Capítulo Oito.

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Daniel e Paula me deixam em casa após o ocorrido. Uma hora da manhã. Eu estou péssima, com uma dor de cabeça horrível e uma culpa indescritível no peito. Ainda um pouco tonta, mas voltando a ficar sóbria.

─ Obrigada pela festa ─ digo baixo. Não consigo erguer meus olhos e olhar para Daniel. ─ Vejo vocês na segunda-feira.

─ Amiga, está tudo bem? ─ Paula indaga e eu concordo com a cabeça.

─ Eu só preciso ir embora.

Sem aguardar uma resposta, saio do carro e seguro firma a minha mochila. Vou para casa em passos lentos, com a mente repleta de pensamentos, um verdadeiro turbilhão. Sinto culpa e receio. Eu não deveria ter me entregue nas mãos de Daniel de forma tão fácil. E se DR descobrir?

Chego em casa e abro a porta com cuidado. Tudo está silencioso.

Sigo até o quarto de mamãe a vejo deitada, dentro de um sono calmo e profundo. Despejo um beijo em seu rosto e puxo o cobertor.

─ Eu só ainda não desisti por sua causa ─ sussurro e deslizo meus dedos por seus cabelos. Minha garganta trava e sinto vontade de chorar. ─ A senhora me dá forças, mamãe. Eu te amo muito.

Dito isso, a deixo dormir e sigo para a sala. Pego um copo de água, ligo a televisão e busco o meu celular dentro da mochila.

Sete ligações perdidas de um número desconhecido e uma nova mensagem.

Número privado às 01:35 ─ Aqui em casa. Agora.

DR. Eu engulo o seco e fico imóvel. Todo o meu corpo fica gelado de repente. Mas reúno toda a coragem do mundo, solto um suspiro e resolvo ir até ele. Não é possível que ele tenha descoberto algo. Mas tratando-se dele, eu realmente não espero absolutamente nada.

Escovo os dentes, troco de roupa e passo um perfume. Vou até a casa dele em passos rápidos. As ruas estão desertas e eu sinto um pouco de medo do que me aguarda.

PR, Menor e Felipe estão na porta da casa de DR conversando. Eles fumam em silêncio. Também tensos com algo. Eu me aproximo ofegante e deslizo as mãos pelos cabelos com um certo nervosismo.

─ O que aconteceu?

─ Hoje é a tua morte! ─ PR diz sério. ─ DR está puto contigo.

─ Você vacilou, mona ─ Felipe nega com a cabeça.

─ É melhor entrar logo. A gente vai marcar dez ali ─ Menor diz e puxa os meninos. Eu reviro os olhos e toco a maçaneta gélida. É como se uma eletricidade percorresse por todo o meu corpo. Que bizarro.

O cômodo está todo escuro.

─ DR? ─ aperto o interruptor e só então consigo o enxergar.

Ele está sentado na cama, e mantém sua cabeça baixa. Em suas mãos está um revólver. Merda! Será que ele vai me matar? É verdade o que PR disse? Cacete. Cacete. Cacete. Eu começo a rezar baixinho.

─ Onde você estava? ─ pergunta grosseiro.

─ Na casa de uma amiga.

─ Até agora?

─ Sim? Qual o problema? Você só me fode, não vejo motivos para cobranças, querido ─ debocho e me arrependo em seguida.

─ Olha bem o jeito que você fala comigo ─ ele levanta rápido e vem até onde eu estou, encostando-me na parede e segurando firme em minha mandíbula. ─ Você me deve respeito.

Ele está drogado. Merda. Suas pupilas estão dilatadas e seus olhos vermelhos. É como se ele estivesse possuído ou algo assim. Mas por quê? Já faz meses que ele não se droga.

Sonhos Roubados [DEGUSTAÇÃO]Onde as histórias ganham vida. Descobre agora