Capítulo Cinco.

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Espero ele me convidar para entrar, mas ele não o faz. Então respiro fundo e adentro ao local. Retiro a minha blusa e deslizo minhas mãos pelos meus braços, sentindo frio. A casa dele sempre está fria e sempre achei isso muito estranho. Mas não questiono. É um inferno diferente dos demais.

Às vezes me pergunto o porquê de DR viver com o básico dos básicos. Ele é simples, não exibe seu dinheiro e costuma ser quieto e calado. Anda sempre armado, usa roupas simples e um cordão de ouro ao redor do pescoço. Tirando isso, nada de relógios de ouro, anéis grossos e roupas de marca.

Ele em si é estranho. Está sempre impassível. Não sorri, não chora, não grita e não esboça nenhum tipo de reação. Nem mesmo com crianças o coração dele amolece. Há boatos, que ele já teve uma namorada, e ela engravidou, porém, ao descobrir, DR a estrangulou até a morte.

Mas são só boatos.

Saio dos meus pensamentos quando sinto sua mão em contato com a minha pele. Seu toque é gelado e me faz estremecer. Ele desliza suas mãos pelos meus braços, aproximando seu corpo do meu, tocando minha cintura e subindo até os meus seios. Eu fecho os olhos e arfo. Meu corpo começa a reagir aos toques dele. Por mais que eu tente negar o desejo, é inevitável. Sinto minha calcinha molhada e praguejo por sentir prazer com um homem como ele.

No começo, ele não tocava o meu corpo e evitava o máximo possível o nosso contato físico. Porém, com o passar do tempo, ele começou a se abrir mais e explorar meu corpo antes do nosso ato sexual.

Sua mão agarra o meu pescoço com força e ele me deita na cama, puxando minhas roupas de um jeito nada delicado. Com pressa, urgência e sem demora. Assim que estou pelada, ele me coloca de lado, veste seu membro com a camisinha e desliza suas mãos pela minha cintura. De lado. É a posição preferida dele. Dessa forma, ele consegue me enforcar enquanto me toma com pressa.

Sinto sua respiração quente em meu pescoço, seu peitoral está pertinho da minha pele e consigo sentir os cabelos ralos pinicando as minhas costas. Eu fecho os meus olhos e apenas aprecio o seu toque. Seus dedos acariciando os meus seios, sua respiração quente em contato com o meu rosto e o seu cheiro delicioso. Porra. É a combinação perfeita.

Ele aperta o bico dos meus seios e entra de uma vez só, arrancando um gemido rouco dos meus lábios. Minha intimidade está molhada e ele desliza com facilidade pelo meu canal. Eu gosto quando ele me toca.

Sua mão se fecha em meu pescoço e ele senta uma palmada em minha nádega, que arde, mas é um ardor gostoso. Ele está medindo a força e não está me punindo por algo. Logo ele começa a me comer com força, e eu desço os meus dedos e me toco.

Fico um pouco sentida por ele não dizer nada. Ele sabe que hoje é o meu aniversário e... eu pensei que... como sou burra! É claro que ele não vai dizer nada. Ele só quer me comer. Ele não liga para ninguém e tampouco para mim. Eu só sou a putinha dele. O brinquedo predileto. Só um mero objeto.

Eu não sou nada.

Eu puxo o ar para os meus pulmões com certa dificuldade, percebendo isso, DR afrouxa o aperto no meu pescoço e desliza sua mão para o meu busto. Outra palmada em minha nádega e eu acabo gemendo baixinho, mesmo sem querer.

Mas de repente ele para.

Sua respiração está irregular, assim como a minha, e eu consigo ouvir seu coração bater rápido.

─ O que é isso? ─ ouço sua voz grossa em meu ouvido e todo o meu corpo se arrepia. Sinto seus dedos ásperos tocando o meu pescoço e solto um suspiro.

O colar.

─ Isso ─ ele segura na corrente fina e a observa, soltando em seguida. ─ Eu não lembro de ter dado um colar para você.

─ Eu ganhei hoje de presente de aniversário. Foi o presente de um amigo da escola. ─ Confesso baixinho e abro um sorriso.

