7. Clear eyes, full hearts, can't lose

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Estacionei no primeiro lugar vazio que avistei e achar um lugar vazio que coubesse minha Chevy não foi nada fácil. Andei até a entrada do estádio. Era um jogo de times de ensino médio, nada muito importante, pelo menos não para o resto do país, mas, se dependesse da animação e do barulho da torcida, aquele jogo decidiria o futuro da cidade. O cheiro de cachorro quente me guiou até a barraquinha que também vendia pipoca e amendoim.

- Boa noite! O que a senhorita vai querer? - o coroa grisalho usando um uniforme engraçado me perguntou

- Quero dois cachorros quentes caprichados, uma pipoca grande e um saco de amendoim.

Não me olhem assim, eu estava faminta.

- Algo pra beber? - ele também perguntou

Analisei as possibilidades de bebida. Havia cerveja, mas, além de eu odiar cerveja, ele nunca me venderia nada alcoólico.

- Qualquer refrigerante que tiver - eu não estava com paciência de escolher

Nesse momento, vi outra pessoa se aproximar da barraca e ficar do meu lado. Eu ignorei sua presença, como havia feito a tarde toda.

- O que deseja, senhor? - o grisalho foi igualmente simpático

- O mesmo que ela - e apontou pra mim

Eu apenas ri quando ele se assustou, sem saber o que fazer com dois cachorros-quentes, pipoca, amendoim e refrigerante na mão. Tentei achar um local livre na arquibancada e me sentei. Era um lugar apertado, sem espaço para outra pessoa. Ele vinha logo atrás. Fez questão de entrar no mesmo corredor que eu sentara. O filho da mãe perguntou ao homem do meu lado se ele não podia sentar um pouco mais pro lado. Eu bufei. Sério mesmo?

- Você já está no segundo cachorro quente?!

Eu rolei os olhos.

- Cala a boca e assiste o jogo.

- Você entende de futebol americano?

- E quem não entende? Tudo o que você tem que fazer é levar a bola até a endzone.

- Shhhh - o homem do nosso lado pediu silêncio

Eu queria agradecê-lo por isso. Assisti o jogo prestando atenção, apesar de não saber pra qual time torcer. Acabei torcendo pro que estava ganhando. Eram os Lewisburg Green Dragons contra o Central Columbia e o time da casa estava em vantagem. Nos segundos finais eles fizeram um touchdown, levando a arquibancada à loucura. Eu, que já havia devorado os cachorros-quentes, amendoins e a pipoca e estava bem concentrada no jogo, também me levantei, gritando. E abraçando quem estava do meu lado. Mas fiquei um pouco desconfortável quando percebi que estava o abraçando. Ele gemeu por causa do ombro e eu pedi desculpas. As arquibancadas começaram a se esvaziar, o barulho agora era de comemoração e conversa. Lewisburg Green Dragons venceram de 28 a 6! A fanfarra estava tocando animada. Fiquei imaginando como seria se eu morasse em Lewisburg. Que tipo de pessoa eu seria? Que tipo de vida eu levaria? Será que eu seria líder de torcida ou iria tocar na fanfarra? Ou eu odiaria isso tudo? Eu gostava de me imaginar em outros cenários. Cenários que não incluíam uma arma na minha cintura.

Como estávamos cada vez mais ao norte, chegando perto da região dos grandes lagos, estava ficando cada vez mais frio, apesar do verão estar só começando. Minha camisa fina já não parecia mais tão resistente ao vento fraco que fazia à noite. Eu teria que comprar alguma roupa no dia seguinte.

Desci as escadas da arquibancada em silêncio. Eu estava morrendo de sono e cansaço para falar qualquer coisa. Talvez seja por isso que não falo muito: socializar dá trabalho demais e eu tenho preguiça.

Freedom's Last BulletWhere stories live. Discover now