Capítulo Três.

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─ Já estou indo, mamãe ─ grito, calçando minhas havaianas e ajeitando a bolsa em minhas costas.

─ Cuidado, filha ─ ela se aproxima, enxugando as mãos no avental. Fico alguns segundos a fitando e corro para a envolver num abraço com todas as minhas forças.

─ Eu te amo, mamãe ─ digo enquanto ainda a abraço. Algo dentro do meu peito explode, como uma grande, e sinto muita vontade de chorar. ─ Tudo vai melhorar... eu prometo.

─ Eu também te amo, meu bebê. Você sempre será minha bebezinha, Laura ─ ela desgruda do abraço e aperta minhas bochechas. ─ Agora vá para a casa da Rayane e mande lembranças para a mãe dela. Se divirta e volte cedo para casa!

─ Pode deixar, mamãe ─ digo, saindo de casa e ajustando minha mochila nas costas. Mal sabe ela que hoje vou me encontrar com o meu pior pesadelo. Mamãe nunca cismou por conta de Felipe ser do tráfico, até porque ele cresceu junto comigo. Ela sabe que ele não tem coragem de fazer nada de ruim comigo, e tampouco me incentivar a usar algo.

Eu caminho lentamente até a casa de Rayane, lá, pretendo me arrumar e seguir para encontrar DR. Eu estou muito nervosa. Ontem, acordei três vezes com uma crise de ansiedade incontrolável.

Algo diz que eu fiz a coisa errada. Que eu vacilei feio. Mas quem sabe o mundo não age ao meu favor? Rezo para chegar lá e não o encontrar. Ou quem sabe, ser dispensada por ele.

Onde eu fui me meter?

***

Eu já estou me arrumando para ir aonde DR. Estou dentro de um vestido de alcinha preto, com os cabelos presos e uma maquiagem simples.

─ Vai dar tudo certo, amiga ─ ela diz me olhando dos pés à cabeça. ─ Você está uma gata!

─ Estou com medo.

─ Para de se tremer, Laura! Está parecendo uma criancinha. É normal hoje em dia perder a virgindade com qualquer um. Não existem mais príncipes encantados, por quem você vai se apaixonar e guardar a castidade até a noite de núpcias. Olha, só relaxa e deixa ele gozar. A primeira vez sempre dói.

─ Eu só queria poder desistir... ─ meus olhos se enchem de lágrimas.

─ Não adianta lamentar porque já aconteceu. Eu avisei que não seria uma decisão fácil, mas você não me escutou. Agora, aguente as consequências.

─ Você me ajuda muito, Rayane.

─ Só sou sincera. Você está pronta e já pode ir.

─ Me deseja sorte.

─ Não existe sorte ─ ela sorri e me guia até a porta.

Sinto minha inocência ficando para trás. Sei que na hora que eu entrasse naquele lugar, jamais seria a mesma. E isso dói em mim. O sonho de casar virgem, escolher o homem perfeito para mim, e compartilhar isso com alguém que eu amo vai por água abaixo.

Então, DR toma meu primeiro sonho para si.

O primeiro de muitos.

Eu estou me vendendo como uma prostituta.

***

Estou tremendo e suando frio. Sinto todo o meu corpo arrepiado na medida que me aproximo da casa de DR. Meu coração bate forte e faço o possível para conseguir respirar.

Passo da biqueira andando como uma morta-viva, em passos curtos e lentos, e escuto alguém me chamar.

─ Morena? ─ viro-me e vejo PR correndo ao meu encontro.

Sonhos Roubados [DEGUSTAÇÃO]Onde as histórias ganham vida. Descobre agora