─ Tira ─ ele ordena com a voz grave. ─ Não gosto disso. Eu quero que você tire e não coloque nunca mais.

─ Mas... por quê? ─ pergunto sem entender.

É apenas um colar.

─ Você só usa as coisas que eu quero, entendeu? ─ ele aperta a minha mandíbula, trazendo meu rosto para próximo do seu. Olho dentro dos seus olhos e consigo ver ódio. Merda. Eu provoquei a fera.

─ Mas é... ─ tento argumentar.

─ Ou você tira ou eu quebro ─ ele diz entredentes.

Eu concordo sem dizer nada, tento levantar para retirar o colar, mas ele não deixa. Colocando-me de quatro e enrolando meus cabelos em suas mãos. É a pior posição que existe. Geralmente, ele só me fode assim quando quer me castigar por algo que eu fiz.

Eu solto um suspiro pesado e sinto meus olhos cheios de lágrimas.

─ Faça isso depois que eu gozar.

Eu pressiono os meus olhos com força e o sinto fundo. Dessa vez, sem cuidado, sem carinho e sem qualquer tipo de prazer. Ele desliza suas mãos por minhas nádegas, batendo forte em seguida, arrancando um suspiro de dor dos meus lábios.

Ele quer me castigar.

***

Olho-me no espelho do banheiro após terminar de transar com DR. Meu corpo está cheio de hematomas e minha bunda em carne viva. Mal consigo me sentar. Ele adora marcar o território. Sinto minhas pernas doloridas e todo o meu corpo latejando sem parar. Quando termino de pentear os cabelos, sigo para o quarto e busco a minha roupa para vestir.

DR está sentado na cama sem roupas. Ele desmonta um revólver e o limpa com cuidado. Extremamente focado em sua tarefa. Geralmente, após o sexo, ele se levanta e vai em busca de algo para fazer. Nunca fica ao meu lado e tampouco me deixa encostar nele. Eu gosto de observar as pequenas cicatrizes em seu peito. Queimaduras. Em suas axilas, em seu peitoral e em seu pescoço. Diversas delas. E por um momento fico pensando na vida regressa dele.

Visto-me rápido e coloco o colar no bolso do short.

─ Já posso ir? ─ pergunto baixinho.

─ Você ainda está aqui? ─ ele pergunta sem desviar seus olhos da tarefa. Eu engulo o seco e saio pela porta, sentindo meu coração pequeno pelas constantes humilhações que sofro nas mãos dele.

Após o sexo ele sempre me despreza.

Saio da casa dele e encontro Felipe lá fora. Corro ao encontro dele e o envolvo num abraço apertado. As lágrimas deslizam pelo meu rosto sem parar, e eu choro baixinho no ombro do meu amigo.

─ O que aconteceu? ─ ele pergunta em meu ouvido. Sem desgrudar do abraço. Eu continuo chorando e deixo escapar um soluço.

─ Ele me humilhou.

─ Como sempre, né? Pensei que tivesse se acostumado após esses dois anos ao lado dele.

─ Não ─ desfaço o abraço e limpo algumas lágrimas.

─ Quer que eu te leve para casa? ─ ele pergunta e assinto.

Espero Felipe surgir com a moto e me sento na garupa com certa dificuldade por causa das palmadas que ganhei hoje. Abraço o tronco dele a afundo minha cabeça em suas costas. Pensando em tudo que aconteceu. Pensando que DR quer demonstrar mais, porém, sempre dá para trás.

Felipe deixa-me em casa e beija a minha testa. É final de tarde e o céu está laranja, com algumas nuvens e o sol já se pondo. É um espetáculo lindo.

Mamãe está na igreja. Ela vai todos os dias orar por minha alma. A casa está silenciosa e o único barulho presente é o do meu estômago, que está roncando de fome.

Abro a geladeira, faço um achocolatado e um misto. Transar cansa e sempre me dá muita fome. Então, ligo a televisão e faço o meu lanche em silêncio.

Mas por dentro, minha mente está extremamente barulhenta.

Meu celular toca, e vejo no visor que é Rayane.

Sonhos Roubados [DEGUSTAÇÃO]Onde as histórias ganham vida. Descobre agora