8. Gives you feelings that you don't want to fight

153 12 2
                                    


Silêncio. Eu podia ouvir os barulhos de insetos. Nós estávamos deitados na grama do parque, a caixa de pizza, já vazia, entre nós. E eu estava me sentindo em paz, apesar de estar longe de casa, com a perna machucada, do lado de um praticamente estranho e estar jurada de morte pelo meu pai. Sim, eu consegui achar paz olhando para o céu, deitada sem dizer uma palavra.

- Você está melhor? Tem certeza? - ele parecia meu pai

Ok, foi só uma expressão. O pai que eu tenho – ou tinha – nunca se preocupou mesmo comigo.

- Estou perfeitamente bem agora. Pelo menos estava antes de você abrir a boca.

Ele riu. Eu estava sendo grossa, por que ele estava rindo?

- Você ficou um pouco atordoada com tanto movimento, não é? Ansiosa? Perdida?

- Eu estou deitada na grama e não em um divã.

- É que eu realmente me interesso por psicologia. Já li alguns livros sobre ansiedade e síndrome do pânico.

- Que ótimo - eu falei sem interesse - Mas eu não tenho isso.

- O que você teve na praça de alimentação me pareceu uma crise... Você ficou perdida com tanta coisa nova para prestar atenção, tanto barulho e tanta gente junta. Você não deve estar acostumada, eu sei lá, a reação me pareceu um sintoma mais grave.

- Quanto eu te devo por essa sessão inútil e completamente errada de terapia?

Ele riu. E o assunto parou por aí. Parou pelo menos por uns cinco minutos.

- Meu nome realmente é Zach - ele disse e eu não disse nada - Você pode conferir minha carteira de motorista se quiser. Eu não estou mentindo.

- Tudo bem, Zach. Já que estamos nessa hora de confissões, quando é que você vai claramente me explicar por que raios está me seguindo? E não venha com a história da Chevy!

- Eu só preciso de um pouco de aventura. Eu estou dirigindo pelo país, sem rumo, tentando entender um pouco mais do mundo, um pouco mais de mim mesmo.

- Tudo isso é muito filosófico, mas eu não acredito.

- Meu pai queria que eu fizesse advocacia. Eu odeio Direito. Eu o convenci de que queria conhecer o mundo antes de entrar em uma faculdade e passar o dia inteiro em um escritório. Já faz quatro anos.

- Você está na estrada por quatro anos? Sem voltar para casa?

- Só volto para o Natal.

- E como você consegue dinheiro?

- Meu pai não sabe, mas eu estou gastando quase todo o dinheiro guardado para pagar a faculdade.

Eu não aguentei e gargalhei.

- Sim, eu sei, é engraçado. Eu não gostaria de estar fazendo isso, mas ele não me deu escolha.

- Então você está fugindo?

- Sim. E aparentemente você também.

- Meu pai também não me deu escolha - eu disse, olhando pro céu

- Eu não tenho muito o que reclamar. Eu gosto de viajar, de dirigir, de conhecer culturas e pessoas diferentes.

- E analisá-las psicologicamente - eu concluí e ele riu

- Você é um belo caso a ser estudado - eu ignorei essa frase dele - Quem imaginaria? Uma francesa que não sabe nada de beijo francês.

- O quê? É claro que eu sei - eu ri - E você é um quarterback profissional que não sabe nada de futebol!

Freedom's Last BulletWhere stories live. Discover now