a frase de Pietro.
- E o pior de tudo, é que existem muitas pessoas assim por aí, que não pedem desculpas, por mais erradas que estejam.
- Isso é uma verdade.
Continuamos conversando por um longo tempo, quando percebo que as duas primeiras aulas haviam terminado.

***

A pior parte de ter sentidos aguçados, é que as vezes você acaba ouvindo o que não quer...
E foi isso que acabou de acontecer comigo.
A Juliana definitivamente me odeia, e mesmo eu tentando mudar, ela vai continuar me odiando...
Eu nunca fui de pedir desculpas, não depois do que tive que passar...
O filho bastardo de um grande nobre da França.
E além de ser bastardo, ainda se apaixona pela filha do rei de seu país, e é desprezado e humilhado na frente de alguns nobres.
Pois é, esse sou eu, ou pelo menos, era eu.
Hoje em dia, o que sobra?
Um cara frio, orgulhoso e arrogante que não se importa com ninguém, até que conhece uma humana, que vira sua vida de cabeça para baixo.
- Dylan, você está bem?
Ouço minha irmã Eloisa, e sinto-a colocando sua mão sobre a minha.
- Não...
Respondi, mordendo meu lábio inferior.
- O que aconteceu?
Perguntou ela, preocupada comigo.
- Depois eu te falo, acho que aqui não é um bom lugar para falar sobre isso.
Respondi, dando um sorriso de canto.
- Ok, mas de hoje não passa, me conte tudo.
Diz Eloisa, como se fosse uma mãe preocupada.
Desde que minha mãe morreu no meu parto, meu pai, o Duque Leboursier, me trouxe para seu castelo, onde a mãe de Eloisa foi obrigada a cuidar de mim, e eu digo obrigada, pois era assim que ela se sentia, eu podia ver em seus olhos, então, quem realmente cuidava de mim porque queria mesmo fazer isso, era Eloisa.
E quando ela se casou, fui morar com ela em seu castelo.
Eu a via sofrer por causa daquele inútil do marido dela, mas por ser mais novo, não podia fazer nada.
E quando ela virou vampira, não pensei duas vezes, e pedi para ela me transformar, e quando fiz 16 anos, meu presente de aniversário foi a imortalidade.
Desde lá, fiz de tudo para me tornar mais forte, e nunca mais permitir que alguém machucasse minha irmã, ou que me humilhasse, como meu pai e minha madrasta faziam.
O sinal tocou, anunciando o intervalo, então, me levantei e caminhei em direção a porta o mais rápido que pude, não queria ficar perto de Juliana, não agora.
Me dirigi para o pátio, onde me sentei em um banco de pedra que havia ali, eu precisava ficar um tempo longe de tudo.

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